Jeferson Scaranto teria abusado de, ao menos, seis pacientes, segundo a polícia. Ele está preso desde sábado (8). Defesa diz que cliente é inocente. Dentista é preso ao desembarcar no aeroporto de Porto Alegre.
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou por violação sexual mediante fraude o dentista suspeito de abusar sexualmente de seis pacientes, em Viamão e em Porto Alegre. O documento foi remetido à justiça nesta quarta-feira (12). Jeferson Scaranto, de 54 anos, está preso desde o último sábado (8).
A advogada Márcia Silva, que faz a defesa do suspeito, informou ao g1 que ainda não teve acesso aos autos do processo, mas que o cliente é inocente.
“Tornamos a afirmar que nosso cliente é inocente. Ainda não nos foi disponibilizado acesso aos autos para tomarmos ciência de todo o conteúdo para formularmos a defesa devidamente”, sustenta.
No total, seis mulheres relataram terem sido vítimas de abuso por parte de Jeferson Scaranto. Três delas teriam sofrido abusos entre 1995 e 2001. Outras três entre 2022 e 2023, segundo a delegada Marina Dillenburg. Veja detalhes dos depoimentos abaixo.
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Depoimentos de vítimas
Um dos casos foi o que motivou a prisão do suspeito em flagrante, no dia 20 de março de 2023. Uma paciente gravou, com o celular, a abordagem do dentista. Segundo a polícia, ele puxou o braço da mulher em direção ao seu pênis. Ela afirma que Jeferson encostou suas genitais na cabeça dela.
A mulher contou à polícia que já havia se sentido importunada em outra consulta, realizada em outubro de 2022. Segundo ela, o suspeito estava excitado e passou a mão nas coxas dela e levantou sua saia.
Contudo, na época ela acreditou que não teria como provar os abusos do dentista. E que não queria retomar o atendimento com ele. No entanto, disse que o dentista cobrava valores acessíveis e que, como seu dente estava doendo muito, ela voltou ao consultório para fazer uma extração.
Um segundo relato também detalha como o dentista agiria contra as pacientes. A mulher começou a fazer um tratamento dentário em agosto de 2022. Logo no primeiro atendimento, o suspeito teria tocado no rosto dela.
Sem ter a certeza de ter sido vítima de assédio, a paciente retornou ao consultório outra vez, mas acompanhada de um amigo. O dentista tentou impedir, mas a mulher insistiu. Nessa ocasião, o homem não teria cometido nenhum abuso.
Na terceira consulta, sozinha, a mulher disse que Jeferson esfregou o pênis no ombro dela. O suspeito estaria posicionado de forma que a cabeça da paciente ficasse próxima a sua virilha.
O dentista teria solicitado que a paciente se aproximasse. A mulher diz ter negado o pedido e que, nesse momento, percebeu que o homem estava com o jaleco aberto e com o pênis ereto.
A mulher disse ter estranhado a demora do atendimento e que, ao terminar o procedimento, se levantou e notou que a calça do suspeito estava molhada na região da virilha.
Casos antigos
Um dos casos informados à polícia data de 1995. O pai de uma paciente, que tinha 17 anos na época, contou que a adolescente foi ao consultório para um tratamento de rotina. O dentista teria levantado a saia dela e passado as mãos nas pernas da jovem.
Outro depoimento detalha episódios semelhantes em Porto Alegre, no ano de 2001. Os abusos teriam começado no quarto atendimento feito pela mulher. O dentista teria deitado totalmente a cadeira, roçando seu braço no rosto e nos seios da paciente. Quando Jeferson teria tentado beijá-la na boca, ela saiu correndo do consultório. Ela disse que ficou sabendo dos demais casos recentemente, por meio da imprensa.
Em outro episódio de 2001, a paciente disse que foi ao consultório do dentista para fazer um orçamento de um tratamento. A pessoa afirma que, enquanto olhava os dentes, o homem passava a mão pelo rosto dela e, o cotovelo pelos seios.
O sexto depoimento aponta que, em abril de 2022, procurou o dentista para realizar uma limpeza e uma pequena restauração dentária. A mulher disse à polícia que o atendimento “pareceu uma eternidade”, porque o homem teria apoiado seu corpo sobre a paciente, mantendo contato físico.
Enquanto afastava os lábios da mulher com um dos dedos, o dentista tocava no rosto dela de forma inapropriada com os outros dedos, disse no depoimento. O suspeito teria dito “é a gengiva mais bonita que eu já vi”.
A delegada Marina Dillenburg afirma que, conforme os relatos, o homem usa de sua posição como dentista para abusar sexualmente das vítimas, o que configuraria a violação mediante fraude.
“A vítima está sendo atendida e ele se aproveita disso para cometer os abusos. […] Ele aproveitava as consultas odontológicas para passar a mão no corpo delas [pacientes], para se esfregar nelas”, diz.
Segundo a Polícia Civil, o dentista já respondeu a outras acusações de abuso sexual nas mesmas circunstâncias.
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