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Como as MTGs dominaram a música brasileira em 2024


Formato musical virou uma nova vertente do funk neste ano, com vários hits e produtores no topo das paradas. Relembre as características das MTGs e os maiores sucessos de 2024. Entenda o que é MTG, sigla que está no nome das músicas mais ouvidas do Brasil
2024 foi o ano das MTGs. Com o funk dominando as paradas, as três letrinhas foram onipresentes e viraram quase uma nova vertente, de Minas Gerais para o mundo.
O que é MTG? Sigla aparece nas músicas mais ouvidas do Brasil
Remix de Billie Eilish com funk cresce nas paradas do Brasil em versão ‘roubada’
DJ Topo leva MTG ao Rock in Rio em show que custou R$ 1 milhão
Além de conquistar novos públicos, as MTGs foram democráticas: nomes como Caetano Veloso, Alceu Valença e até Billie Eilish ganharam versões mais dançantes. Entenda o que é a MTG e como o tipo de funk tomou conta da música brasileira:
Formato ‘virou’ estilo musical
MTG é uma abreviação para “montagem”, uma prática comum no funk. É uma “colagem” de sons ou músicas, com novas batidas e efeitos sonoros.
Esse não é um formato novo. A música “Montagem Jack Matador”, por exemplo, fez grande sucesso nos bailes cariocas já no início da década de 1990. Há vários hits desse tipo no funk das antigas. Outros exemplos são “Montagem do Sax” e “Montagem Power Rangers”.
Mas as MTGs são um novo capítulo dessa história. O g1 apurou que a popularização da MTG (com essa abreviação) é creditada ao funk de Belo Horizonte. Por isso, é comum encontrar elementos do estilo da capital mineira em boa parte das músicas do tipo.
O formato também ganhou espaço por reutilizar faixas conhecidas e mesclar diferentes sonoridades – como “MTG Forró e Desmantelo”, que une funk e forró. Em tempos de pagonejo, funknejo e outros híbridos musicais, o Brasil parece cada dia mais aberto para sons “misturados”.
Mas se inicialmente a MTG era só um formato, em 2024, se tornou praticamente um estilo. Afinal, as MTGs que mais “bombaram” neste ano têm algumas características em comum:
Ao contrário das montagens tradicionais, que mesclavam duas ou mais músicas, hoje muitas MTGs são versões mais dançantes de só uma música;
Muitas usam músicas já queridas pelo público, como hits da MPB ou até sucessos internacionais;
Então, produtores acrescentam elementos característicos da MTG. Para o DJ Luan Gomes, alguns sons essenciais são o “box” (trompete), o “whistle”, um som mais agudo e trêmulo, e a percussão;
O DJ também afirma que as MTGs são mais lentas e têm obrigatoriamente 130 BPM (batidas por minuto);
E como manda a cartilha do funk de BH, são mais minimalistas e “aéreas”.
Os DJs que bombaram
DJ Topo e Seu Jorge recebem disco de diamante triplo por ‘MTG Quem Não Quer Sou Eu’
Reprodução/Instagram
No Spotify e em outras plataformas oficiais, questões de direitos autorais podem barrar o uso de músicas de outros artistas. Então, a festa das MTGs também sofre com problemas burocráticos, e alguns DJs encontram dificuldades para conseguir a liberação das faixas.
Por isso, muitas MTGs eram disponibilizadas nas redes sociais e tocavam nas festas, mas demoravam a chegar nas plataformas oficiais.
Ou seja, anos antes desse tipo de música surgir nas paradas, a MTG já circulava – e influenciava – a cena do funk. Mas foi em 2024 que produtores mineiros, como o DJ SV (“MTG Forró e Desmantelo”), o DJ Jz (“MTG Quero Te Encontrar”) e DJ Luan Gomes (“MTG Tropicana” e “MTG Quero Ver Se Você Tem Atitude”), lançaram as músicas que os firmaram no radar do resto do país.
“Comecei a fazer MTG em 2018”, contou DJ Luan Gomes ao g1. “Antigamente, você pegava vários versos de uma música e transformava em uma música só. Agora, eu só pego tipo uma MPB e faço uma música. Várias pessoas de BH eram contra esse tipo de versão, falavam que não é MTG, é remix. Mas foi uma coisa que pegou e não deixa de ser uma montagem”.
A MTG que liderou as paradas
DJ Topo explica a produção de MTG Quem Não Quer Sou Eu
Em 2024, quem transformou o estilo em um hit nacional foi um produtor paulista: o DJ Topo, que assinou a “MTG Quem Não Quer Sou Eu”. A faixa foi a quarta música mais ouvida no Spotify Brasil neste ano e ficou no topo das paradas por 32 dias.
Segundo o produtor paulista contou ao g1, a música foi inspirada justamente pelo sucesso de outras MTGs, como “MTG Quero Te Encontrar” e “MTG Vamos Sair Um Pouco Para Dançar”. Então, ele decidiu criar o seu remix de uma MPB, e achou uma “perfeita” para o que queria: “Quem Não Quer Sou Eu”, de Seu Jorge (2011).
“Eu gosto dessa coisa mais dark, mais pesada e sentia muito isso no ‘MTG Vamos Sair Um Pouco Para Dançar”. Uma coisa mais suave, mais intimista, que a música do Seu Jorge também tem”.
O DJ extraiu os vocais de Seu Jorge, acrescentou efeitos, graves e percussão. “Uma MTG no meu estilo”, define. E revisitou a cena do funk de Belo Horizonte para fazer mais um acréscimo à montagem: um trecho de “Maldita de Ex”, de MC Leozin.
Depois de postar um trecho da música no TikTok, o sucesso foi rápido e o produtor correu atrás da liberação. “MTG Quem Não Quer Sou Eu” foi oficialmente lançada no streaming no dia 10 de maio de 2024. “E se eu não me engano, foi a música que bateu top 1 por mais tempo desse ano. Foi um sonho realizado”.
E o sucesso das MTGs do Topo não ficou por aí. No fim do ano, ele conseguiu mais um hit: a “MTG Na Imaginação”, com MC Livinho, que chegou ao posto de quinta faixa mais ouvida no Spotify Brasil.
Quem quis (e quem não quis) virar MTG
O produtor Mulú é quem assina ‘MTG Chihiro’, inspirada em Bilie Eilish
Divulgação/Glaucia Mayer
O sucesso das montagens se espalhou entre gêneros, artistas e públicos. Até Caetano Veloso entrou na moda – e lançou uma versão MTG de “Você é Linda”, assinada pelo produtor Davi Kneip.
O tipo de funk também serviu como mais uma forma de promover novas músicas. Foi o caso de Duda Beat, que optou por lançar versões MTG das faixas “Preparada” e “Saudade de Você”, para promover o álbum “Tara e Tal”.
Mas nem todo mundo quis virar MTG, e isso foi um problema para o produtor Mulú, que fez o hit “MTG Chihiro” a partir de uma música de Billie Eilish.
Caetano Veloso e Davi Kneip
Reprodução/Instagram
Um mês depois de ser lançada, “MTG Chihiro” já ultrapassava 1,5 milhão de reproduções no trecho original do TikTok e mais de 2 milhões no YouTube. A faixa chegou a ser o áudio mais usado no Instagram no Brasil em junho. Mas por muito tempo, isso não rendeu lucro para o produtor.
Para isso, Mulú precisaria lançar a faixa oficialmente nas plataformas, o que dependia da autorização dos envolvidos na música original. Ele chegou a ter sua faixa “roubada” por outras pessoas enquanto tentava a liberação – e mesmo quando finalmente conseguiu autorização para lançar a música, não pôde usar os vocais de Billie. Assim, nasceu “MTG Chihiro”, versão com Duda Beat.
Como todo fenômeno, é difícil dizer se as MTGs serão uma tendência duradoura. Mas o espaço está aberto para esse tipo de versão, e alguns acreditam que esse tipo de música veio para ficar.
“Acredito que não é uma coisa passageira. Tem muita música pra fazer ainda. Não só MPB, como sertanejo, pagode, trap… acredito que MTG é uma coisa que pode só crescer mais”, diz o DJ Luan Gomes.
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