Defensoria Pública entrou com ação para tenyar barrar a tramitação do PL 115. Marginal do Tietê, sentido Rodovia Castello Branco, em fevereiro de 2022
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
Os recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb), voltados para investimentos em habitação e mobilidade urbana na cidade de São Paulo, estão em discussão na Câmara Municipal. A base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) quer encaminhar um projeto de lei para alterar as regras do fundo para poder repassar mais verbas para obras de pavimentação e recapeamento.
Em junho do ano passado, a prefeitura começou o programa de recapeamento da cidade com a promessa de recuperar 5,8 milhões de metros quadrados de ruas e avenidas.
De acordo com dados do Tribunal de Contas do Município (TCM), a gestão municipal reservou mais de R$ 1,8 bilhão desde 2022 para recapeamento e pavimentação – R$ 651 milhões foram efetivamente usados.
O Fundurb foi criado em 2002 para receber valores pagos como contrapartida por grandes construções particulares. Pela lei atual, ao menos 30% do total arrecadado por ele devem ser aplicados em habitação e outros 30% em transporte público, ciclovias e calçadas. O restante dos recursos, em equipamentos sociais, unidades de conservação ambiental, espaços públicos, áreas verdes e patrimônio cultural.
Fábio Riva, líder do governo na Câmara, disse que o fundo tem R$ 790 milhões e deve chegar a R$ 1,7 bilhão até o fim do ano. Segundo ele, a proposta apresentada pela base do prefeito garante a prioridade de 60% dos investimentos em habitação e mobilidade.
“Nunca na história da prefeitura tivemos tanto investimento em habitação de interesse social. Temos meta ousada, de mais de 50 mil unidades habitacionais. Sabemos do déficit, e esse valor vai propiciar não só a questão da habitação, mas também melhorar a nossa mobilidade urbana, melhorar toda a malha viária”, disse Riva.
A Defensoria Pública do Estado entrou com uma ação para barrar a tramitação do projeto, segundo o defensor Allan Ramalho Ferreira.
“A pavimentação e o asfaltamento já contam com recursos diretos do Tesouro e do orçamento. O Fundurb, não. O Fundurb tem uma finalidade desde sua criação muito especifica, que é habitação de interesse social e recentemente ampliada pra mobilidade urbana, transporte público”, afirmou.
Ferreira é crítico ao projeto de mudar a destinação do dinheiro que sobra no fundo. “Ele permite que o conselho gestor do Fundurb dê outra atribuição, canalize investimentos para outras questões não habitacionais. Então, se retira absolutamente a prioridade do Fundurb para questão habitacional da população de baixa renda, que já não encontra no mercado imobiliário e financeiro entrada, ingresso em linhas habitacionais e de financiamento especificas para ela.”
Em nota, a prefeitura reafirmou que a proposta não compromete os recursos para habitação e mobilidade urbana e informou que 3,4 milhões de metros quadrados de asfalto já foram refeitos desde 2022.
Base do prefeito Ricardo Nunes quer usar parte de recursos de fundo voltado para habitação para bancar obras de recapeamento
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