O Radar Mining Monitoring (Rami) promete ajudar a monitorar a ocorrência de ilícitos ambientais mesmo com a cobertura de nuvens. Nova ferramenta promete identificar atividades de mineração ilegal no Pará
Marcelo Souza / Agência Pará
O Pará vai adotar o Radar Mining Monitoring (Rami) para prevenir e monitorar a ocorrência de ilícitos ambientais em áreas de garimpo ilegal. O Rami foi utilizado em uma cidade no Peru e teve bons resultados na redução do desmatamento. A ferramenta será utilizada inicialmente para identificar atividades de mineração ilegal na Região de Integração Tapajós, no Sudoeste do Pará.
O funcionamento do Rami foi apresentado ao titular da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Mauro O’de Almeida, a representantes de órgãos parceiros, e a técnicos do Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam) e das diretorias de Geotecnologias, Licenciamento Ambiental e de Fiscalização.
Durante a apresentação também iniciou-se o treinamento para manusear a ferramenta, interpretar e qualificar os dados fornecidos. Os treinamentos seguem até esta sexta-feira (14).
Semelhanças territoriais
O representante da ONG Conservação Amazônica (Conservación Amazónica/ACCA), Sidney Novoa, disse que Pará e Peru têm semelhanças territoriais, como a presença de Terras Indígenas, Unidades de Conservação e Áreas de Proteção Ambiental, além de parques nacionais e áreas com sobreposição.
De acordo com a Semas, o interesse se deu, principalmente, pela capacidade do Rami de atravessar a cobertura de nuvens.
“A gente veio fazer um treinamento sobre um sistema de monitoramento de alertas de mineração do garimpo do ouro na Amazônia. A metodologia que a gente tem desenvolvido é baseada em radar, um sistema de satélite que consegue penetrar as nuvens. Então, fornece informação o ano inteiro; informação coerente, frequente e sem os desafios acarretados com o uso de outros recursos espaciais. O nosso objetivo é que o pessoal aqui consiga se apropriar da metodologia e gerar a suas próprias informações o ano inteiro”, informou Sidney Novoa.
Além de monitorar atividades minerárias ilegais, o Rami será usado para fiscalizar empreendimentos licenciados, colaborando para monitorar as áreas licenciadas para a mineração, a fim de saber se o empreendimento está cumprindo como foi determinado no momento do licenciamento.
Região do Tapajós tem maior foco de extração ilegal de ouro
A área escolhida para iniciar o funcionamento do Rami tem ligação direta com o volume da atividade no local.
“A região do Tapajós foi escolhida por ser o maior foco da extração de ouro ilegal do Estado. Considerando o tamanho do nosso território, e a complexidade dos seus problemas ambientais, a gente só vai conseguir evoluir e superar esses problemas se tiver um arcabouço técnico, o maior possível, e isso passa pela mão de obra bem qualificada. A expectativa da Secretaria é ter uma ferramenta focada na questão da mineração ilegal, porque é um dos grandes gargalos para a gestão ambiental no Pará. Além de prejudicar a nossa economia, ela dilapida o nosso patrimônio natural e tem um impacto muito grande sobre recursos hídricos, solo e floresta, e também sobre a população local diretamente afetada, e indiretamente também”, disse a assessora da Semas, Andréa Coelho.
A adoção da ferramenta é promovida pela Semas em conjunto com o Programa Servir Amazônia, desenvolvido pela Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa) dos Estados Unidos e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). A transferência de tecnologia é feita em parceria com as Organizações Não Governamentais (ONGs) Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Conservación Amazónica.
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