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Caso Kauã e Joaquim: julgamento de ex-pastor acusado de abusar, torturar e matar filho e enteado marca dois anos do crime; relembre o caso


Julgamento do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, acusado de abusar sexualmente e matar o filho e o enteado, começou nesta terça-feira (18) e deve durar três dias. Kauã e Joaquim morreram em incêndio em Linhares em 2018.
Reprodução/TV Gazeta
Após adiamento, começou nesta terça-feira (18), o julgamento do caso do ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, acusado de abusar sexualmente e matar o filho e o enteado, os irmãos Kauã e Joaquim, em Linhares, Norte do Espírito Santo. Nesta sexta-feira (21), a morte das duas crianças completa cinco anos.
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O julgamento foi iniciado e suspenso no último dia 3, após a defesa do pastor abandonar o salão do júri, no Fórum de Linhares, onde vai ser realizado o julgamento. Georgeval vai ser julgado pelas acusações de duplo homicídio qualificado, duplo estupro de vulnerável e tortura.
Naquele dia, o advogado de Georgeval, Pedro Ramos, deixou o plenário alegando “ameaças sofridas pela defesa, não somente no âmbito pessoal como no familiar”, e com a intensificação dessas não só no campo virtual nos últimos dias. Segundo a defesa, não haveria segurança suficiente para o acusado e seus advogados caso o julgamento acontecesse em Linhares.
Devido à atitude dos advogados em deixar o plenário, o juiz Tiago Fávaro Camata, da 1ª Vara Criminal de Linhares, entendeu que a posição da defesa de Georgeval foi a de abandono de causa e determinou que o advogado Deo Moraes (que já fez parte da defesa do acusado anteriormente) retornasse para defender o réu pago pelo Estado como advogado dativo.
Na última semana, Pedro Ramos disse ao g1 que seguiria no caso. “Nós nunca abandonamos o caso. Nós abandonamos o plenário.”, disse o advogado.
Nessa reportagem, você relembra:
As interferências na investigação
Perícia confirma que as crianças foram abusadas e queimadas vivas
O que aconteceu com a mãe das crianças
A revolta das família
As mudanças na data do julgamento
O julgamento que começou, mas foi adiado
1. O dia do incêndio
Pastor Georgeval contou na primeira entrevista que tentou salvar as crianças
Reprodução/TV Gazeta
De início, a notícia chegou como um acidente doméstico. O incêndio aconteceu na madrugada de sábado do dia 21 de abril de 2018. As chamas atingiram apenas o quarto das crianças.
Na época, Georgeval contou que assistia a um filme com os filhos à noite e depois os colocou para dormir. Ainda segundo a versão do ex-pastor, por volta das 2h, a babá eletrônica que monitorava as crianças no quarto começou a apitar e ele ouviu gritos dos filhos. Depois disso, ele teria tentado salvar as crianças.
“Eu vi um fogo muito grande. Eu corri desesperado, eu escutei o choro deles, a gritaria, eles gritando pai, pai, pai. Eu coloquei a mão na cama e não consegui pegar. Eles se abraçaram, eu não consegui, o fogo estava muito quente, queimei meus pés, minhas mãos. Eu saí, estava só de cueca, gritando. Comecei a desesperar, duas pessoas vieram e me tiraram da casa, eu tentei uma três vezes entrar para salvar mas já não ouvia mais a voz deles”, contou Georgeval na época logo após a morte das crianças.
Em uma imagem gravada por uma câmera de segurança é possível ver o momento que as chamas se espalham pela casa. Segundo o Corpo de Bombeiros, os irmãos morreram carbonizados.
Imagens de câmera de segurança mostram o momento que chamas atingem quarto das crianças
Reprodução/TV Gazeta
Horas depois do incêndio, Georgeval fez um culto na igreja onde era pastor. Depois do culto ele vai a uma pizzaria em Linhares, e aparece com os pés enfaixados.
2. As interferências na investigação
Três dias depois do incêndio, Georgeval e a esposa vão até o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para ajudar na identificação das crianças.
A polícia técnica faz perícia na casa e encontra vestígios de sangue. Uma semana depois do incêndio, o caso tem uma reviravolta e Gerogeval é preso. A polícia alegou que o ex-pastor atrapalhava a investigação sobre o caso.
As inconsistências na versão de Georgeval começaram a aparecer. O exame de lesão corporal mostrou que o ex-pastor teve apenas uma queimadura, do tamanho de uma moeda, somente em um pé.
Os bombeiros apontaram que Georgeval não tinha nenhuma queimadura no rosto, e que a versão narrada por ele seria impossível por causa das altas temperaturas que estariam no local do incêndio.
Sendo assim, a Polícia Civil constatou que o ex-pastor não apresentava lesões de quem teria tentado socorrer duas crianças em um fogo intenso.
Dezenove dias depois do incêndio, os corpos de Kauã e Joaquim são enterrados. Georgeval não vai ao enterro por já estar preso.
3. Perícia confirma que as crianças foram abusadas e queimadas vivas
Ao todo, seis perícias são feitas na casa. Trinta pessoas prestam depoimento e ao final da investigação. A versão de Georgeval é derrubada pelas provas técnicas.
A Polícia informou que o pastor estuprou, agrediu e queimou o filho e o enteado vivos.
Kauã e Joaquim foram assassinados no dia 21 d abril de 2018
Reprodução/TV Gazeta
O delegado André Jaretta contou que para ocultar o ato sexual, comprovado pela perícia, George agrediu as crianças. Essa agressão também foi confirmada pelos vestígios de sangue no banheiro. O exame de DNA atestou que o material era de Joaquim.
“Com as duas vítimas ainda vivas, porém desacordadas, o investigado as levou até o quarto, as colocou na cama e ateou fogo nas crianças, fazendo com que elas fossem mortas com o calor do fogo”, explicou Jaretta.
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O delegado disse ainda que os meninos morreram pela carbonização. “Isso tudo é comprovado pelo exame pericial. As crianças continham fuligem na traqueia e o exame demonstrou que elas ainda respiravam quando começou o incêndio”, afirmou.
Imagens obtidas pela TV Gazeta na época mostraram com exclusividade o estado em que o quarto dos irmãos ficou após serem queimados vivos
Irmãos foram carbonizados dentro do quarto da casa onde moravam em Linhares
Reprodução/TV Gazeta
Para o Ministério Público, Gergeval ainda usou a morte das crianças para se promover na igreja onde era pastor. Segundo o MP, com a “explosão de fiéis” os cultos ficaram lotados, e a igreja arrecadou mais dinheiro.
4. O que aconteceu com a mãe das crianças
Durante a investigação, Juliana Salles, mãe das crianças, chegou a ser presa duas vezes. Para o ministério público, ela foi omissa e sabia que eles corriam risco.
Mas a Justiça entendeu que não havia provas do envolvimento dela na morte dos filhos. O processo contra ela foi arquivado. A decisão gerou um protesto da família de Kauã.
Pastora Juliana Sales Alves presa em Minas Gerais por omissão no caso da morte de filhos em incêndio no Espírito Santo
Umberto Lemos / InterTV
No dia do incêndio, a mãe disse que estava em um congresso em Minas Gerais com o filho mais novo do casal.
Quase cinco anos depois, Juliana está em outro relacionamento e teve mais um filho.
Georgeval continuou preso em Viana.
5. As mudanças na data do julgamento
O julgamento chegou a ser marcado duas vezes, a primeira vez para março, mas foi remarcado para abril, após um pedido feito em caráter de urgência pelo advogado do acusado.
A decisão para mudar a data do julgamento foi feita pelo juiz da Primeira Vara Criminal de Linhares Tiago Fávaro Camata, que também cancelou a nomeação do advogado Deo Moraes Dias, que estava com o caso desde o dia 4 de novembro. Pedro Ramos assumiu a defesa do réu em fevereiro.
A solicitação da defesa para o adiamento do júri foi motivada por um procedimento cirúrgico no dia 14 de março, um dia após a data anterior do julgamento.
6. Julgamento começa e é adiado
Kauã e Joaquim: advogado Pedro Ramos (segundo na foto) deixa defesa de Georgeval no início do julgamento.
Carlos Alberto Silva/Rede Gazeta
Com a nova data marcada, o julgamento começa no dia 3 de abril, já com a expectativa e a incerteza causada pela sugestão de que a defesa abandonasse o caso, a sessão plenária teve início às 10h08, com mais de uma hora de atraso, no fórum de Linhares, no Norte do Espírito Santo e foi suspensa depois que um dos advogados do réu abandonou o plenário.
Inicialmente o julgamento aconteceria por um período de três dias e todo o salão já estava preparado com os 25 jurados, sendo cinco homens e vinte mulheres e desse grupo seriam escolhidos os jurados do conselho de sentença.
Com o abandono e a nova do julgamento marcada para 18 de abril, o juiz multou a defesa do ex-pastor em mais de R$ 260 mil.
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