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Parque Xixová-Japuí: conheça o fragmento de Mata Atlântica equivalente a 600 campos de futebol


Território no litoral de São Paulo preserva biomas e abriga 319 espécies de animais vertebrados. Parque Estadual Xixová-Japuí está localizado entre as cidades de Praia Grande e São Vicente, na Baixada Santista
Acervo/Fundação Florestal
O Parque Estadual Xixová-Japuí, entre as cidades de Praia Grande e São Vicente, no litoral de São Paulo, é um patrimônio natural com território equivalente a 600 campos de futebol. Com milhares de visitantes por ano, o local é um fragmento de Mata Atlântica criado em 1993 e, inclusive, já abrigou uma empresa de tratamento de couro com 400 funcionários.
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Quem já visitou os 600 hectares de área terrestre teve contato, mesmo que indireto, com as 319 espécies de vertebrados que ali vivem. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), foram identificadas 13 espécies de mamíferos terrestres e 21 de marinhos, 87 de aves, 21 de anfíbios, 35 de répteis terrestres e 5 marinhos, além de 137 de peixes.
Ao g1, o historiador Marcos Braga destacou a importância do Parque Estadual Xixová-Japuí para a manutenção histórica da região.
“Esse equipamento leva as pessoas a conhecerem a realidade, que sobrou muito pouco da Mata Atlântica aqui na região, leva as escolas a fazerem trilhas turísticas, ecológicas e históricas. Isso eu acho que é um trabalho de preservação e de conservação”, explicou.
A equipe de reportagem reuniu curiosidades sobre o Parque Estadual Xixová-Japuí. Confira abaixo:
Atrativos
Praia de Itaquitanduva, em São Vicente (SP)
Paulo Freitas/A Tribuna
Os principais atrativos na área do Parque Estadual Xixová-Japuí são as praias de Itaquitanduva, Paranapuã e Canto do Forte, além das trilhas do Curtume e dos Surfistas.
O local é famoso pelo antigo Curtume Cardamone, datado de 1914, que operou durante 60 anos em São Vicente. Também há a Fortaleza de Itaipu, a Pedreira, as Bicas e a área marinha.
O parque preserva diferentes biomas, como ecossistema marinho, costão rochoso, praia arenosa, mata de restinga e também de encosta.
A fauna e a flora são ricas. Podem ser encontrados bichos-preguiças, borboletas, tartarugas marinhas, jacus, morcegos, trinta-réis e jacutinga – os dois últimos ameaçados de extinção. Na flora, podem ser vistas embaúbas, bromélias, figueiras e espécies ameaçadas, como o palmito-juçara.
Espécies ameaçadas
De acordo com o historiador Marcos Braga, a região é de importância histórica para o Brasil devido à chegada de Martim Afonso e a população que ali vivia cerca de 20 anos antes. Na região ficam as ruínas do Porto das Naus, datado do século XVI.
O parque foi criado em uma área de preservação e engloba a praia de Paranapuã, conhecida como a Praia das Vacas, onde rebanhos bovinos ficavam antes do matadouro. Do outro lado da montanha, a Praia de Itapicanduva, point dos surfistas.
A Semil mapeou as principais espécies da fauna no local. Segundo a pasta, a ave trinta-réis-real (Thalasseus maximus), ameaçada de extinção, encontrou o ambiente ideal para descanso na Praia de Paranapuã (veja abaixo).
Trinta-réis-real
Reprodução/Elisa Ilha
Nos casos de mamíferos marinhos, a toninha (Pontoporia blainvillei) é um dos destaques no Xixová-Japuí. A espécie ocorre na área marinha protegida e, assim como a trinta-réis-real, também está ameaçada de extinção.
Toninhas
Federico Sucunza/GEMARS
O tamanduá-mirim aparece como um dos principais mamíferos terrestres do parque estadual. Segundo a Semil, o animal solitário e de hábitos tanto noturnos quanto diurnos vive na área de terra protegida. A alimentação é composta preferencialmente de formigas e cupins.
Tamanduá-mirim
Paulo Couto
Moradia de povos originários
Segundo Braga, em 2003 houve uma encenação sobre a Vila de São Vicente em que a prefeitura incentivou a participação de indígenas vindos de várias aldeias, como das cidades de Itanhaém, São Sebastião, Mongaguá e Peruíbe.
Estudiosos têm registros de outra população ocupando a região atrás da Praia das Vacas. Isto é, antes da chegada dos indígenas tupi-guarani.
“A gente tem referências de uma pequena população, uma pequena capela, no século XVIII, XIX. Então, havia toda uma ocupação já dessa região desde aquela época. A questão dos indígenas é muito mais recente”, afirmou o historiador.
Grupo indígena de Paranapuã, no Parque Estadual Xixová-Japuí
Acervo/A Tribuna
Abrigou indústria de couro
O historiador contou que havia no parque uma indústria de tratamento de couro onde os animais eram mortos em um matadouro e, depois, o material era trabalhado para fazer roupas e calçados.
“O curtume era uma indústria, vamos chamar assim, de tratamento de couro. Os bois eram mortos lá no matadouro, na divisa com Santos. Aí esse couro vinha para lá [parque], ele era tratado para ser vendido”, disse.
A Semil informou que o curtume da empresa Cardamone & Cia foi instalado na encosta do morro do Japuí em 1897, quando o processo de industrialização na região estava no início. Segundo a pasta, havia presença abundante de tanino, extraído da vegetação de mangue e de água obtida a partir das nascentes, o que favorecia as exigências da atividade coureira.
A indústria ficava em um prédio incrustado em meio à vegetação e funcionou em São Vicente por cerca de 60 anos. Ela chegou a empregar 400 funcionários, mas com a desativação do matadouro de gado em Santos, no início dos anos 1970, o estabelecimento parou de funcionar.
Trilha do Curtume
Trilha do Curtume, na Baixada Santista
Fundação Florestal/Divulgação
O Curtume Cardamone, em São Vicente, e a Fortaleza de Itaipu, em Praia Grande, que ficam dentro do Parque Estadual Xixová-Japuí. Os locais são importantes testemunhos históricos no contexto regional e nacional brasileiro.
A Trilha do Curtume começa pela Alameda Juçara, segue pelo Espaço Grande Árvore, por uma pedreira, trecho de subida em mata fechada onde há um ponto para descanso. Já na descida, há a vista para o mar que leva ao principal atrativo, a Praia de Itaquitanduva.
Segundo a Semil, para visitar a Trilha do Curtume, o interessado deve fazer o agendamento pelo site Ingressos Parques Paulistas.
No site há opção de agendar a trilha de modo autoguiado (gratuito) ou monitorado (pago). Apenas os monitores cadastrados podem prestar o serviço aos visitantes dentro do parque, que funciona todos os dias, das 8h às 17h.
Trilha do Curtume, no Parque Estadual Xixoxá-Japuí
Acervo/Fundação Florestal
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