Você já se sentiu tomada por tristeza profunda, desesperança, crises de choro ou variações bruscas de humor no período pré-menstrual? Esses sintomas podem ser mais do que apenas oscilações normais do ciclo menstrual.
Estamos falando do TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual), uma condição que afeta significativamente a saúde física, mental e sexual de muitas mulheres. Hoje, vamos explorar o que é o TDPM, seus impactos e por que é fundamental tratá-lo com seriedade.
Mas afinal, o que é o TDPM?
O (TDPM) Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é uma forma mais severa da famosa tensão pré-menstrual (TPM), que ocorre nos dias que antecedem a menstruação. Diferente da TPM, o TDPM provoca prejuízos significativos na capacidade de trabalhar, manter relacionamentos e cuidar de si mesma.
Entre os sintomas mais comuns, estão a vontade de se isolar, a alta irritabilidade e uma tristeza persistente. Estudos indicam que entre 3% e 11% das mulheres são afetadas por essa condição.
Para expandir seu conhecimento, é importante destacar que os sintomas do TDPM podem ser classificados em três categorias principais:
Sintomas emocionais: depressão, irritabilidade, ansiedade intensa, crises de choro e uma profunda sensação de desesperança. Sintomas físicos: dor nos seios, fadiga extrema, mudanças no apetite, insônia ou, em alguns casos, sono excessivo. Sintomas comportamentais: dificuldade de concentração, perda de interesse por atividades diárias e uma tendência ao isolamento social.
É importante lembrar que esses sintomas impactam significativamente a vida social, o trabalho e as relações interpessoais. Por isso, a discussão sobre o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) se insere no debate mais amplo sobre a saúde mental e sexual das mulheres por três razões principais.
O TDPM ressalta a necessidade de dar mais atenção às questões de saúde das mulheres, que frequentemente são subestimadas ou mal compreendidas. Historicamente, distúrbios relacionados à menstruação foram ignorados ou tratados como exageros, levando à visão de que as mulheres seriam “emocionalmente instáveis” devido ao ciclo menstrual.
Incluir o TDPM no debate sobre saúde mental ajuda a combater esse estigma e promove uma compreensão científica mais precisa e cuidadosa dessa condição. Além disso, há um histórico de silenciamento das questões femininas no campo da saúde, o que faz com que muitas mulheres se sintam desconfortáveis em falar sobre seus sintomas ou em buscar ajuda.
Esse silêncio se estende a outros aspectos da saúde sexual e mental das mulheres, perpetuando a falta de discussão e apoio. Os sintomas emocionais severos do TDPM podem ser confundidos com crises de depressão e ansiedade, o que destaca o quanto o ciclo hormonal influencia a saúde mental das mulheres.
Muitas que sofrem de TDPM experimentam um prejuízo significativo da qualidade de vida, reforçando a importância de tratar o bem-estar mental como prioridade de saúde pública.
É importante compreender que, diferente da depressão, cujos sintomas persistem por semanas seguidas, o TDPM é cíclico: os sintomas aparecem nos dias que antecedem a menstruação e geralmente desaparecem logo após o início do ciclo.
O TDPM também afeta diretamente a saúde sexual das mulheres, pois os sintomas físicos e emocionais podem influenciar o desejo sexual, a libido e a dinâmica dos relacionamentos íntimos.
Em meus atendimentos clínicos e no portal Sexo Sem Dúvida, atendo muitas mulheres que sofrem de TDPM e relatam uma diminuição no interesse sexual, irritabilidade com a parceria e dificuldades em se conectar emocionalmente durante o período pré-menstrual.
Com essa reflexão, percebemos que o TDPM não é uma questão isolada, mas parte de uma discussão mais ampla sobre a saúde integral das mulheres. Essa condição abre diálogos importantes sobre a forma como as questões hormonais e sexuais são tratadas, desafiando estigmas e destacando a importância de garantir que as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde mental e sexual adequados e respeitosos.
Não é frescura! Evidências e estudos mostram que milhares de mulheres em idade reprodutiva sofrem com sintomas emocionais, cognitivos e físicos relacionados ao ciclo menstrual.
É essencial acolher essas mulheres e promover a discussão sobre os tratamentos disponíveis, que incluem desde abordagens farmacológicas (antidepressivos, anticoncepcionais hormonais, analgésicos) até o acompanhamento psicoterápico, além de mudanças no estilo de vida, alimentação saudável e exercícios físicos que beneficiam o bem-estar físico e mental.
Por isso, convido você a refletir sobre a importância da conscientização do TDPM. Falar sobre essa condição é fundamental para que mais mulheres busquem ajuda, recebam o apoio necessário e possam gerenciar sua saúde reprodutiva e mental com dignidade, inserindo esse tema no debate mais amplo sobre a saúde mental e sexual das mulheres. Vamos juntas!