Após primeira morte por bromazolam no Brasil, polícia do ES apreende mais de 3.500 selos da substância

De acordo com a Polícia Civil, o entorpecente sintético se tornou um novo produto do tráfico de drogas, apesar de não estar disponível no mercado farmacêutico. Polícia Civil do ES explica sobre os selos da droga bromazolam
A Polícia Civil do Espírito Santo apreendeu 3.595 selos de bromazolam com um motorista de aplicativo, de 46 anos, em Guarapari, na Grande Vitória, dois dias após a mesma substância contribuir para a morte de um DJ, de 37 anos, em Jardim Limoeiro na Serra, Grande Vitória no dia 10 de julho de 2022. Essa foi a primeira morte causada pela droga no Brasil. Apesar de ter sido no ano passado, ela foi confirmada apenas nesta quinta-feira (20) pela polícia.
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De acordo com a corporação, o entorpecente sintético se tornou um novo produto do tráfico de drogas, apesar de não estar disponível no mercado farmacêutico.
Segundo o perito do Laboratório de Química da polícia, Forense Victor da Rocha Fonseca, a primeira apreensão da droga foi em 12 de julho. No entanto, no mês de outubro de 2022 e em fevereiro de 2023, também houve outras apreensões da substância em solo capixaba, mas o quantitativo não foi informado pela Polícia Civil.
O perito disse ainda que a droga tem o formato de selo de papel, como os selos de cartas de antigamente, e é destinada a um público mais elitizado.
“São feitos por ingestão sublingual. Eles colocam esse papel em contato com a mucosa na língua, vai ter a absorção, que vai ser direcionada para a corrente sanguínea”, disse.
Bromazolam, droga sintética apreendida no ES
Divulgação/Polícia Civil
O perito também destacou que os efeitos desta droga ainda são desconhecidos. Além disso, ela é usada combinada com outras substâncias, como a cocaína e o fentanil, podendo causar reações ainda maiores.
Ela é da mesma classe de medicamentos do Rivotril, Clonazepam, então são depressoras do sistema nervoso central. Têm uma efeito de sedação e são antidepressivos”, disse o perito.
Ainda de acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, nos Estados Unidos, por exemplo, já existe um alerta direcionado para a saúde pública, laboratórios e médicos, relatando o aumento de casos envolvendo a bromazolam. Entre 2019 e junho de 2022, foram registrados 236 óbitos com o envolvimento a droga sintética em solo norte-americano.
Combate ao tráfico de drogas
Bromazolam, droga sintética apreendida no ES
Reprodução/TV Gazeta
De acordo com a perita-chefe do Departamento de Laboratórios Forenses, Daniela de Paula, as apreensões de bromazolam no Espírito Santo e a confirmação de que a substância contribuiu para uma morte são fundamentais para o combate ao tráfico de drogas.
Foi a partir desse momento que a Agência Nacional de Vigilância à Saúde (Anvisa), em dezembro, passou a classificar a bromazolan como substância proibida no Brasil.
“Nós avisamos à Anvisa, responsável por fazer a listagem das substâncias proibidas ou aquelas que têm controle especial no país. Até aquele momento, se o bromazolam fosse encontrado com um traficante, não seria considerado tráfico. Foi essa a contribuição que o estado do Espírito Santo deu, que permite que, a partir de agora, essas outras apreensões, sejam caracterizadas como tráfico de drogas”, disse a perita.
Ainda de acordo com a perita, o bromazolam é uma substância de benzodiazepínico, que não está disponível no mercado farmacêutico.
“Quando dizemos que é benzodiazepínico é porque chega ao mercado por meio de laboratórios clandestinos. Para nós, foi uma novidade, porque foi uma substância que nunca tinha presenciado ou identificado em um laboratório de toxicologia”, acrescentou.
A perita acrescentou ainda que essa definição foi possível devido à participação do professor José Luis da Costa, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que tinha o padrão da substância para ser comparada com a amostra coletada do indivíduo que foi encontrado morto no motel em Jardim Limoeiro, na Serra.
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O g1 procurou a Anvisa para obter mais informações sobre o caso, mas não havia obtido retorno até a publicação desta reportagem.
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De acordo com a médica legista da Polícia Civil Ana Paula Knak