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Em Dourados, Ecossistemas de Inovação debatem desenvolvimento urbano


Com o apoio do Sebrae/MS, Semadesc e UFGD encontro contou com a participação do antropólogo colombiano, referência em política social e inovação, Santiago Uribe. Para a troca de experiências, nessa quarta-feira (9), representantes dos Ecossistemas de Inovação de Mato Grosso do Sul dialogaram sobre desenvolvimento urbano com o antropólogo colombiano Santiago Uribe Rocha, considerado uma das principais referências em políticas sociais, sendo porta-voz de uma das experiências mais bem-sucedidas da América Latina em inovação: o processo de transformação realizado nos últimos 30 anos em Medellín, na Colômbia.
Realizado pelo Sebrae/MS e Governo do Estado, via Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), com o apoio do Ecossistema de Inovação de Dourados, o encontro dos Ecossistemas de Inovação de Mato Grosso do Sul integrou a programação do V Workshop de Pesquisa e Extensão e do VII Simpósio de Administração e Economia, organizado pela Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). De segunda-feira (7) a quarta-feira (9), o evento reuniu cerca de 270 participantes.
No último dia de programação, o Encontro dos Ecossistemas de Inovação de MS reuniu representantes de instituições de Dourados, Fátima do Sul, Campo Grande, Miranda, Aquidauana e Ponta Porã e o secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc e conselheiro do Sebrae/MS, Ricardo Senna. Juntamente com Santiago Uribe, também participou do diálogo a doutora em administração e professora adjunta da Faculdade Sebrae, Samara de Carvalho Pedro, que tem atuado com pesquisas nas áreas de sustentabilidade, inovação e comportamento pré-ambiental.
Segundo o secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, o trabalho conjunto com o Sebrae, por meio do convênio MS Inova Mais, tem fortalecido os 11 Ecossistemas de Inovação presentes no Estado. Por reconhecer o papel estratégico que os grupos desempenham perante a governança, articulando os principais atores para a promoção da inovação, é que o diálogo e a troca de experiências com especialistas são estimulados.
“O antropólogo Santiago Uribe, é uma lenda na área de inovação, pelo processo de transformação em Medellín, na Colômbia. Ouvir essa experiência e se atualizar com o que ele trouxe para nós enquanto referência internacional no assunto veio ao encontro do que queremos expandir na área de economia criativa do Estado, na valorização da cultura e do território e no estímulo ao envolvimento dos jovens com a inovação desde dentro das escolas até às universidades”, observou Ricardo Senna.
Representantes dos Ecossistemas de Inovação de Mato Grosso do Sul dialogaram sobre desenvolvimento urbano com o antropólogo colombiano Santiago Uribe Rocha.
Assessoria
De acordo com a gerente da Regional Sul do Sebrae/MS, Vanessa Pereira Reis, a instituição tem apoiado a atuação do Ecossistema e encontros como esse permitem a integração da academia com o mercado, trazendo novas possibilidades para os pequenos negócios. “Somos uma instituição que oferece acesso ao conhecimento e promove conexões. Dessa forma, temos trabalhado para incluir o pequeno negócio no cenário de inovação, apoiando os pequenos empreendedores para que tenham acesso à novas tecnologias, produtos e melhoramento de processos capazes de trazer melhorias e aumentar a competitividade dos negócios e, para isso, o diálogo é fundamental”, expôs Vanessa.
Segundo a organizadora do evento, a professora Jane Correia Alves Mendonça, representante da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) no Ecossistema de Inovação do município, é fundamental promover a integração entre os atores. “Eventos como este são muito importantes pela conexão que promovem entre os integrantes do Ecossistema de Local de Inovação, aproximando empresas, academia, startups e também articulando o poder público que gere as cidades. Tudo que aprendemos juntos hoje vai nos estimular a trabalharmos ainda mais para colocar essa perspectiva nova em prática”, complementou.
Para a representante do Ecossistema Local de Inovação em Aquidauana, criado há três meses, o mais importante do encontro foi a troca de experiências. “Por sermos o ecossistema mais novo de Mato Grosso do Sul, viemos aprender com Dourados, trocar ideias e saber o que deu certo para aplicar em nosso território. Vamos aproveitar também o conceito das oito hélices trazido por Santiago Uribe, pois temos grande potencial de inovação com a economia criativa de nossas aldeias indígenas e cultura pantaneira”, afirmou Adriana.
Já Paloma Mariano da Silva, coordenadora de controle agrícola da Mossmann Assessoria e Consultoria Aeroagrícola, participou do encontro por acreditar na relevância do trabalho em grupo em prol da inovação. “A inovação é o foco da Mossmann, e a sustentabilidade é uma prioridade. Atuamos na regulamentação de empresas e no treinamento de profissionais para minimizar riscos ambientais, como o consumo de água. Participar do ecossistema nos permite atuar em conjunto com a sociedade em busca de crescimento sustentável”, destacou Paloma.

Modelo de inovação e desenvolvimento urbano
Também na quarta-feira (9), os dois especialistas convidados para o encontro ministraram palestras como parte da programação do evento. Santiago Uribe abordou o tema “Cidades inovadoras e práticas sustentáveis: Organizações como agentes de desenvolvimento” e Samara de Carvalho falou sobre a “Sustentabilidade das empresas em tempos de inteligência artificial” em um painel mediado por Ricardo Senna.
O que mais chamou a atenção dos participantes na palestra de Uribe foi a apresentação de um modelo de inovação de oito hélices, ampliando o vigente que considera apenas quatro – universidades, empresários, sociedade civil organizada e governo. Como um entendimento recente, o novo modelo foi construído há aproximadamente três meses em Medellín, inclusive, com contribuições brasileiras sobre a oitava hélice.
Segundo Uribe, estão entre as novas hélices a natureza/território, a cultura e identidade, e jovens e idosos. “A natureza não apenas recebe nossas ações, ela nos indica como devemos agir no território. Já a cultura e identidade são essenciais para a inovação, pois refletem a forma como as pessoas atuam e se expressam. Também é crucial envolver os jovens no planejamento e valorizar a sabedoria dos idosos, criando um diálogo intergeracional que evite os erros do passado”, afirmou Santiago Uribe.
Como parte da equipe de transformação que trabalhou nos últimos 30 anos para levar Medellín, na Colômbia, a deixar de ser uma das cidades mais violentas do mundo para se tornar referência em inovação, Uribe mencionou diversos exemplos de conquistas alcançadas tendo as pessoas e a infraestrutura como principal foco da inovação.
“Quando falamos em inovação, pensamos em tecnologia, mas as pessoas são os principais agentes. Ouvir os moradores e colocá-los como centro das ações, como no orçamento participativo de Porto Alegre nos anos 90, nos orienta pela inteligência coletiva e incentiva a participação cidadã. O método envolve sujeitos, objetos, espaços, processos e narrativa, com a tecnologia surgindo para apoiar a inovação no território, respeitando sua identidade”, destacou o especialista.

Economia regenerativa e inteligência artificial
Outro tema abordado durante o evento foi a economia regenerativa como um modelo econômico que vai além da sustentabilidade. Durante o evento, o assunto foi trabalhado pela doutora em Administração, Samara de Carvalho. A especialista conta que o discurso das grandes corporações tem sido alterado para esse novo conceito com o foco em restaurar, renovar e revitalizar os sistemas naturais e sociais.
“Precisamos rever o que consideramos como resíduo, porque muito do que é descartado pode ser matéria-prima. Em vez de apenas minimizar o impacto ambiental, as empresas estão buscando, através da economia regenerativa, criar um impacto positivo, promovendo práticas que restauram ecossistemas degradados, aumentam a biodiversidade e regeneram os recursos naturais.”, ressaltou a palestrante.
Mais uma tendência seria a integração entre comunidades e ecossistemas, considerando a interdependência entre seres vivos e meio ambiente. Essa integração viria a contribuir para um envolvimento mais profundo entre os envolvidos, incentivando práticas de gestão participativa, apoio ao desenvolvimento local e fortalecimento dos vínculos com a natureza.
A palestra destacou o uso da inteligência artificial como uma aliada para práticas sustentáveis. “A IA já é uma realidade no monitoramento ambiental, rastreando e prevendo padrões de poluição e consumo de recursos, além de melhorar a eficiência energética e evitar desperdícios. Para pequenas empresas, o foco seria otimizar processos, automatizar tarefas, monitorar e realizar manutenção preditiva, aplicando esses recursos tanto em grandes quanto em pequenas empresas”, explicou Samara.
Outras informações sobre as iniciativas do Sebrae voltadas para inovação podem ser obtidas por meio da Central de Relacionamento, no número 0800 570 0800.

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