O deputado federal constituinte Hermes Zaneti lança, na quinta-feira (7), a edição ampliada e atualizada do livro O Complô – Como o sistema financeiro e seus agentes políticos sequestraram a economia brasileira, com acesso em e-book gratuito no site da AuditoriaCidadã da Dívida. No mesmo dia estará disponível, no YouTube, também sem custos, o premiado documentário de curta-metragem homônimo dirigido pelo cineasta Luiz Alberto Cassol.
A segunda edição do livro O Complô, que critica a histórica gestão da dívida pública brasileira, tem prefácio do Dr. Ladislau Dowbor, economista e professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), que faz uma detalhada análise sobre os impactos do rentismo no desenvolvimento do Brasil. “Numa economia estagnada, transferir mais recursos públicos para grupos financeiros que reaplicam para obter mais juros, em vez de financiar infraestruturas, por exemplo, o que dinamizaria a economia, constitui uma apropriação indébita de recursos públicos”, diz. O outro prefácio, original da primeira edição, é escrito pelo economista e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB) Dercio Garcia Munhoz.
A nova versão da obra de Zaneti traz ainda uma criteriosa pesquisa feita pelo jornalista e Dr. Carlos Alves Müller. Na prática, uma teoria econômica sobre a dívida pública brasileira. O texto, afirma o pesquisador, visa fornecer aos leitores referências de autores renomados, brasileiros e estrangeiros, “que apoiam a tese de que a dívida pública brasileira tem sido gerida de uma forma que beneficia escandalosamente o Sistema Financeiro e os rentistas, em geral, em detrimento dos mais genuínos interesses nacionais”. Segundo destaca Müller, Zaneti denuncia que esse sequestro, vigente até hoje, foi articulado durante a elaboração da Constituição Federal de 1988.
Filme premiado com acesso gratuito
O documentário O Complô, lançado em 2023, chega ao YouTube depois de uma vitoriosa carreira internacional. O curta-metragem, dirigido por Luiz Alberto Cassol e inspirado no livro de Zaneti, expõe de forma didática os impactos da gestão da dívida pública no cotidiano dos brasileiros.
A obra recebeu cinco importantes premiações no exterior: Twilight Tokyo Film Festival (mostra de fevereiro e março de 2023) para Melhor Documentário e Melhor Roteiro; 5ªtemporada da Singapore International Competition para Melhor Conceito-Argumento; BigBen International Film Festival (mostra de março e abril de 2023), para Melhor Documentário, Melhor Diretor, Melhor Pôster-Cartaz; Cult Jury Film Festival, para Melhor Curta Documentário e Melhor Direção (mostra de março e abril de 2023); e La Dolce Vita CineRoma, para Melhor Documentário (mostra de fevereiro e março de 2023).
O filme será distribuído no canal do seu diretor no YouTube em três arquivos. Um deles tem acessibilidade total, com recursos como Audio descrição, LIBRAS e Legendas para surdos e ensurdecidos (LSE). As duas outras cópias são versões em português com legendas em inglês; e em inglês com legendas em português. O filme foi viabilizado com recursos de dezenas de entidades do movimento social organizado e pessoas físicas, a partir de campanha de financiamento coletivo.
De acordo com Cassol, o curta-metragem demonstra, de forma clara e objetiva, mas muito bem documentada, que o modelo de gestão das finanças públicas tem precarizado os serviços públicos, o emprego e a renda dos brasileiros. “É fundamental entender como o sistema financeiro e a dívida pública funcionam e como o rentismo sufoca a sociedade em todas as áreas. O filme traz todas essas questões e busca um diálogo direto com quem o assiste”;, afirma o cineasta.
Novas gerações precisam estar no debate
Para Zaneti, os dois lançamentos revigoram um debate que ele tem mantido vivo desde 1988.“O povo costuma achar que a dívida pública é um problema do governo. Não é verdade. Adívida pública é um problema nosso. É um problema de cada dia. E, no Brasil, em que a cargatributária é muito alta, uma das razões é porque o governo destina quase a metade do quearrecada em impostos ao pagamento de juros e encargos da dívida pública”, diz o deputadoconstituinte. Segundo ele, a acessibilidade ao filme e à nova edição do livro democratizam asdiscussões sobre a gestão da dívida pública.
“Em 2023, a Constituição de 1988 completou 35 anos, quando defendi a aprovação de um exame analítico e pericial dos atos e fatos constitutivos da dívida pública. Até hoje isso não foi revisado, não foi analisado, não foi esclarecido. A dívida pública é uma caixa preta: o povo que paga a conta não sabe que está pagando e não sabe para quem foram destinados esses recursos”, lamenta Zaneti. “Agora, com o filme e o livro, estamos dando condições para que as novas gerações compreendam e participem desse debate fundamental”.