Guerras, bombas nucleares, megatsunami: é comum tragédias como essas vir à mente quando se pensa em qual foi o dia mais mortal na história da humanidade. A data, no entanto, foi provocada por um terremoto que desencadeou vários desastres em Shaanxi, na China, no dia 23 de janeiro de 1556.
Estima-se que 830 mil pessoas morreram após a tragédia, sendo cerca de 300 mil mortes em questão de minutos. A maioria dos feridos morreu poucas horas ou dias depois, enquanto o restante morreu devido à fome e aos surtos epidêmicos que surgiram.
A título de comparação, 750 pessoas morreram na Guerra Civil Americana ao longo de quatro anos, conflito considerado um dos mais sangrentos dos Estados Unidos.
Além disso, a população do planeta não atingia nem 500 milhões de habitantes naquela época.
O que aconteceu no dia mais mortal da história?
A civilização de Shaanxi, na China, é uma das mais antigas do mundo, com escrituras que datam de 1250 a.C. Localizada no vale do rio Amarelo, a região foi habitada pelo Homo erectus, antepassado do Homo sapiens, cerca de 550 mil a 300 mil anos antes de Cristo.
Shaanxi foi um importante centro político, econômico e cultural da China Imperial e foi uma região estratégica durante a Dinastia Qin (221-206 a.C.), quando a China pela primeira vez.
No entanto, toda a história e relevância da região não foram páreas para a natureza. O terremoto teve uma magnitude estimada entre 8 e 8,3 na escala Richter.
O tremor foi tão forte que poucos segundos foram suficientes para deixar um rastro de destruição e provocar o dia mais mortal da história. A devastação se arrastrou por até 400 quilômetros a partir de seu epicentro, perto de Huaxian, no Vale do Rio Weihe.
Dos 26 tremores descritos em registros oficiais da China, todos tiveram a bacia do Rio Weihe como o ponto de partida. O terremoto fez com que o curso d’água transbordasse e provocasse inundações.
Após o tremor, muitas construções, como casas, templos e pagodes (templo budista), desabaram, causando mais mortes e ferimentos. O terremoto também provocou deslizamentos de terra e desmoronamentos de encostas.
As tragédias foram mortais principalmente para a população mais pobre, que morava em casas esculpidas diretamente nas encostas de montanhas de calcário, arquitetura conhecida como Yaodongs.
Como a cidade era muito populosa, as pessoas aproveitavam a própria estrutura da rocha para criar ambientes internos. Quando o tremor chegou, todas essas moradias desabaram.
As coisas não melhoraram no decorrer dos meses. Com a destruição de lavouras e infraestrutura, a região enfrentou escassez de alimentos e surtos de doenças.
O resultado foi uma migração em massa, muitas pessoas tiveram de deixar a região em busca de segurança e recursos. Além disso, vários artefatos históricos foram totalmente destruídos ou perdidos durante o desastre.