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Três meses após tragédia no Rio Piracicaba, polícia inicia operação para proteger período reprodutivo de peixes; entenda o que é proibido


Piracema terá início na próxima sexta-feira (1º), mas policiais militares ambientais já realizam fiscalizações para dar orientações a pescadores.
Piracema: PM Ambiental faz operação para orientar pescadores
A região de Piracicaba (SP) chega nesta semana ao primeiro período de Piracema após a tragédia ambiental que matou cerca de 235 mil peixes no Rio Piracicaba, em julho. Com isso, a Polícia Militar Ambiental iniciou a operação pré-Piracema, na qual orienta pescadores e outras pessoas sobre o que pode e o que não pode nesta época.
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A Piracema é o período mais importante para a reprodução dos peixes. É quando eles se deslocam até as nascentes para desovar. De acordo com os especialistas, ela é fundamental para garantir a continuidade das espécies.
A proibição da pesca começa na próxima sexta-feira (1º) e vai até 28 de fevereiro no Estado de São Paulo. No período, a Polícia Militar Ambiental intensifica as atividades de fiscalização, percorrendo vários trechos do Rio Piracicaba em embarcações.
“A Polícia Militar Ambiental está desempenhando uma operação que é a pré-Piracema. Ela vai ter a duração de uma semana, justamente com o objetivo de fazer com que esses pescadores se atentem de fato e respeitem esse período para a gente conseguir garantir a reprodução das espécies”, explica Raphael de Oliveira Laurindo, tenente da Polícia Militar Ambiental.
Policiais militares ambientais se preparam para fiscaliza pesca irregular
Gustavo Nolasco/ EPTV
O que não pode?
Nos próximos meses, fica proibida a pesca na região para todas as categorias e modalidades nas lagoas marginais.
A menos de 500 metros de rios, canais e tubulações de esgoto e até 1,5 mil metros das barragens de reservatórios de hidrelétricas e de cachoeiras e corredeiras também é proibida a captura, transporte e o armazenamento de espécies nativas, inclusive as utilizadas para fins ornamentais.
São vetadas, ainda, competições de pesca.
Flagrantes
Durante a fiscalização, na tarde desta terça-feira (29), um ponto de pesca foi encontrado.
“Parece que aqui no local o pessoal estava realizando a pesca, tem até uma pequena fogueira ali. A gente vai parar para verificar se tem algum ilícito e também para apagar ali antes que gere um incêndio e atrapalhe mais a vegetação”, explicou o tenente.
Também foi localizada uma rede irregular presa a um tronco no meio do rio. Ela foi retirada e apreendida.
Polícia Ambiental realiza operação pré-Piracema para orientar os pescadores
Gustavo Nolasco/ EPTV
Mas o flagrante mais grave foi registrado no último domingo (27). Dois homens foram vistos pescando com rede no salto do Rio Piracicaba, o que é proibido mesmo fora do período da Piracema. O valor mínimo de multa em caso de descumprimento das regras é de R$ 700.
“É importante lembrar, também, que a fiscalização da Polícia Militar Ambiental não se restringe somente aos pescadores, mas também às fontes de consumo, que são as peixarias que fazem a venda desses produtos”.
O que é permitido?
Segundo a corporação, neste período, só é permitida a pesca em rios na modalidade desembarcada e utilizando linha de mão ou vara nas áreas não consideradas proibidas.
As restrições de pesca não se aplicam aos “pesque e pague” registrados no Ibama.
Durante a operação, agentes percorrem vários trechos do Rio Piracicaba em embarcações
Gustavo Nolasco/ EPTV
Respeitar para ter recuperação, alerta especialista
Professor de Piscicultura da Esalq/USP, Brunno da Silva Cerozi destaca que respeitar o período da Piracema é o que pode garantir a volta a normalidade no Rio Piracicaba.
“Importante lembrar que esse é um período único no ano, então, se a gente perder esse período agora, só daqui a um ano que isso aqui vai acontecer novamente. Então, cada ano que é perdido, cada ano que a população acaba afetando esse evento que é anual, é um ano a mais que o nosso rio vai levar para se recuperar”, alerta o docente.
A população de várias espécies ainda sofre os impactos da maior mortandade de peixes já registrada no Rio Piracicaba, que chegou até a área de proteção ambiental (APA) do Tanquã, matando centenas de milhares de peixes em um trecho de 700 quilômetros, em julho.
Mortandade de peixes na APA do Tanquã, em Piracicaba
Rodrigo Pereira/ g1
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou que a causa da mortandade foi o despejo de poluentes lançados no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba, pela Usina São José de Rio das Pedras. A empresa foi multada em R$ 18 milhões e argumentou que não foi comprovada sua responsabilidade.
Como recuperar tudo o que se perdeu pode demorar até nove anos, o momento da Piracema é fundamental, segundo Brunno.
“O importante é que todos estejam vigilantes, que a comunidade esteja ativa para estar atenta à necessidade que o rio precisa para se curar, se recuperar dessas cicatrizes que ainda estão aí à tona devido a uma catástrofe tão recente que nós passamos”, acrescenta o professor.
As denúncias podem ser feitas pelo telefone 190.
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