Investigadores encontraram diversas oficinas de clonagem de veículos em comunidades do Rio. Onze suspeitos já foram presos desde o início da investigação. Polícia investiga quadrilha que rouba e clona carros no Rio de Janeiro
A Polícia Civil do RJ investiga se quadrilha de traficantes se aliou a milicianos em esquema de roubo e clonagem de carros no Rio de Janeiro. Uma força-tarefa com quatro delegacias foi montada para monitorar os bandidos e mapeou diversas oficinas em favelas do Rio.
Do Centro à Zona Norte, os policiais encontraram oficinas de clonagem de veículos no Morro dos Prazeres, na Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, no Complexo do Alemão e do Lins de Vasconcelos.
Segundo os investigadores, bandidos encomendam roubos e furtos, preparam o transporte do veículo e negociam com os receptadores.
Desde o início da investigação, onze suspeitos já foram presos.
“A força-tarefa identificou o modus operandi dessas quadrilhas. Nossos próximos passos são continuar mapeando essas oficinas e identificar outros membros da quadrilha, principalmente os que estão fora do nosso estado”, afirma o delegado Álvaro Gomes.
Os criminosos remarcam o número do chassi nas carrocerias, nos vidros, motores e adulteram as placas. Depois disso, o veículo é anunciado na internet.
Segundo a polícia, os carros tomam destinos diversos: Paraguai, Bahia, Minas Gerais, Goiás e até Ceará.
De Ipanema a Sobral (CE)
Entre os casos investigados está o roubo do veículo de um casal, em outubro do ano passado, em Ipanema. O veículo foi levado para o Morro dos Prazeres, clonado e terminou na cidade do Sobral, no Ceará. Os receptadores foram presos no mês de junho deste ano.
Já no Complexo da Maré, 27 carros foram apreendidos nesta terça-feira (4) durante uma operação. Dezesseis eram roubados, e cinco deles já estavam clonados.
Carro apreendido na Maré tinha placa com alusão a facção do tráfico
Reprodução
A polícia diz que o Complexo da Maré é um dos principais esconderijos de carros roubados do Rio.
Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que o roubo de veículos no Rio voltou a crescer nos últimos três anos. Mais de 40 mil registros foram feitos em 2022.
Já a recuperação de carros caiu, a média é de 1 carro recuperado pela polícia para 3 roubados.
Ainda de acordo com a investigação, os bandidos trocam esse crime pela oferta de armas e drogas de outras quadrilhas. Milicianos da Zona Oeste também estão envolvidos no esquema e se aliaram recentemente aos traficantes para chefiar essas oficinas, segundo a polícia.
“Eles entenderam que é uma atividade muito lucrativa. Eles fazem disso uma empresa, se dividem em tarefas. Pela logística da proteção territorial do tráfico, eles têm essa tranquilidade para clonar os carros e fazer outras vítimas de até estelionato nessas vendas”, explica o delegado Álvaro Gomes.
Em Guaratiba, Lucas Fabrício Bispo Cardoso foi preso em flagrante com um comparsa pelo crime de receptação de carros roubados e por reenviar para compradores. Dois carros roubados estavam na garagem dele.
Nem as locadoras de carro têm escapado das quadrilhas. Eles usam um nome laranja para alugar um carro, clonam a chave e depois de devolver o veículo, vão até o estacionamento e o levam embora.
A polícia encontrou um carro que foi furtado dessa forma na hora que uma negociação era feita por ele. Um homem apontado como um dos principais negociadores foi preso junto a mulher e um outro casal.
Polícia investiga aliança entre traficantes e milicianos em quadrilha de roubo e clonagem de carros no Rio
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