Engenheiro ambiental Lucas Chiabi criou o Ciclo Orgânico, uma iniciativa simples e eficaz de contribuir para a sustentabilidade do planeta Divulgação
Quando criança, Lucas Chiabi queria ser motorista de caminhão de lixo. Não porque compreendesse o impacto que isso teria no meio ambiente, mas porque, sob a influência do pai, que não jogava nada fora e gostava de consertar e recriar objetos, acreditava que, ao dirigir esse tipo de veículo, poderia levá-lo para casa e garimpar matéria-prima para fazer o mesmo. Hoje, aos 33 anos, realiza um trabalho muito mais profundo e consciente, mas não distante do conceito de que é possível transformar o que parece descartável em algo útil novamente.
Lucas tem um projeto de compostagem que ensina e ajuda as pessoas a converterem seus resíduos orgânicos em adubo, reduzindo a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários e evitando a emissão de gases causadores do efeito estufa. Além de contribuir ativamente para a sustentabilidade do planeta, gera emprego e renda para 40 pessoas e consciência ambiental nas comunidades atendidas em mais de 30 bairros do Rio de Janeiro.
Batizado de Ciclo Orgânico, o programa é simples e eficaz: ao custo de uma assinatura mensal, ele entrega aos clientes baldes personalizados para que coletem os resíduos orgânicos em suas casas. Periodicamente, busca os recipientes cheios e se encarrega de fazer a compostagem. O adubo gerado é utilizado para melhorar a qualidade do solo e parte dele é devolvida ao dono para ser usada, por exemplo, em hortas e jardins, fechando o ciclo de forma ecológica.
“As pessoas não precisam criar minhoca em casa, se preocupar em ter uma composteira. Só precisam realmente separar o resíduo orgânico, botar num baldinho, e a gente faz o resto”, diz Lucas, que cursou Engenharia Ambiental na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde teve o primeiro contato com a compostagem durante um curso de extensão e fez da técnica um estilo de vida.
A ideia foi inspirada em uma iniciativa semelhante desenvolvida em Florianópolis (SC) e virou negócio há nove anos, a partir de um programa de empreendedorismo do qual Lucas participou. “Tinha uma premiação em dinheiro para a ideia mais inovadora e eu ganhei. Com esse prêmio, comprei a primeira bike, montei as primeiras composteiras, fiz o site e comecei a atender”, recorda. “Eu usava a casa dos meus pais como escritório, guardava a bike no bicicletário, os baldinhos, as minhocas, o adubo ensacado, e fazia compostagem no parque público, onde não pagava o aluguel”, acrescenta.
De lá pra cá, o esforço de Lucas pela conscientização ambiental que começou dentro de casa, onde morava com os pais e o irmão, se estendeu para amigos próximos, para a vizinhança, até que se consolidou como uma iniciativa de sucesso capilarizada em todas as macro-regiões do Rio de Janeiro. Hoje em dia, já são 7 mil assinaturas do Ciclo Orgânico, que é totalmente financiado pelo valor das mensalidades e tem entre os clientes não só pessoas físicas, mas escolas, restaurantes e empresas.
A compostagem agora é feita no sítio do pai de Lucas, em uma área de 3 mil metros quadrados em Duque de Caxias, alugada pelo projeto, onde não só os dois, mas a esposa e mãe também trabalham. Contudo, apesar do êxito e do alcance do Ciclo Orgânico, o empreendedor destaca que o maior desafio ainda é o convencimento das pessoas a mudarem suas rotinas dentro de casa. “Elas têm uma resistência muito grande a se abrirem para algo novo. Mas quando começam, percebem que faz uma diferença muito grande. Entendem que é um investimento no futuro do planeta, no futuro dos nossos filhos. É um exemplo para as próximas gerações”, diz Lucas, que é pai de uma menina de dois anos.
A ação ainda contribui para a redução do desperdício e para o alívio da pressão sobre os aterros da região. “Aqui no Rio, o aterro sanitário fica a 80 quilômetros de distância. Um caminhão vai cheio e volta vazio, anda 160 quilômetros pra enterrar o nosso lixo. É uma montanha absurda de tão grande. Se parar para pensar que a gente deixa de legado para os nossos filhos e netos uma montanha desse tamanho de lixo, é algo que não faz nenhum sentido”, reflete.
Mais do que o motorista de um caminhão de lixo que sonhou em ser, Lucas agora também é um agente ativo na mudança que beneficia o meio ambiente e ajuda a construir um futuro mais sustentável para todos. “Hoje em dia, aqui no Ciclo, a gente comprou um caminhão. Eu dirijo esse caminhão. O mundo dá voltas, né?”, conclui.
Projeto SuperAutor estimula a capacidade criativa e promove o desenvolvimento educacional e social de estudantes
Investir no futuro do planeta passa também por investir na infância. Com o propósito de estimular a escrita, a leitura e a conscientização ambiental, o projeto SuperAutor, uma iniciativa da Águas do Rio, foi desenvolvido em 13 escolas públicas fluminenses.
O projeto culminou em uma tarde de autógrafos emocionante para 287 alunos de cinco escolas da Baixada Fluminense, com idades entre 6 e 12 anos. Na ocasião, os estudantes apresentaram seus próprios livros a professores, familiares e colegas, celebrando o orgulho de se tornarem autores e ilustradores de suas histórias.
A proposta conquistou a comunidade escolar ao transformar a escrita e a leitura em instrumentos de impacto social. Durante seis encontros, os alunos elaboraram textos e ilustrações, que resultaram em obras abordando temas como saúde, meio ambiente e cidadania.
“Iniciativas como essa são um marco para nossa escola, pois desenvolvem nos alunos a criatividade, o senso crítico e a valorização da leitura, além de tratar de questões relevantes como a preservação ambiental. Eles são os futuros usuários dos recursos que preservamos agora”, destacou Cristiana José, diretora da Escola Municipal Carlos Pereira Neto, em Queimados.
O SuperAutor forneceu suporte completo às escolas, desde o planejamento até a entrega dos exemplares. Materiais pedagógicos, livros e vídeos online enriqueceram o processo criativo dos estudantes.
Professores receberam capacitação para aplicar o projeto em sala de aula, enquanto os pais foram incentivados a reforçar os aprendizados em casa, promovendo a integração entre família, escola e comunidade.
“Acreditamos que ações como essa são fundamentais para formar gerações mais comprometidas com a preservação dos recursos naturais. É inspirador ver os alunos expressando suas ideias de forma criativa e se tornando protagonistas de suas histórias”, afirmou Anderson Lopes, supervisor de Responsabilidade Social da Águas do Rio.
Para Samuel Felipe, de 6 anos, a experiência foi marcante.
“Escrever um livro foi muito divertido. No início, foi difícil pensar na história, mas, com o apoio da minha professora e da minha mãe, consegui criar e ilustrar o que eu queria. Aprendi que toda história precisa de começo, meio e fim, e adorei desenhar os personagens e imaginar os lugares. Compartilhar ideias com meus amigos na sala de aula foi uma das melhores partes”, concluiu.