Queda de eucalipto matou menina de 7 anos e deixou jovem de 27 gravemente ferida em 24 de janeiro. Relembre o que foi divulgado sobre o caso e o que a polícia espera para fechar o inquérito. Eucalipto caiu na Lagoa do Taquara e matou criança em janeiro
Reprodução/EPTV
A morte de uma criança de 7 anos atingida por um eucalipto com 20 metros de altura na Lagoa do Taquaral, em Campinas (SP), completa três meses nesta segunda-feira (24) sem que as apurações da Polícia Civil tenham sido finalizadas. Veja abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer neste caso.
Uma jovem de 27 anos também ficou gravemente ferida após a queda da árvore. Ela passou por duas cirurgias no período de dez dias em que ficou internada no Hospital Mário Gatti, antes de ser liberada.
O que já foi feito?
O caso é apurado pelo 4º Distrito Policial como morte acidental e, desde a data da tragédia, a polícia já registrou uma série de depoimentos, mas ainda precisa concluir esta fase e espera por laudos que serão entregues pelo Instituto de Criminalística (IC). Em fevereiro, o delegado Maurício Geremonte confirmou ao g1 que aquele órgão pediu prazo de 90 dias para término em virtude da “complexidade”.
Entre os relatos já ouvidos pela Polícia Civil estão os feitos pelos pais da menina Isabela Tiburcio Fermino, e da jovem sobrevivente, a engenheira ambiental Gabriela de Araújo Rodrigues.
“Esperamos mais do que rapidez, a eficácia do resultado. Que os culpados sejam responsabilizados”, falou o pai da criança, Sergio Fermino.
Sergio Fermino e a filha Isabela
Sergio Fermino/Arquivo Pessoal
Gabriela também afirmou que aguarda pelo encerramento das investigações.
“Gostaria que houvesse um desfecho o quanto antes, já que é um caso em que fui envolvida e me causou danos. Não só a mim, mas infelizmente à Isabela e aos pais dela”, falou.
Gabriela de Araújo Rodrigues ficou ferida após ser atingida por árvore no Taquaral
Arquivo Pessoal
O delegado titular do 4º Distrito Policial também já ouviu esclarecimentos prestados pelo secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, e do diretor do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) na cidade, Luís Cláudio Nogueira Mollom. Detalhes, porém, não foram informados.
Os dois últimos, em especial, trataram sobre laudos divulgados pelo governo municipal e produzidos pelos institutos de Pesquisa Tecnológica (IPT) e Biológico (IB) de SP após a queda da árvore. Os documentos apontaram o solo encharcado como provável causa do tombamento, mas também indicaram que idade, as raízes pouco desenvolvidas e o solo pobre podem ter contribuído para o fato.
Trecho do laudo do IPT sobre eucalipto que caiu Lagoa do Taquaral
Reprodução
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Em contrapartida, um laudo elaborado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) e mostrado durante reunião da Comissão de Arborização da Câmara de Vereadores, no início de abril, aponta novos fatores como possível causa do eucalipto: a perda de copa (galhos e folhas) ao longo dos anos, e a falta de monitoramento sobre a situação das árvores na principal área pública da cidade.
Processo de perda de copa com secamento de ponteiros era generalizado em todo o talhão de eucaliptos, diz laudo
Reprodução/Google
Além disso, o g1 obteve um vídeo gravado em 2015 que a sugere a possibilidade da tragédia ter sido evitada. As imagens mostram um diretor da Secretaria do Verde de Campinas (SP) à época, Marcos Boni, alertando, durante reunião do Comdema, sobre os riscos que as árvores ofereciam aos visitantes.
A prefeitura, por outro lado, alegou que não recebeu qualquer documento oficial do Comdema à época e, com base nos laudos do IPT e IB, garantiu que o eucalipto estava sadio e reafirmou que queda foi decorrente do encharcamento do solo provocado pelas chuvas intensas em dias anteriores.
Diretor da Prefeitura alerta para os riscos dos eucaliptos no Taquaral
O que falta?
De acordo com Geremonte, ainda faltam ser ouvidas sobre o caso testemunhas que o pai da criança irá apresentar. Um dos laudos aguardados pelo delegado trata sobre um “levantamento de local”, enquanto o outro documento é “específico” e aborda as condições de solo e das árvores do parque.
Neste contexto e diante da divergência de posicionamentos, a polícia ainda não finalizou o inquérito.
“Melhor aguardar os laudos para manifestação conclusiva”, falou o delegado à reportagem.
Plano diretor e reabertura de parques
Em março, o Ministério Público em São Paulo (MP-SP) enviou um ofício ao governo Dário Saadi (Republicanos) onde questionou a existência de um plano diretor para a Lagoa do Taquaral, portanto, um documento que organize o uso do espaço de lazer e esportes de “forma mais adequada”. Na ocasião, a Secretaria do Verde informou que um plano já estava em elaboração desde julho de 2022.
A Lagoa do Taquaral foi reaberta ao público em 25 de março, após extrações de 181 árvores que poderiam apresentar algum tipo de risco aos visitantes, informou a prefeitura.
Logo após a tragédia, a administração determinou o fechamento de todos os bosques e parques e, desde então, 12 áreas foram reabertas, enquanto 13 permanecem fechadas.
A projeção da Secretaria de Serviços Públicos é disponibilizar todas ao público até o fim do mês de maio. No entanto, a previsão inicial para reabertura da Pedreira do Chapadão ainda em março não se concretizou por falta de alambrado e o novo prazo sinalizado pela pasta termina na próxima semana.
Áreas abertas
Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho – Barão Geraldo
Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim – Vila Brandina
Lagoa do Taquaral – Parque Taquaral
Lagoa do Jambeiro – Parque Jambeiro
Parque Ecológico Benevenutto Tilli – Jardim São Domingos
Praça da Juventude Alessandro Monare – DIC 5
Parque Linear do Capivari – Jardim Capivari
Bosque Ferdinando Tilli – Parque Valença
Bosque dos Cambarás – DIC 5
Parque Dom Bosco – Vida Nova
Bosque da Mata – Parque São Jorge
Bosque Santa Bárbara – Parque Santa Bárbara
Áreas fechadas
Bosque dos Jequitibás – Bosque
Lago do Café – Parque Taquaral
Parque dos Guarantãs – Jardim Nova Europa
Bosque Ythzak Rabin – Jardim Madalena
Bosque Chico Mendes – Parque São Quirino
Bosque São José – Vila Lemos
Bosque Augusto Ruschi – DIC 1
Bosque dos Italianos – Guanabara
Bosque dos Alemães – Guanabara
Parques das Águas – Parque Jambeiro
Parque Luciano Valle – Vila União
Pedreira do Chapadão – Jardim Chapadão
Bosque dos Artistas – Swift
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Polícia de Campinas tem apuração inconclusa sobre morte de criança no Taquaral 3 meses após queda de eucalipto; veja o que se sabe
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