Polícia Federal investiga o caso. Esta não é a primeira vez que deputada é alvo de ameaças, que passou por situações semelhantes em 2020 e em 2022. Deputada Carol Dartora
Mário Agra/Câmara dos Deputados
A deputada federal pelo Paraná Carol Dartora (PT-PR) vem recebendo e-mails com ameaças de morte, mensagens de ódio e ataques racistas. Ela denunciou a situação à Polícia Federal e a relatou por meio das redes sociais na última sexta-feira (1º).
Conforme a deputada, a Polícia Federal investiga o caso. Procurada pelo g1, a PF informou que não se manifesta sobre investigações em curso.
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Segundo Dartora, as ameaças começaram no dia 14 de outubro deste ano. Desde então, foram 43 e-mails com este tipo de conteúdo.
Em um deles, compartilhado por Dartora nas redes sociais, a pessoa agressora diz que vai derramar gasolina sobre o corpo da deputada e colocar fogo nela. Além disso, se refere à deputada como “macaca”.
Conforme Dartora, a situação tem afetado a saúde e também o dia a dia dela como profissional.
“Estou em um ponto em que sinto que isso está afetando minha saúde. O medo tem me paralisado, ao ponto de que sair de casa se torna um desafio e me sinto constantemente em alerta, com receio de desconhecidos. Como deputada federal, meu trabalho exige presença pública, pensamento estratégico e soluções para enfrentar o racismo estrutural no Brasil, mas, diante dessa violência, tudo se torna extremamente difícil”, conta.
Dartora enviou cópias das mensagens para a Polícia Federal, para a Polícia Legislativa do Congresso e para o Ministério Público Federal. Ela pediu também proteção pessoal.
Segundo a deputada, os ataques, que considera políticos, não afetam apenas ela, mas também as pessoas próximas a ela.
“Essa violência não me atinge sozinha; ela abala a paz dos que estão ao meu lado, daqueles que me amam, meus amigos e familiares, que vivem diariamente com o coração apertado, temendo pelo que pode me acontecer. Essa violência política é cruel, insuportável – e me adoece”, desabafou.
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Situação que se repete
Esta não é a primeira vez que a política é alvo de ameaças. Ela, que foi a primeira vereadora negra eleita em Curitiba, passou por situações semelhantes em 2020 e em 2022.
A investigação que apura o caso de racismo nas redes sociais, registrado em 2020, ainda está em fase de inquérito para identificar todos os envolvidos.
Já as ameaças de morte registradas em 2022 foram investigadas pela Polícia Federal, que conseguiu rastrear o local de onde veio a ameaça, mas não identificou o autor, conforme a deputada.
Dartora afirma que a violência da qual é vítima é também uma agressão contra o estado democrático e a liberdade de expressão e existência.
“A violência que enfrento é também uma violência contra a democracia, contra o direito de cada brasileira e brasileiro a um Brasil onde todos possam se expressar livremente, sem medo. Quando uma representante eleita é ameaçada pela cor de sua pele, pelo seu gênero, pela coragem de defender o que é justo, todos nós perdemos. Esse é um ataque ao sonho de uma sociedade onde ninguém precisa se esconder ou temer pela própria segurança”, diz.
O crime de racismo ou injúria tem pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa. Além disso, não é passível de fiança e é imprescritível. Já o crime de ameaça tem pena de um a seis meses de detenção, ou multa.
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