Nas fêmeas, o comprimido age nos ovários para que não se produzam óvulos. Nos machos, inibe a produção de espermatozoides. NY avaliar usar ‘pílula anticoncepcional’ contra a praga dos ratos
Nos Estados Unidos, autoridades de Nova York estão analisando a possibilidade de recorrer a uma pílula anticoncepcional para combater uma praga urbana: a cidade está infestada de ratos.
A homenagem no Central Park é em memória de Flaco, a coruja que fugiu do zoológico e morreu envenenada. Se tornou um ícone da guerra travada contra o animal mais abundante da fauna da selva de pedra.
Nova York é uma cidade em que uma pessoa em situação de rua tem a companhia de ratos. Nova York tem tanta fartura que ninguém precisaria brigar por comida. Ainda mais animais que precisam de apenas 5 g de alimento diários e não de churros maiores que o próprio corpo.
Nova York é uma cidade vergonhosamente infestada, que nomeou, em 2023, uma czarina – uma comandante poderosa com a missão de matar pelo menos 3 milhões de roedores. A tarefa mais difícil é dar um jeito de fazer com que uma cidade tão rica não lide com o lixo em sacos plásticos espalhados pelo chão que são um oásis de comida e água.
Mas, agora, um vereador teve uma outra ideia: comprimidos. São invenção da cientista Loretta Meyer. Ela contou ao Jornal Nacional que, para os ratos, as pastilhas são mais gostosas que pizza. São cheias de gordura e sal. Mas, na verdade, são feitas de uma substância anticoncepcional, que impede a reprodução.
Nas fêmeas, ela age nos ovários para que não se produzam óvulos. Nos machos, inibe a produção de espermatozoides. Porque quando um casal de ratos encontra o amor, é capaz de gerar uma ninhada de até 20 filhotes.
Com um mês de vida, esses filhotes já são férteis, e as fêmeas entram no cio a cada três semanas e, nesse período, podem acasalar 500 vezes em apenas seis horas. Isso cria uma árvore genealógica gigante, com ramos que se espalham pela cidade. Só um casal pode gerar 15 mil descendentes em apenas um ano. A ideia de Loretta é cortar essa árvore pela raiz.
No passado, ratoeiras e outras armadilhas não funcionaram porque os animais aprenderam a evitá-las. Além disso, não resolviam o problema do armazenamento do lixo. Mas Loretta acredita que o anticoncepcional pode mudar o jogo.
Não é a primeira vez que Nova York tenta dar anticoncepcional para roedores. Em 1967, a ideia foi misturar anticoncepcional humano a óleo vegetal e espalhar pela cidade. Dez anos atrás, se tentou de novo. Segundo Loretta, não deu certo porque o anticoncepcional era líquido e não havia como controlar se os ratos tinham comido ou não.
A ideia do projeto de lei da Câmara de Vereadores de Nova York é começar fazendo testes em uma região infestada de ratos – como toda a cidade. A medida agradou também alguns grupos de defesas dos animais, que argumentam que anticoncepcional é melhor que veneno. Ainda mais depois de Flaco, que caçou um roedor envenenado pela prefeitura e morreu na semana passada.
Se a nova lei for aprovada, o veneno será proibido. A cidade vai apostar apenas nos anticoncepcionais. O projeto foi batizado de Lei Flaco, em memória da coruja e em um sinal de esperança em uma batalha histórica pelo espaço – e contra o asco.
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