Deslizamentos de encostas de morros por conta das fortes chuvas em março de 2020 deixaram 45 mortos na Baixada Santista. Guarujá (SP) foi uma das mais afetadas e registrou o maior número de mortes. Começam as obras de contenção do Morro Barreira do João Guarda, área afetada em temporal que matou 45 no litoral de SP
Prefeitura de Guarujá/ Helder Lima/ Divulgação
As obras de contenção da encosta da Barreira do João Guarda, em Guarujá no litoral de São Paulo, começaram na última quarta-feira (19). A área foi uma das mais afetadas pelo temporal que matou 45 pessoas na Baixada Santista em março de 2020. Neste ano, o g1 mostrou o antes e o depois [veja abaixo] de comunidades afetadas na cidade após três anos da tragédia, que causou desabamentos de encostas, alagamentos nas ruas e deixou pessoas soterradas.
De acordo com a prefeitura, serão utilizadas modernas técnicas de contenção para evitar deslizamentos. A nova fase de obras no Morro do João Guarda inclui a sondagem e levantamento planialtimétrico, tipo de mapeamento da área afetada pelo desabamento da encosta.
Além disso, ainda está sendo retirado o material solto da encosta, a montagem da rota dos caminhões e máquinas, a movimentação de terra, a execução da macrodrenagem para conduzir a água da chuva para fora do bairro e reforço de base das ruas. O projeto é da Secretaria Municipal de Planejamento e tem mais de R$ 33,7 milhões em investimentos na obra.
Guarujá começa obras de contenção do Morro Barreira do João Guarda
Prefeitura de Guarujá/ Helder Lima/ Divulgação
A cidade de Guarujá (SP) foi uma das mais afetadas e teve 34 vítimas fatais. Na época, diversos morros passaram por desabamentos e, por consequência, moradores e bombeiros morreram soterrados. Um dos locais mais atingidos foi o Morro da Bela Vista, também conhecido como Morro do Macaco Molhado.
Morro do Macaco, em Guarujá (SP), foi um dos mais atingidos por temporal em 2020
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Em março deste ano, a prefeitura informou por meio de nota que na última atualização do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), de 2016 – quatro anos antes da tragédia -, feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), foram apontados 1.644 imóveis em áreas de encosta de morro. Sendo assim, segundo o município, são 7.129 famílias em áreas de risco.
A administração municipal acrescentou que, atualmente, a cidade possui 70 áreas irregulares, sendo 24 consideradas de risco [morros e palafitas]. Desses locais, 40 estão em processo de regularização fundiária [ação que tem o objetivo de regularizar ocupações clandestinas em uma cidade].
Guarujá, SP, durante a tragédia
Medidas após a tragédia em Guarujá
A prefeitura pontuou que, após a tragédia, centenas de famílias ficaram desabrigadas. O município informou ter inserido 650 delas no benefício de locação social municipal, que oferece R$ 200,00 mensais, que se somam ao auxílio de locação social do Estado, no valor de R$ 300,00, totalizando R$ 500,00 mensais.
Ainda de acordo com a prefeitura, tal benefício será mantido enquanto essas famílias não recebem suas unidades, que começam a ser construídas ainda este ano, no conjunto Cantagalo, na Enseada, com investimentos de R$ 27 milhões.
Encosta do Morro do Macaco, em Guarujá, SP, após obras
Sobre os locais atingidos pelo temporal, além das famílias que tiveram os imóveis condenados pela Defesa Civil do município, as demais foram orientadas a sair preventivamente, para que aguardassem o período de 72 horas de estiagem, para depois retornar com segurança.
Obras em Guarujá
A prefeitura informou que, uma semana após os deslizamentos, solicitou ao Governo do Estado R$ 77 milhões para as obras de reestruturação dos pontos afetados e a limpeza dos locais. Deste montante, segundo o município, foram repassados R$ 20,5 milhões para uso específico no chamado plano de resposta rápida, que compreende serviços de limpeza e correção de estragos.
Limpeza e remoção de sedimentos provenientes do escorregamento das encostas dos morros Barreira do João Guarda, Vila Baiana, Engenho e Cachoeira – R$ 17 milhões;
Limpeza de vias públicas, restauração de unidades de saúde deterioradas pelos impactos das chuvas torrenciais e remoção do entulho de casas que desabaram com o deslizamento de terra – R$ 3,5 milhões.
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Relembre o caso
A chuva forte que atingiu a Baixada Santista em março de 2020 deixou 45 pessoas mortas. Em Guarujá, foram 34 mortes registradas, enquanto em Santos foram oito e, em São Vicente, três vítimas fatais.
Parque Prainha, em São Vicente, SP, após a tragédia
O temporal começou na noite de 2 de março e estendeu-se durante toda a madrugada e manhã do dia seguinte. Moradores registraram alagamentos, e ruas ficaram intransitáveis em toda a Baixada Santista. Passageiros de um ônibus mostraram o rápido aumento do nível da água no interior do veículo. Diversas linhas de ônibus e itinerários foram comprometidos pelo temporal.
Na época, houve quedas de barreira nas rodovias Anchieta, Cônego Domênico Rangoni, Rio-Santos e Guarujá-Bertioga, que fazem a ligação de cidades da Baixada Santista com outras regiões do Estado de São Paulo. As rodovias precisaram ser interditadas.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Começam as obras de contenção na Barreira do João Guarda após tragédia que matou 34 pessoas em Guarujá, SP
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