BH, Betim e Santa Luzia já registraram cinco ocorrências de janeiro a abril deste ano, segundo os bombeiros. Não houve nenhum registro nestas cidades em 2021 e 2022. A Apis mellifera é a espécie responsável pelos ataques em áreas urbanas
Victor Hugo Duarte da Silva
Em Minas Gerais, apenas de janeiro a abril deste ano, foram registrados 20 ataques de abelhas, quase o dobro do computado em todo ano passado, quando ocorreram 11 ataques no estado. O número de casos na Região Metropolitana de Belo Horizonte também está aumentando.
Cidades como Belo Horizonte, Betim e Santa Luzia, que não registraram ocorrências deste tipo em 2021 e 2022, já tiveram cinco ataques apenas nos quatro meses de 2023. Os dados são do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
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Mas o que está causando este aumento? Todas as espécies de abelhas atacam? E o que fazer caso você seja o alvo?
A reportagem do g1 conversou com uma especialista no assunto, a bióloga e doutoranda Ingrid Gomes, para esclarecer estas e outras dúvidas.
A bióloga Ingrid Gomes estuda as interações entre abelhas e a ecologia urbana
Arquivo Pessoal
Veja abaixo as principais causas do aumento e como se proteger dos ataques:
Nem toda abelha ataca
No Brasil, existem diversas espécies de abelhas nativas, muitas delas sem ferrão, que são essenciais para a reprodução das plantas cultivadas e formação de frutos usados na alimentação humana.
Estas espécies também são fundamentais para a polinização de plantas nativas, em áreas naturais.
A brasileira Melipona quadrifasciata é social, produz mel e não tem ferrão
Arquivo Pessoal
Estes não são os insetos por trás dos ataques nas cidades, que são provocados por uma única espécie de abelha exótica. Exótica, neste caso, quer dizer que ela não é originária do país.
A Euglossa truncata é outra espécie nativa do Brasil
Arquivo Pessoal
Então, qual é a abelha que ataca?
A abelha responsável pelos ataques urbanos é a Apis mellifera, que também é a principal espécie utilizada para a criação e comercialização de produtos como mel e própolis.
Ela não ocorria naturalmente no Brasil. A linhagem europeia desta espécie foi introduzida aqui em 1839, mas não era adaptada ao clima tropical do país.
Mais de 100 anos depois, em 1956, linhagens de Apis mellifera africanas foram trazidas para o Brasil.
O cruzamentos acidental entre as duas subespécies levaram a novas populações, que herdaram características como maior tolerância ao clima e maior capacidade de defesa e de criação de ninhos em lugares variados.
Todas essas características favoreceram a ocorrência destas abelhas nas cidades e, consequentemente, dos ataques.
Os ataques estão mais frequentes?
Em determinados períodos do ano, as chances de contato da população com as abelhas aumentam.
Nestes períodos, elas se tornam mais defensivas e os ataques aumentam.
A maior atividade da espécie ocorre nos meses com temperaturas mais altas e pouca chuva.
Causas
Um dos fatores que podem estar motivando o aumento da Apis mellifera nas cidades é a disponibilidade de locais para construção dos ninhos.
A expansão urbana pode estar diretamente ligada ao aumento. A espécie pode instalar suas colônias em cavidades encontradas em forros, muros e paredes.
Outro fator que contribui para o aumento é a divisão reprodutiva, e natural, de suas colônias. No processo, uma nova rainha é estabelecida quando parte da colônia sai com a rainha antiga à procura de um local adequado para construir um novo ninho.
Estes enxames podem se estabelecer em locais provisórios, como árvores, para iniciar o reconhecimento de área e localização de cavidades adequadas para instalação desta nova colônia.
Como as cidades contêm uma ampla variedade de abrigos potenciais, a probabilidade de acidentes nessas áreas também aumenta.
Prevenção
Para se prevenir ou minimizar as chances de acidentes, é recomendado que abrigos potenciais para colônias, como forros e paredes, sejam vedados.
Outra forma de se prevenir é aumentar a distância entre apiários e áreas residenciais ou com alta circulação de pessoas.
As ferroadas são um comportamento de defesa das abelhas a possíveis ameaças e perturbações diretas na colônia ou na sua proximidade.
Ao observar uma colônia da espécie Apis mellifera ou um número grande de abelhas em um determinado local, como em uma árvore, o mais importante é manter o máximo de distância possível.
Além disso, a população deve acionar autoridades que tenham experiência na remoção dos insetos, como apicultores ou bombeiros.
Como se proteger durante o ataque
Se o ataque já estiver acontecendo, o recomendado é sair do local o mais rápido possível, pois as abelhas tendem a persistir na defesa.
Após o afastamento, a retirada dos ferrões deve ser feita com a raspagem do local atingido.
Nunca deve-se esfregar ou tentar retirar o ferrão com uma pinça, pois isso acaba injetando mais veneno no organismo da pessoa atingida.
Outra recomendação é procurar atendimento médico imediatamente, principalmente se a vítima tiver histórico de reações alérgicas.
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