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Motorista que atropelou e matou PM após publicar vídeo bebendo cerveja consegue alvará de soltura


Condutor sem habilitação foi detido por embriaguez ao volante e homicídio culposo na direção de veículo automotor. Ele atropelou Bruna Magalhães Jurasky, de 36 anos, em São Vicente (SP). Bruna Magalhães Jurasky (à esquerda) e Ruan Malavazi Gois (à direita).
Reprodução/Redes Sociais
A Justiça de São Vicente, no litoral de São Paulo, expediu um alvará de soltura para o motorista Ruan Malavazi Gois, de 32 anos, que publicou um vídeo consumindo bebida alcoólica horas antes de atropelar e matar a soldado da PM Bruna Magalhães Jurasky, de 36 anos. Segundo o documento da decisão, obtido pelo g1, o acusado continuará sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
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Bruna pilotava uma motocicleta e seguia rumo ao trabalho, em Cubatão (SP), no dia 17 de agosto. Ela foi atingida pelo carro conduzido por Ruan na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em São Vicente. A vítima foi socorrida ao Pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu naquele mesmo dia.
O motorista, que não tem habilitação, bateu na vítima ao invadir a pista na contramão na altura do km 286. Ruan foi detido por embriaguez ao volante e homicídio culposo [quando não há intenção de matar]. Ele foi levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) da cidade.
O advogado Fabio Hypolitto, responsável pela defesa de Ruan, explicou ao g1 que pediu a mudança da medida cautelar com a justificativa de que o caso foi registrado como homicídio culposo e a prisão preventiva não deve ser aplicada quando o acusado não teve a intenção de matar.
Ruan Malavazi Gois estava em comemoração com grupo horas antes do atropelamento
Redes sociais
A decisão da 2ª Vara Criminal da cidade acatou a solicitação da defesa. Conforme apurado pela equipe de reportagem, um alvará de soltura foi expedido no sábado (7) e enviado para a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) libertar Ruan.
O acusado, no entanto, continuará respondendo ao processo e terá que seguir algumas medidas cautelares com o uso da tornozeleira eletrônica. Entre elas, Ruan está proibido de sair da cidade, frequentar locais que servem bebidas alcoólicas e obter Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Na mesma decisão, a Justiça pediu uma alteração na denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP) após um pedido do próprio órgão. Esta mudança consiste em acrescentar que a Polícia Militar (PM) constatou que Ruan apresentava sinais de embriaguez, como odor etílico e olhos avermelhados.
O g1 entrou em contato com a SAP para mais informações sobre o cumprimento do alvará de soltura, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Versão do motorista
Vídeo mostra motorista que atropelou soldado bebendo com amigos horas antes do crime
De acordo com o boletim de ocorrência, Ruan apresentava sinais de embriaguez, no entanto, se recusou a fazer o teste do bafômetro.
Em interrogatório na delegacia, ainda segundo o BO, o motorista informou que estava saindo da casa de uma namorada, no bairro Jardim Rio Branco. Ele alegou que a neblina fez com que entrasse na pista errada da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e colidisse de frente com a motocicleta da vítima.
Ruan confirmou não ser habilitado, mas disse que prestou todo o socorro à vítima e não estava alcoolizado. No entanto, conforme relatado no registro policial, o indiciado não prestou apoio à Bruna, tendo em vista que não foi ele quem acionou o 190 para informar sobre o acidente.
O artigo 301 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que um condutor que prestar socorro imediato e completo à vítima de um acidente não pode ser detido em flagrante e nem ser exigido a pagar fiança. Mas, diante dos fatos, a prisão em flagrante foi decretada pela Polícia Civil, sendo convertida à preventiva pelo Poder Judiciário.
Vídeo
Horas antes do acidente, o motorista que invadiu a pista contrária e atropelou a soldado publicou um vídeo enchendo um copo, diante de uma mesa com diversas garrafas de bebidas alcoólicas (assista acima).
Atrás do motorista, uma mulher aparece com duas crianças, além de outros três homens. Ruan estava bebendo em frente ao mesmo carro que dirigia quando atropelou a vítima. Com base nas informações divulgadas pelo homem nas redes sociais, ele é natural de São Paulo e morava na capital paulista.
Soldado da PM morre após ser atingida por homem embriagado, sem habilitação e que estava na contramão
PM/Divulgação
Policial militar
O g1 apurou que Bruna atuava na 4ª Cia do 21° Batalhão de Polícia Militar do Interior e estava de folga naquele dia, mas decidiu fazer jornada extra. Depois da colisão frontal, a vítima foi socorrida ao Pronto-socorro de Cubatão, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
A Polícia Militar lamentou a morte da soldado e prestou condolências à família, aos amigos e colegas de trabalho, bem como à comunidade policial militar. A agente deixou o marido e dois filhos pequenos.
O velório e sepultamento de Bruna foram realizados em 18 de setembro.
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