Luiz Cabral Waddington já tinha sido ouvido nesta terça-feira (18) sobre uma nova guerra pelo controle dos pontos de jogo do bicho no RJ. O contraventor Luiz Cabral Waddington
Reprodução/TV Globo
O contraventor confesso Luiz Cabral Waddington foi ouvido nesta quarta-feira (19) na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Barra da Tijuca. Ele foi convocado pela polícia para falar sobre as mortes de um policial, um miliciano e um outro homem na Tijuca. Os investigadores querem saber se os crimes têm relação com a guerra do jogo do bicho no RJ.
A DHC investiga o assassinato de Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, no último dia 6, na Rua Caruso, na Tijuca. Fernando tinha quatro anotações criminais por jogo de azar.
Segundo Luiz, a vítima trabalhava para a família Garcia, que controla o jogo do bicho em pontos das zonas Sul, Norte e Centro — a mesma família para quem Luiz confirma trabalhar.
Luiz começou a prestar por volta do meio-dia e só deixou a sala do delegado no início da noite.
“Eu não tenho mais nada que declarar, eu já declarei tudo que tinha pra falar. Agora é só o trabalho da polícia e da Justiça”, disse.
Ele falou sobre a guerra pelo controle do jogo do bicho no Rio, que pode ter feito mais uma vítima nesta terça-feira (18).
O cabo da PM Daniel Mendonça da Silva, de 41 anos, foi assassinado a tiros na Rua Piraí, em Marechal Hermes, na Zona Norte, às 18h20. Ele estava de folga.
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O cabo Daniel Mendonça da Silva, de 41 anos
Reprodução
Daniel foi preso no início do mês passado, junto com outros oito suspeitos de integrarem uma organização criminosa que explora o jogo do bicho. No grupo, havia um segundo PM. Ele portava uma arma registrada no nome do bicheiro Bernardo Bello.
Bernardo Bello é ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Segundo a polícia, ele comanda o jogo do bicho para a família Garcia.
No depoimento, Luiz Cabral falou da morte do cabo Daniel Mendonça.
Nesta terça, o RJ2 mostrou que Luiz Cabral decidiu denunciar os integrantes da “concorrência” depois que o filho dele foi baleado, na sexta-feira (15), perto do Sambódromo.
Luiz Henrique, de 22 anos, levou 4 tiros e teve ferimentos moderados. Ele havia sido preso em 2018 pelo crime de receptação.
Luiz Cabral apontou quem teria sido o responsável pela tentativa de assassinato.
“Eu tenho certeza que foi o pessoal do Adilsinho, querendo tomar o ponto de bicho nosso, Rogério Andrade e o Vinicius Drummond, dono do local. Eu trabalho com isso há 20 anos. Estão passando há 2 meses, passando nos pontos, dizem que quem não trabalhasse com eles ia morrer”, disse o contraventor.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as denúncias.
Adilsinho citado por ele, é Adilson Oliveira, conhecido como Adilsinho da Grande Rio. Ele foi investigado como um dos chefes da máfia que vende cigarros ilegalmente na Região Metropolitana e no interior do estado.
Segundo as investigações, Adilson deu um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões aos cofres públicos em impostos sonegados.
Já Vinícius Drumond é herdeiro do contraventor Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond. Vinícius é presidente de honra da Imperatriz Leopoldinense.
A denúncia de Luiz Cabral, assumidamente um funcionário do jogo do bicho, não revela apenas os bastidores de uma guerra pelo controle de pontos de apostas. Ele diz que por trás dos crimes mais recentes está o objetivo de se criar uma nova cúpula do jogo do bicho no Rio.
Em conversas obtidas pela Polícia Federal, Adilsinho demostra o desejo de criar essa cúpula com três ou quatro integrantes. Seria uma resposta aos bicheiros tradicionais que, no entendimento dele, são muito centralizadores.
Adilson, além da máfia do cigarro, é também, segundo as investigações, um dos herdeiros de parte do jogo do bicho em Duque de Caxias.
Nos últimos meses, foram pelo menos dois assassinatos e dois ataques a pessoas envolvidas com a contravenção.
Entre os mortos, está o miliciano Marcos Antônio Figueiredo, o Catiri. A investigação do Ministério Público revelou que ele fazia parte do braço armado de Bernardo Belo, o bicheiro para quem Luiz Cabral confessou trabalhar.
Rogério Andrade, Adilson Filho e Vinícius Drumond, que são citados pelo contraventor Luiz Cabral como responsáveis pelo atentado contra seu filho, negam as acusações.
A Polícia Militar disse que vai mandar o caso para a Corregedoria assim que tiver acesso às imagens e identificações.
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