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Lei que facilita trâmite para mudança de gênero entra em vigor na Alemanha

Manifestação a favor dos direitos da comunidade LGTBI em Pirna, no leste da Alemanha, em 13 de julho de 2024JENS SCHLUETER

JENS SCHLUETER

Uma lei que facilita os trâmites para mudança de gênero entrou em vigor nesta sexta-feira (1º) na Alemanha e foi recebida com alívio pela comunidade LGTBI+, após uma dura batalha do governo do chanceler social-democrata Olaf Scholz para tirá-la do papel.

A Alemanha soma-se, assim, ao grupo de países com uma legislação liberal nesse campo: uma dezena na Europa, incluindo a precursora Dinamarca, além de Bélgica, Suíça e a Espanha desde o ano passado.

“Estou muito feliz, porque é um dia histórico para o reconhecimento da diversidade sexual e para o reconhecimento dos direitos do ser humano e das pessoas transgênero e não binárias na Alemanha”, declarou à AFP a ecologista Nyke Slawik, uma das duas deputadas trans no Parlamento alemão. Basta, agora, um trâmite administrativo.

A “lei sobre a autodeterminação” permite às pessoas que quiserem trocar de nome e gênero fazer um pedido ao escritório do registro civil local e torná-lo oficial voltando três meses depois. Elas podem escolher entre quatro possibilidades: feminino, masculino, diverso ou “sem menção de gênero”.

As pré-inscrições foram abertas em 1º de agosto. Cerca de 15.000 pessoas já estão inscritas, segundo a revista Der Spiegel.

– ‘Avaliações degradantes’ –

O novo texto substitui uma legislação de 1981, que previa um processo longo e custoso, no qual os candidatos precisavam de dois boletins psicológicos sobre sua sexualidade. No final, um juiz acatava ou negava a solicitação.

O Tribunal Constitucional já havia abolido parcialmente essa lei e, nos anos 2010, anulou a obrigação de esterilização e intervenção cirúrgica prévias à mudança de gênero.

“Depois de mais de 40 anos, a chamada lei sobre os transsexuais, sinônimo de avaliações degradantes, de violações dos direitos fundamentais, é abolida”, comemorou a Associação alemã de Defesa dos Direitos das Pessoas Transgênero (BVT).

O novo texto também esclarece o caso dos menores: antes dos 14 anos, somente os pais ou tutores poderão dar início ao trâmite, e, a partir dessa idade, os próprios poderão iniciá-los, ainda que com o consentimento dos pais até a maioridade.

Eles também terão que apresentar uma declaração na qual indiquem que pediram a opinião de um psicológico ou de um serviço de proteção da juventude, e não serão autorizados a realizar nenhuma outra mudança durante um ano.

– ‘Projeto ideológico’ –

Em pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo instituto YouGov, 47% dos alemães se declararam totalmente ou em boa parte favoráveis à nova lei, contra 37% que a repudiaram. Mas, no campo político, continuam as críticas, alimentadas pela direita e extrema direita.

Na quarta-feira, a deputada Dorothee Bar, do partido conservador bávaro CSU, acusou o governo Scholz – uma coalizão entre social-democratas, verdes e liberais do FDP – de ter criado um “projeto ideológico” e permissivo demais.

Organizações de defesa dos direitos das mulheres temem que homens predadores abusem das novas normas para terem acesso a espaços reservados a mulheres e meninas, como vestiários e saunas.

Uma centena de pessoas contrárias à nova lei se manifestaram nesta sexta-feira em Berlim. Esse tipo de receio “está muito expandido”, mas não se justifica perante a nova lei, afirmou a deputada Nyke Slawik.

Por um lado, os estabelecimentos afetados continuarão fixando suas próprias normas de acesso, embora as associações transgênero o considerem discriminatório. Além disso, a aplicação de leis similares em outros países “não provocou um aumento das agressões contra as mulheres”, acrescentou Nyke, lamentando que os conservadores tendam a “criar um clima de medo e preconceito contra as minorias para tirar proveito” político.

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