Em 2022, o país asiático comprou quase US$ 90 bilhões do Brasil – mais do que a soma dos cinco países que aparecem na sequência no ranking. O encontro do presidente Lula com o presidente chinês, Xi Jinping, vai ser às 5h30 no horário brasileiro – 16h30 desta sexta-feira (14) em Pequim. As relações de brasileiros e chineses passaram por uma transformação profunda nas últimas duas décadas.
A parceria comercial de Brasil e China é do tamanho de dois gigantes e ganhou corpo no campo. Os chineses encontraram aqui parte da solução de um problema: alimentar uma população de quase 1,5 bilhão de pessoas. Também é bom para o Sidney Flach, produtor de Mato Grosso.
“Cerca de 70% da nossa produção é destinada ao mercado chinês”, conta.
Ele diz que, de cinco anos para cá, aumentou o cultivo de soja e milho.
“Dá uma segurança para você fazer investimento em maquinário, melhorar suas máquinas, melhorar tecnologia, para você investir na parte de adubação, de correção de solo, até mesmo na compra de terras”, afirma o produtor.
O professor de Relações Internacionais da FGV Pedro Brites diz que o Brasil é hoje estratégico para os orientais.
“A gente sabe que a China é muito ávida por recursos naturais de várias ordens. A gente fala minério de ferro, além dos produtos dos gêneros alimentícios diversos, o mercado de carnes… Ou seja, é uma demanda muito grande que a China tem”, ressalta.
Destino das exportações brasileiros em 2002 e em 2022
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Há duas décadas, a China era o quarto maior comprador de produtos brasileiros – atrás de Estados Unidos, Holanda e Alemanha. Hoje, os asiáticos lideram com folga o ranking. Em 2022, a China comprou quase US$ 90 bilhões do Brasil – mais do que a soma dos cinco países que aparecem na sequência.
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Já na lista de países que mais vendem para o Brasil, em 2002, a China aparecia em sétimo lugar; também saltou para a primeira posição. Essa conta fecha no azul para o Brasil, com um saldo positivo de quase US$ 30 bilhões.
Origem das importações brasileiras em 2002 e em 2022
JN
As relações comerciais são uma via de mão dupla. Enquanto as matérias-primas pegam o caminho da China, pela mão de volta para o Brasil chegam insumos e componentes eletrônicos que abastecem a nossa indústria, produtos que tem bastante tecnologia embarcada.
A caixa que chega da China traz peças que tiram do papel os projetos da empresa de tecnologia na Grande São Paulo. O diretor-executivo Leonardo Araki conta que substituiu componentes que antes vinham da Europa pelos fabricados na China:
“A grande vantagem deles é prazo e o custo final do equipamento ou da matéria prima. E acho que nesses últimos anos tem vindo com uma qualidade muito maior”.
Brasil e China se complementam nas relações comerciais, diz o professor Roberto Dumas, do Insper, mas ele argumenta que é preciso ampliar as parcerias.
“Não é questão de ‘não é bom depender da China’. Não é bom ficar tão dependente de nenhum país. E se, de repente, ela desenvolve um outro fornecedor ou tem algum problema que não consegue mais comprar? Como é que eu vou arranjar um outro comprador tão rápido assim? Só que o Brasil precisa fazer a lição de casa, precisa começar a fazer mais acordos de livre comércio com outros blocos. Por exemplo, um acordo de livre comercio com a União Europeia, que ainda está atrasado há 22 anos com o Mercosul”, afirma Dumas.
Em duas décadas, China se tornou o maior comprador de produtos brasileiros
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