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Polícia descarta suicídio e conclui que Alexandra Dougokenski matou o primeiro marido em Farroupilha


Alexandra não será indiciada, pois o crime prescreveu em 2017. Em janeiro de 2023, mulher foi condenada a mais de 30 anos de prisão pela morte do próprio filho, o menino Rafael, em Planalto. Defesa nega crime. José é o primeiro marido de Alexandra Dougokenski, e morreu na casa do casal, em Farroupilha, em 2007
Arquivo pessoal
A Polícia Civil concluiu, após nova investigação, que Alexandra Dougokenski matou o ex-companheiro José Dougokenski. Ele foi encontrado sem vida em 2007, na Zona Rural de Farroupilha, na Serra do Rio Grande do Sul, e o caso foi inicialmente tratado como suicídio. Em janeiro deste ano, Alexandra foi condenada a 30 anos e dois meses de prisão pela morte do próprio filho em Planalto, no Norte do estado, em maio de 2020.
A defesa de Alexandra afirma que ela não matou José. Segundo o advogado Jean Severo, a perícia que apontou para a hipótese de suicídio é clara e que houve contaminação de várias pessoas devido ao caso do menino Rafael.
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De acordo com o delegado Ederson Bilhan, o inquérito chegou ao novo entendimento após cruzamento de evidências analisadas pela perícia com os depoimentos coletados, além das semelhanças encontradas na forma como José e Rafael Winques, filho mais novo de Alexandra, foram mortos.
“Os indicativos apontam que sim [Alexandra matou José], que há uma evidência bem concreta. Lá em Planalto, uma corda de nailon na cor verde atada no pescoço. Aqui em Farroupilha, uma corda de nailon de cor azul atada no pescoço. Nós similares, posições similares, horário similar e a mesma pessoa suspeita. São evidências que quando analisadas conjuntamente reforçam a ideia de que não houve suicídio, e sim um homicídio”, afirma o delegado.
Apesar da conclusão da investigação indicar que houve um homicídio, Alexandra não será indiciada. O delegado explica que o crime prescreveu em 2017.
“A suspeita, na época dos fatos, tinha 19 anos de idade, e a lei diz que conta-se a prescrição pela metade do prazo quando o agente tem menos de 21 anos. Considerando que a prescrição em homicídios é de 20 anos, nesse caso seriam 10 anos. Como o fato ocorreu em 2007, a situação já estava prescrita”, acrescenta Bilhan.
Outra prova foi o depoimento do segundo marido de Alexandra. A Polícia Civil não divulgou, mas a RBS TV descobriu que Rodrigo Winques, pai de Rafael, disse que ouviu dela a confissão do crime. Em uma conversa, ele perguntou a Alexandra se ela tinha matado o ex-marido. A mulher teria dito que sim e ameaçado Rodrigo.
Trecho de depoimento de segundo marido de Alexandra Dougokenski
Reprodução/RBS TV
A investigação concluída será encaminhada ao Ministério Público (MP) e ao Poder Judiciário. O procedimento faz parte dos trâmites para reconhecimento e determinação da prescrição.
“A consequência jurídica da prescrição é a extinção da punibilidade. Ou seja, o estado perde o direito de punir pelo decurso do tempo”, reforça o delegado.
Questionado pela reportagem da RBS TV se pode ter havido algum erro na condução da investigação anterior, o delegado Ederson sustentou que “não há indícios de falha ou muito menos de descaso por qualquer órgão estatal”.
“Não dá para dizer que as autoridades da época não tomaram o devido cuidado. Eles fizeram tudo que tinha que ser feito. A partir de 2020 é que surgem novos elementos, que é o fato lá em Planalto”, finaliza.
José tinha 32 anos quando morreu
Arquivo pessoal
Nova investigação
A reabertura da investigação sobre a morte de José Dougokenski, o primeiro marido de Alexandra Dougokenski, foi autorizada pela Vara Criminal de Farroupilha, em janeiro de 2021.
Uma perícia particular contratada pela família encontrou incongruências no inquérito que determinou como suicídio a causa da morte do agricultor e sugeriu que ele pudesse ter sido assassinado.
Na época, a juíza Claudia Bampi considerou que, “diante do surgimento de provas novas” e de “documentos e justificativas apresentadas”, o caso deveria ser reaberto. A magistrada ainda determinou que os peritos do Instituto Geral de Perícias que realizaram o laudo do óbito fizessem os esclarecimentos que entendessem pertinentes.
Em janeiro deste ano, foram definidas as primeiras diligências desde a reabertura do processo. O juiz Enzo Carlo de Gesu acolheu pedido do Ministério Público para que 15 testemunhas fossem novamente ouvidas. O magistrado também determinou que a polícia retornasse até a casa e que buscasse o registro de ligações à Brigada Militar (BM) no dia 5 de fevereiro de 2007, quando o crime aconteceu.
Relembre o caso
José foi encontrado morto dentro do quarto, em fevereiro de 2007, na Zona Rural de Farroupilha. Alexandra contou à polícia que escutou barulhos e encontrou o corpo dele já sem vida, preso em uma corda que foi amarrada em uma viga no teto.
Na época, os laudos do IGP atestaram que José estava embriagado e concluíram que foi suicídio. Mas a família do agricultor teve dúvidas desde o velório.
Ao saber do envolvimento de Alexandra na morte de Rafael, em que também foi usada uma corda, a família do agricultor resolveu procurar uma advogada. Então, foi contratado um perito particular, que chegou a uma conclusão diferente.
‘”O estado de embriaguez que ele apresentava limita o seu raciocínio especificamente para tirar a sua própria vida e mais ainda procurar um elemento de sustentação, da suposta corda, da corda utilizada pra morte, e amarrá-la em um lugar que ele precisaria analisar antecipadamente, procurar antecipadamente onde estava a viga, tirar a madeira do forro, e posteriormente fazer nós que possam sustentar o peso dele e efetuar a suspensão. Eu não tenho dúvida que isso foi um homicídio'”, sustenta o perito criminalístico Eduardo Llanos.
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