Neste sábado (22), uma cerimônia selou a assinatura de 13 acordos de cooperação com Portugal nas áreas de educação, produção audiovisual, turismo, comunicações e saúde. Lula nega ter igualado responsabilidade de Rússia e Ucrânia na guerra e pede saída negociada
Em Portugal, o presidente Lula mudou o tom e negou ter igualado as responsabilidades da Rússia e da Ucrânia pela guerra. Neste sábado (22), o Brasil assinou 13 acordos de cooperação com Portugal.
A agenda oficial do presidente Lula começou com uma reunião pela manhã com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, para discutir investimentos entre os dois países. Depois dos discursos, eles responderam a perguntas de jornalistas.
Lula falou sobre o combate ao extremismo, à desinformação e reafirmou que pretende zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.
Lula foi questionado sobre as declarações recentes sobre a invasão da Rússia à Ucrânia. Durante a viagem à China e aos Emirados Árabes Unidos, na semana passada, o presidente atribuiu parte da culpa pelo conflito ao país que foi invadido por tropas russas; disse que a decisão da guerra tinha sido tomada por dois países. Agora, em Portugal, Lula moderou o tom. Afirmou que nunca igualou responsabilidades de Rússia e de Ucrânia, e condenou a invasão.
“Eu nunca igualei os dois países porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial e todos nós achamos que a Rússia errou, e já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas eu acho que precisa agora… A guerra já começou e é preciso agora parar a guerra”, afirmou o presidente do Brasil.
O presidente Lula também foi questionado se ele mantinha a posição de que os Estados Unidos e a União Europeia contribuem para a continuidade da guerra.
“Veja… Se você não fala em paz, você contribui para a guerra. A Rússia não quer parar, a Ucrânia não querer parar. Pois bem, nós vamos ter que encontrar um grupo de países que possam formular, numa relação de confiança, a ideia de que a guerra… Para, senta na mesa e conversa, que a gente vai encontrar um resultado muito melhor,”, disse Lula.
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O presidente português fez questão de dizer que a posição de seu país é outra. Marcelo Rebelo de Sousa disse que compartilha as posições da Otan e da União Europeia e afirmou que considera injusto não armar a Ucrânia para se defender de uma invasão e recuperar seus territórios.
“A posição portuguesa é diferente. Entende que uma eventual via de caminho para a paz supõe previamente o direito de a Ucrânia de poder reagir à invasão, recuperar o que puder recuperar e quer recuperar, tendencialmente tudo que puder da sua integridade territorial, por uma questão de princípio, que é não beneficiar o infrator”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Lula evitou falar sobre a demissão do ex-ministro do GSI general Gonçalves Dias e afirmou que uma CPMI dos atos golpistas é assunto do Congresso Nacional.
“CPI é por conta do Congresso Nacional. Ele decide a hora que ele quiser decidir, faça a hora que quiser fazer. O Presidente da República não vota no Congresso Nacional, eu não voto no Senado, eu não voto na Câmara. E os deputados decidem. E o GSI, que é da minha responsabilidade, quando eu voltar, eu vou tomar a decisão que eu achar mais importante para o Brasil”, disse.
No fim deste sábado (22), um documento confirmou a mudança de tom do Brasil sobre a guerra na Ucrânia. Em uma declaração conjunta, Brasil e Portugal condenaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e classificaram a anexação de partes do território ucraniano como violações do direito internacional.
Na mesma cerimônia, o presidente Lula selou a assinatura de 13 acordos de cooperação com Portugal nas áreas de educação, produção audiovisual, turismo, comunicações e saúde. Destaque para a equivalência dos diplomas dos ensinos médio e fundamental, que vai tornar menos burocrático o processo para brasileiros estudarem ou trabalharem em Portugal, e também o reconhecimento mútuo das carteiras de habilitação.
O Brasil também anunciou um escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos em Portugal, e foi confirmada a parceria para produção da aeronave Super Tucano, da Embraer, no padrão da Otan.
No fim da cerimônia, o presidente Lula falou sobre o longo tempo de falta de diálogo com Portugal em governos anteriores e prometeu empenho para acelerar um acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
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