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Trump reeleito: o que mudará para imigrantes?

O Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos americanos em 2023Brett Sayles/Pexels

Com a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos para seu segundo mandato, medidas migratórias mais rígidas devem ser implementadas no controle de fronteira, embora sejam esperadas ações do governo para atrair mão de obra internacional.

Dados mais recentes do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) dos EUA revelam uma escassez de mão de obra no país. Enquanto há 7,4 milhões de vagas abertas nas empresas estadunidenses, há somente 7 milhões de desempregados.

A análise é do especialista em mobilidade global Rodrigo Costa, CEO da Viva América, assessoria imigratória para os EUA. “Com a eleição de Trump e o controle republicano no Senado garantido, dificilmente teremos mudanças estruturais no sistema imigratório americano, que teve sua última atualização no início da década de 1990. No entanto, o Poder Executivo, agora chefiado por Trump, tem certa discricionariedade em definir medidas relacionadas ao controle de fronteira e à atuação das agências de imigração”, explica Costa, que vive nos EUA há 10 anos.

Promessas de Trump

Durante sua campanha, Trump declarou que pretende realizar a maior deportação já vista pelos EUA, expulsando do país os imigrantes em situação ilegal. Segundo o Pew Research Center, 11 milhões de imigrantes vivem em solo americano sem autorização – são os chamados indocumentados.

“Ao mesmo tempo, Trump defendeu que estrangeiros graduados em universidades americanas tenham direito ao green card”, diz Costa, em referência ao documento de residência permanente. 

O papel da imigração da vitória de Trump

Tradicionalmente, o Partido Republicano defende políticas de imigração mais restritivas, enfatizando a segurança nacional e a proteção das fronteiras. Essa postura busca limitar tanto a imigração legal quanto a ilegal, visando preservar empregos para cidadãos americanos e manter a segurança interna.

Trump, porém, elevou esse discurso em alguns tons, defendendo até mesmo, durante sua primeira campanha em 2016, a criação de um muro na fronteira com o México, principal ponto de entrada dos imigrantes indocumentados. Em 2023, segundo dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos EUA (CBP), foram registrados mais de três milhões de flagrantes de pessoas tentando atravessar a fronteira americana.

“A maioria tenta pedir asilo, um benefício imigratório que, embora garantido na legislação americana, pode ser grandemente dificultado por quem está no comando do Executivo”, observa Costa.

Impacto para os brasileiros

De acordo com um estudo da Viva América, O Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos americanos em 2023: foram 1,158 milhão de autorizações concedidas, alta de 42% em relação ao volume do ano anterior. Apenas México (2,5 milhões) e Índia (1,4 milhão) registraram mais emissões. A maioria dos vistos é temporário, como os de turismo, mas o fluxo de imigração também tem se intensificado.

Em 2023, 28.050 cidadãos do Brasil receberam o green card, o maior volume da história, com uma alta de 16% em relação às 24.169 emissões de 2022. Os dados são de um levantamento da AG Immigration com base em dados oficiais do Departamento de Segurança Interna (DHS) americano. O Brasil foi o 10º país que mais teve cidadãos se mudando permanentemente para os EUA.

Já a quantidade de brasileiros que obtiveram a cidadania americana também atingiu patamares elevados. Ao todo, foram 12.570 naturalizações em 2023, leve queda de 4,7% sobre as 13.203 do ano anterior. Ainda assim, é o segundo maior registro histórico.

De acordo com Rodrigo Costa, a eleição de Trump não deve afetar o desejo dos brasileiros em migrar para os EUA, nem dificultar o acesso deles ao “sonho americano”. “Para quem busca a via legal, não haverá impacto. Apenas para quem migra ilegalmente é que se pode esperar desafios maiores, porque Trump deve reforçar o controle de fronteira, aumentar o orçamento das autoridades fronteiriças e acabar com alguns decretos de Biden que organizavam os pedidos de asilo”, afirma.

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