Dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação. Injúria, ameaça e violência psicológica estão entre principais crimes cometidos por servidores da segurança pública. Mulher com a cabeça baixa e mão em forma de soco, em foto ilustrativa
Getty Images
O Distrito Federal registrou 74 ocorrências da Lei Maria da Penha envolvendo autores policiais em 2022. Os dados foram obtidos pela TV Globo via Lei de Acesso à Informação.
Entre os principais crimes cometidos por servidores da segurança pública contra mulheres estão:
Injúria: 26 ocorrências
Ameaça: 20 ocorrências
Violência psicológica: 11 ocorrências
Lesão corporal dolosa: 9 ocorrências
Entre os agressores:
58 são da Polícia Militar
12 são da Polícia Civil
4 são da Polícia Federal
Em 2023, até abril, foram registrados 12 ocorrências de violência contra a mulher envolvendo policiais em Brasília. De acordo com Jessica Marques, especialista em direito da mulher e direito penal, o tripé contexto social, formação e hierarquização contribuem para o comportamento mais agressivo dos policiais.
“Dentro do ambiente de trabalho tem-se uma hierarquia que o superior manda no subordinado e o subordinado tem que obedecer o superior. Às vezes, o ambiente acaba sendo reproduzido no ambiente familiar. Ele pode entender que a mulher, esposa, companheira tem uma certa inferioridade porque, naquele momento, ele é o comandante”, diz Jessica.
A psicóloga Carol Neres reconhece que o desafio para as mulheres é maior quando se trata de denunciar um policial. Para a especialista, a rede de apoio é importante para que a vítima se sinta acolhida.
“Os danos emocionais são imensos. A gente pode pensar ai que uma mulher provavelmente vai desenvolver estresse pós traumático, fora autoestima que fica abalada. [..] É muito importante que essa mulher tenha rede de apoio, que família, amigos, deem voz para essa mulher”, completa a especialista.
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Relembre casos
Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), na Asa Sul, no DF
TV Globo/Reprodução
No dia 18 de março passado, o major da PM Eduardo Ferreira Coelho, de 42 anos, foi preso em flagrante acusado de agredir a esposa em Ceilândia. Ele foi solto no dia seguinte, após a audiência de custódia.
O policial não pode mais entrar na casa onde morava com a esposa e a filha, e também não pode manter contato com a vítima. O major deve ainda manter uma distância mínima de 300 metros dela e da filha.
No dia 25 de março, a filha de um policial civil chamou a PM, após presenciar agressões contra a mãe. O caso aconteceu no Cruzeiro Velho.
O homem deu dois tiros em direção à vítima, enquanto fazia ameaças. Ele foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM I), na Asa Sul. A arma usada por ele foi apreendida.
PM agride mulher em bar em Samambaia, no DF
Reprodução
Em setembro do ano passado, as câmeras de segurança de um bar, em Samambaia, registraram o momento em que um policial militar dá socos e arrasta uma mulher pelo cabelo durante uma briga.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima estava no bar comemorando o aniversário do marido. Segundo o depoimento da mulher, quando o casal ia embora um homem “mexeu” com ela e começou a discutir com o esposo.
A mulher contou aos policiais que, para evitar uma briga, entrou no meio do marido e do outro homem. No entanto, a vítima passou a ser agredida pelo policial militar David Ricardo Lima Nunes, que acompanhava a pessoa que discutia com o marido dela. O caso é investigado como lesão corporal.
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Maria da Penha: DF registrou 74 ocorrências de violência contra mulher envolvendo policiais em 2022
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