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Putin, Macron e, agora, Lula: saiba quais são os interesses da China nos encontros de Xi com líderes internacionais


Encontros com líderes europeus mostra consolidação do poder chinês, e reunião com Lula sinaliza interesse em reivindicar protagonismo de Pequim em assuntos globais em geral. Lula chega a Xangai, primeira parada da visita à China
O presidente Lula se reúne nesta sexta-feira (14) com o presidente Xi Jinping, da China, pouco tempo depois de outros encontros que o líder chinês teve com presidentes: Emmanuel Macron, da França, e Vladimir Putin, da Rússia.
Xi começou seu terceiro mandato consecutivo faz pouco tempo, e, para especialistas, o líder chinês tenta estabelecer a China como protagonista global. Esses encontros sinalizam essa intenção.
Presidente Lula e comitiva desembarcam em Xangai, durante viagem à China
Ricardo Stuckert/Presidência da República
O professor Yi Shin Tang, do Instituto de Relações Internacionais da USP, diz que o presidente chinês está em um mandato de continuidade e que Pequim está em uma posição consolidada, com uma legitimação de poder sem precedentes.
É nessa circunstância que Xi tem se encontrado com diversos líderes globais desde o fim de fevereiro.
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O encontro com o presidente brasileiro
A data original do encontro entre Lula e Xi era no fim de março. No entanto, o presidente brasileiro teve pneumonia, e a reunião foi postergada.
O encontro foi remarcado com agilidade.
Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que o fato do presidente Lula levar uma grande delegação pouco tempo depois de ter se recuperado “reflete plenamente a grande importância que a China e o Brasil dão para a visita e para o desenvolvimento de relações bilaterais”.
“A China está disposta a trabalhar com o Brasil para aproveitar esta visita como uma oportunidade para promover a melhoria da cooperação mutuamente benéfica e amigável entre os dois países em vários campos”, afirmou Wenbin.
Tang, da USP, afirma que certamente houve um grande esforço diplomático brasileiro no momento em que a viagem inicial foi cancelada.
Brasil não é estratégico para a China, dizem especialistas
O encontro com Lula não significa que o Brasil seja um país que representa uma miríade de possibilidades econômicas ou políticas para a China, diz Tang, da USP. “A China já está diminuindo a dependência de produtos brasileiros, ela já produz soja e recursos minerais estratégicos e desenvolve biotecnologia para competir com produtos agropecuários brasileiros de alta qualidade”.
O interesse de Xi em um encontro com o Brasil pode ser o de reivindicar a importância da China em assuntos globais em geral, diz o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) André Reis da Silva.
“Nos últimos 10 anos, com Xi, a China vem reafirmando que tem capacidade econômica e militar, e agora está reivindicando a participação em assuntos globais. Os EUA passaram por período de crise de redefinição de identidade global com o Trump. A retirada dos EUA deixou espaço para a China assumir um papel maior”, afirma o professor.
Os encontros recentes do presidente chinês demonstram que a China tem mais poder de influência em assuntos globais do que no passado —um deles foi com Putin, da Rússia, e no encontro com Macron e Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia, o grande assunto foi a guerra dos russos com a Ucrânia.
Xi e Putin
O presidente chinês esteve três dias em Moscou. Depois das reuniões, ele e Putin divulgaram declarações nas quais prometeram reforçar sua cooperação estratégica (desenvolver cooperação em energia, indústrias de alta tecnologia e outras esferas e expandir o uso de suas moedas no comércio mútuo para reduzir a dependência dos países do Ocidente).
O chinês Xi Jinping e o francês Emmanuel Macron
JN
Os dois disseram também que vão desenvolver a cooperação militar e realizar mais patrulhas marítimas, mas não foi mencionado fornecimento de armas chinesas para a Rússia.
A China é o país que mais compra petróleo e gás da Rússia. Na teoria, isso daria aos chineses algum poder de influência.
Xi, Macron e von der Leyen
No dia 6 de abril, o presidente da França, Emmanuel Macron, viajou para a China pela primeira vez desde 2019. O francês não foi sozinho: com ele estava Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia.
Os líderes anunciaram acordos comerciais, entre os quais a compra de 160 aeronaves Airbus por uma empresa de leasing (aluguel) chinesa e para que suas empresas colaborem no desenvolvimento de energia nuclear, solar, eólica e de biocombustíveis.
Passagem XI (E) na Rússia é vista como um grande impulso para Putin
SERGEI KARPUKHIN/AFP
Os dois pediram a Xi Jinping para que a China parasse de fornecer armas para a Rússia e pressionaram o líder chinês a fazer mais para tentar acabar com a guerra na Ucrânia.
No encontro, Macron pediu a Xi que fizesse a Rússia “colocar o pé no chão”.
Xi não deu indicação de que a China tenha mudado suas decisões sobre a guerra. Antes da invasão o chinês chegou a dizer que o país dele e a Rússia têm “uma amizade sem limites”.
Encontro pegou mal para Macron
A ida de Macron à China foi criticada na França, de acordo com um texto publicado no “New York Times”. O presidente francês usou expressões que o governo chinês adota, como “mundo multipolar, livre de blocos”.
Em uma entrevista, Macron afirmou que a segurança de Taiwan não é o problema da Europa, que deve resistir a se tornar “vassala” dos EUA.

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