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Duas semanas após ser agredida por surfista brasileiro em Bali, americana volta aos EUA sem que ele fosse preso: ‘como se nada tivesse acontecido’


Sara Taylor passou 19 dias surfando em Bali e disse que vai acompanhar o caso da Califórnia, nos EUA. Agressão aconteceu em 5 de abril e, até agora, ninguém foi preso. Surfista é agredida por capixaba enquanto pegava onda em Bali
Duas semanas se passaram desde que a surfista Sara Taylor foi agredida por um brasileiro por causa de uma onda em Bali, na Indonésia. O caso ganhou destaque internacional após um vídeo feito pela cinegrafista de Sara viralizar nas redes sociais. Mesmo após a americana ter ido até a delegacia e ter registrado um boletim de ocorrência e mostrado todos os vídeos, a americana contou com exclusividade ao g1 que os envolvidos no caso ainda não foram presos.
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A equipe do g1 tentou contato com surfista capixaba JP Azevedo, acusado de agredir a americana enquanto pegavam uma onda e também na areia da praia, mas não teve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.
Sara explicou que teve que entrar em contato com a embaixada dos Estados Unidos para pedir ajuda e acabou descobrindo que a queixa realizada um dia após a agressão não foi oficialmente registrada pela polícia de Bali.
“Nós tentamos fazer o registro de ocorrência no dia depois do ataque. Passamos cerca de 6 horas em duas delegacias e descobrimos que eles nunca registraram de fato o boletim oficialmente. Então, na segunda, nós fomos em uma outra delegacia com um advogado e um tradutor e assim conseguimos fazer o registro”, contou a americana.
Surfista capixaba agride outra surfista no mar em Bali, na Indonésia
Reprodução/Redes sociais
A surfista americana contou que teve muita dificuldade na delegacia, e que tanto o capixaba JP Azevedo, quanto o outro brasileiro Adriano Portela, ainda não foram presos.
“Nós demos para eles todas as informações, endereços, números, tudo que nós temos. Não sabemos qual vai ser o próximo passo, tudo foi muito confuso. Não sei o que eles vão fazer, mas espero só conseguir alguma justiça. Tem sido um processo muito lento e confuso, mesmo com todas as evidências”, disse Sara.
A americana desabafou ainda dizendo que ficou sem entender por que nada foi feito.
“Eu não pensei que seria assim tão complicado com todas as provas que nós temos. Isso me deixa muito chateada, e é um pouco chocante que esse caras perigosos continuam por aí e nada aconteceu com eles ainda. Pareceu como se nada tivesse acontecido. Eu estou saindo de Bali sem respostas”, disse Sara
Acompanhando o caso de longe
Sara disse que existe a possibilidade de que ela tenha que voltar a Bali para falar com a polícia novamente sobre o caso.
“Não faz nenhum sentido pra mim, mas se é isso que eu preciso fazer para ter justiça, então eu farei. Eu estou chocada de que é isso que tenha que acontecer. Eu vou continuar acompanhando, porque se não, eu tenho medo de que nada aconteça. O advogado disse algo sobre eles falarem com JP e tentar chegar em algum acordo entre nós dois. Mas eu não quero isso, eu não quero vê-lo nunca mais”, contou Sara.
A americana disse ainda que vai buscar mais ajuda judicial dos Estados Unidos para dar seguimento ao caso.
“Eu não tenho nenhuma explicação sobre o que pode acontecer com eles e como é a lei em Bali. Mas eu acho que vou tentar uma ajuda legal extra. E vou continuar acompanhando tudo mesmo de longe”, contou a surfista.
Sara chegou em Bali no dia primeiro de abril e passou dezenove dias surfando na Indonésia. Nesta quarta-feira (19), ela voltou para os Estados Unidos, e reforçou que não vai desistir até conseguir justiça.
“É muito estranho, estou tentando ficar confiante de que algo vai acontecer, tentando transformar em uma experiência positiva, e tentando ficar esperançosa. Mas é muito triste o que aconteceu e que até agora nenhuma justiça foi feita. Mas eu vou continuar buscando a justiça, e eu não vou desistir disso. Nós mulheres precisamos dar suporte umas às outras”, finalizou a americana.
Outros vídeos antes da agressão
Novos vídeos mostram momentos antes e depois de surfista brasileiro agredir americana
Outros vídeos divulgados pela surfista Sara Taylor mostram a norte-americana momentos antes de ser agredida pelo brasileiro JP Azevedo, em Bali, na Indonésia (veja acima). Em um outro registro, é possível ver que a mulher e a amiga não agrediram JP na areia, como o capixaba havia dito anteriormente. As imagens foram cedidas com exclusividade ao g1.
Em dos novos registros, várias outras pessoas aparecem na água. Sara e um amigo de JP chegam a se esbarrar quando tentam surfar uma mesma onda. No segundo vídeo, JP e Sara já estão na areia. O brasileiro está com uma toalha branca no pescoço e parece arrumar algumas coisas no porta-malas do carro.
Charlie, cinegrafista de Sara, se aproxima e pergunta para o capixaba: “Você gosta de bater em mulheres no rosto?”. JP percebe que está sendo filmado e dá um tapa na câmera. Em seguida, uma voz feminina diz: “Você é insano”.
O surfista, então, responde: “Você é igual um homem, eu não sabia que você era mulher”. Sara se surpreende: “O quê?”.
Depois disso, JP dá mais um soco na direção de Charlie, para tentar atingir a câmera, que balança. Sara dá um grito, pedindo que o surfista pare. Ela tenta segurar o punho dele.
O surfista capixaba foi procurado pelo g1 sobre as denúncias de agressões, mas não havia retornado até a última atualização desta reportagem.
Na tarde desta quinta, JP postou um vídeo falando sobre a agressão na surfista norte-americana (veja abaixo). No vídeo, ele disse que agrediu Sara porque achou que ela era um homem. O capixaba pediu desculpas.
Falou também o vídeo postado pela surfista norte-americana havia sido editado e não mostrou momentos em que ele foi agredido.
“Fala, pessoal. Inicialmente, eu gostaria de falar que estou profundamente arrependido e envergonhado por tudo o que aconteceu ontem. Eu acabei perdendo a cabeça, cometendo atitudes inadequadas, e estou muito arrependido. Porém, sem querer justificar a minha atitude, o vídeo postado pela menina foi editado e me coloca numa condição muito delicada”, disse JP no vídeo.
Ainda no vídeo, JP contou que Sara estava pegando ondas de outros surfistas e atrapalhando outros atletas. O capixaba também comentou que, na areia, foi inicialmente agredido por Sara e Charlie e que, depois, apenas se defendeu.
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Surfista americana falou ao g1
Nesta sexta, Sara Taylor falou por telefone com exclusividade ao g1. Ela contou que fez um boletim de ocorrência na polícia de Bali, na Indonésia, e que espera que JP, um amigo que agrediu verbalmente e outros envolvidos sejam punidos.
Sara Taylor levou socos enquanto surfava em uma praia de Bali e as agressões continuaram do lado de fora, na praia.
A atleta norte-americana contou que estava surfando e que o amigo de JP veio de forma intencional para cima dela na onda. “Essa foi a minha primeira onda, eu não peguei nenhuma onda antes disso”, comentou Sara.
“Eu estava surfando, estava cheio, e eu vi alguns caras que estavam se esbarrando. Às vezes acontece no surfe, mas a onda veio e eu estava no lugar certo. Esse cara, de forma intencional, esbarrou em mim, não foi um acidente. Ele veio na minha direção, como se quisesse me bater. Eu empurrei ele da minha frente”, disse a surfista.
O relato de Sara contradiz o que JP disse no vídeo. Segundo o capixaba, a surfista estaria pegando as ondas de todo mundo e que a atitude dela o deixou incomodado.
Sara deu mais detalhes sobre o momento da agressão no mar. “Tudo aconteceu muito rápido, eu estava confusa, eu nem entendi muito bem o que ele estava gritando”, disse a surfista.
“Ele estava gritando algo que era a onda deles, mas eu perguntei, ‘Era você ali?’ E ele disse ‘Não, era meu amigo’. Eu não queria ficar discutindo, eu só queria surfar, então eu joguei água na cara dele, como se fosse para ele parar, tipo, porque você está gritando comigo? E eu continuei nadando e foi aí que ele me bateu”, relatou Sara.
A surfista ficou incomodada porque disse que estava no mar com outras pessoas, e ninguém fez nada para ajudar. “Os amigos só olharam, e o cara de camisa branca, que disputou a onda comigo, ele começou a vir na minha direção de forma agressiva”, disse Sara.
“Eu fiquei em choque, eu não queria brigar eu só queria surfar, mas eu não queria me sentir derrotada, como se eles tivessem me espantado dali, então eu continuei surfando por pelo menos 1 hora”, explicou a surfista
Ela destacou a importância da cinegrafista Charlie ter filmado toda a ação, e como isso foi fundamental para o registro de ocorrência na delegacia.
“Charlie filmou tudo, o que é incrível, porque se não, os caras iam continuar fazendo isso, e eu recebi muitas mensagens de que isso é o que eles fazem, que isso aconteceu várias vezes antes”, relatou a norte-americana.
Agressões na areia
Fora do mar, JP Azevedo continuou agredindo a surfista Sara
Reprodução/Redes sociais
Depois que Sara saiu do mar, as agressões continuaram. A surfista disse que a briga ficou mais intensa, e que JP bateu novamente nela e até na amiga. “Ele saiu e eu acho que ele estava esperando os amigos. Então Charlie me perguntou: ‘alguém te bateu lá? E eu falei, sim, foi ele”, disse a surfista.
“Ela queria filmar o rosto dele, só para ter certeza de que ele era o cara que me bateu. E depois ele ficou irritado que ela estava filmando ele e tentou tirar a câmera dela. Tudo escalou muito rápido depois disso. Ele começou a atacar ela, e quando eu vi aquilo acontecendo eu só tentei defender Charlie” contou Sara.
A surfista repetiu mais uma vez que a praia estava cheia e ninguém ajudou as duas ou tentou afastar JP. Ela disse ainda que o amigo do JP fez ameaças.
“Estava uma briga muito feia. Algumas pessoas na praia ficaram só assistindo e falando parar parar, mas eu gostaria que eles tivessem ajudado mais a gente, ninguém foi tentar segurar JP. Nós só queríamos ir embora. O amigo dele (JP) ficou nos ameaçando, xingando, e chegou a correr atrás da gente. Poderia ter sido muito pior”, disse a surfista
Registro na delegacia
Sara contou que após ela e Charlie saírem da praia, elas foram fazer o registro de ocorrência na delegacia. No local, elas deixaram os vídeos que registraram a agressão e mostraram diversos comentários apontando quem era o agressor e que ele já tinha um histórico violento. “E também não foi a primeira vez que ele foi violento com qualquer pessoa”, afirmou a surfista.
“Nós fomos até a polícia, porque se a gente não tivesse ido, ele simplesmente ia continuar fazendo isso. Eu falei para eles que essa não foi a primeira vez que ele bateu em mulheres, mas que dessa vez foi filmado. Eu quis fazer o registro para que ele pare de fazer isso porque ele parece estar fora do controle. Eu quero que eles paguem pelo o que fizeram”, relatou a surfista.
Surfista capixaba JP Azevedo disse que pensou que a surfista era homem
Reprodução/Redes sociais
A surfista relatou também que ficou com a cabeça inchada e sentindo dores após a agressão, e que ficou com várias marcas nos braços e no queixo. Sara disse que preferiu não buscar atendimento médico.
Mulheres no surfe
A atleta norte-americana também comentou sobre o fato de JP ter dito que a agrediu porque pensou que ela era um homem.
“Ele continuou dizendo que eu parecia um homem. Eu perguntei o nome dele e ele disse: ‘Eu sou uma mulher, meu nome é mulher, que nem você, na verdade, você é um homem’. É rude demais, mas eu não ligo para os insultos e para a opinião dele. Naquele momento, na praia, ele sabia muito bem que estava batendo em duas mulheres”, pontuou Sara.
Sara surfa desde os 10 anos
Reprodução/ Redes sociais
Sara, que tem 32 anos, começou a surfar quando tinha 10 e contou que já passou por casos de preconceito no mundo do surfe por ser mulher.
“Às vezes alguns homens tratam mulheres de um jeito diferente, negativo, no mundo do surfe. Eles veem as mulheres como um alvo mais fácil. Mas o surfe é para todo mundo e é sobre ter diversão, esse incidente é revoltante, não é o que o surfe é. A mensagem que eu passo para as mulheres surfistas é: não se sintam excluídas ou diferente por ser uma mulher”
A surfista disse que viu o relato da ex-companheira de JP, que contou ter sido agredida por ele.
“Eu vi quando acordei e fiquei muito, muito triste. Eu espero algum tipo de justiça seja feita. Ela é uma mulher muito forte”, disse Sara.
Sobre o caso
Um vídeo postado no dia 5 de abril por Sara em suas redes sociais (veja no início da reportagem) mostra o momento em que a norte-americana leva um soco do brasileiro dentro da água e continua sendo agredida por ele do lado de fora, na praia.
“Essa menina parecia um homem, eu não sabia que ela era mulher. Ela surfava igual homem, se vestia igual homem. Ela tava pegando a onda de todo mundo, não estava respeitando ninguém. Ela foi na onda do meu amigo e empurrou meu amigo pra fora da onda”, disse JP.
O vídeo postado pela norte-americana mostra Sara sobre sua prancha pegando uma onda quando JP se aproxima e atinge a cabeça dela com um soco. A mulher se vira para ele, mas parece não revidar de imediato. Em seguida, ainda no vídeo postado por Sara, os dois aparecem já do lado de fora da água.
As imagens mostram que ele avança em direção a ela e tenta agredi-a la com mais socos. A câmera, manuseada por uma terceira pessoa, parece cair, e é possível ouvir alguém gritar para o agressor ir embora. Segundo o post de Sara, JP continuou agredindo porque viu que estava sendo filmado.
“Depois de dropar na minha primeira onda, o amigo do cara me deu um soco na cabeça e depois de ser confrontado por ter me batido, ele atacou Charlie na praia por estar filmando ele. Isso é insano, alguém sabe quem são?”, disse a surfista na postagem.

‘Perdi a cabeça num estresse momentâneo’
O surfista brasileiro disse ter ficado incomodado com as atitudes de Sara enquanto surfava – segundo ele, “pegando a onda de todo mundo” – e afirmou ter ido em direção a ela para perguntar por que ela estava agindo daquele jeito.
“Eu fui perguntar por que ela tinha feito isso com o meu amigo. Ela passou e jogou água na minha cara, me xingou. E aí eu perdi a cabeça num estresse momentâneo e acabei agredindo ela. Perdi a razão. Depois que eu a agredi que eu vi que era mulher. Ela tava de camiseta e não dava pra ver o sutiã. Logo depois eu pedi desculpa, um amigo meu veio remando pra cima e eu falei: ‘calma, é mulher'”, declarou JP.
JP contou ainda que, quando saiu da água, Sara e a namorada teriam ido até ele, tentando jogar o surfista no chão.
“Ela e a namorada vieram pra cima de mim. Tentaram me jogar no chão, quebraram alguns pedaços da minha prancha, que elas pegaram dentro do meu carro. Quando eu vi que ela pegou minha prancha eu saí correndo. Elas vieram pra cima de mim, eu só fiz me defender”, explicou JP.
Durante a agressão fora do mar, Sara se aproxima de JP, ele segura o braço dela e continua dando socos. Uma mulher que está fazendo o vídeo chega a gritar várias vezes “Vai embora, vai embora!”. Ainda é possível ver outros surfistas em volta, acompanhando a confusão.
Nas redes sociais, o vídeo viralizou e vários surfistas brasileiros conhecidos internacionalmente se manifestaram repudiando o comportamento. Um deles foi o campeão mundial Filipe Toledo.
“Sinto muito que isso tenha acontecido com vocês! Espero que vocês estejam bem! Não se estressem com pessoas com esse tipo de energia. Eles não duram muito, a vida vai voltar para eles. Mas o que a gente puder fazer para achá-lo, nós iremos fazer. Deus te abençoe e fiquem bem”.
Outros surfistas do país também se manifestaram, identificando JP e falando que ele não representa o espírito do brasileiro.
JP é de Vitória e mora em Bali desde 2019.
O surfista brasileiro campeão mundial Filipe Toledo se manifestou na publicação de Sara
Reprodução/Redes sociais
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