As fotos do animal viralizaram e comoveram. As imagens foram registradas há 10 dias na Estrada do Rio Morto, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Biólogos capturam garça que tinha copo entalado no pescoço
No Rio de Janeiro, biólogos e ambientalistas conseguiram salvar a vida de uma garça que tinha um copo entalado no pescoço. As tentativas de capturar a ave, para fazer o socorro, duraram dez dias.
As fotos da garça viralizaram e comoveram: uma ave com um copo de plástico no pescoço. As imagens foram registradas há dez dias na Estrada do Rio Morto, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Quem flagrou a garça nessas condições foi o veterinário Jeferson Pires, especialista em animais silvestres. Segundo ele, parecia que a garça havia engolido o copo.
Voluntários e servidores de órgãos ambientais chegaram a realizar buscas na tentativa de capturar o animal. Foi possível avistá-lo de longe, mas toda vez que alguém se aproximava, a garça saía voando. Foi quando se descobriu que o copo havia mudado de posição e que a garça estava com o objeto enroscado do lado de fora do pescoço.
“Acredito que ela possa ter tentado capturar um peixe e o copo estava embaixo e a cabeça atravessou esse copo. Ou, por algum motivo, o peixe estava próximo e ela tentou capturar e acabou simplesmente se prendendo a esse copo”, diz o veterinário e biólogo Jeferson Pires.
Ambientalistas conseguem salvar garça que estava com copo de plástico entalado no pescoço
Jornal Nacional/ Reprodução
Nesta sexta-feira (13), equipes do INEA, órgão ambiental do estado do Rio, e da Patrulha Ambiental do município conseguiram capturar a garça depois de atraí-la com alimentos.
“De forma integrada, a gente teve sucesso nessa operação que, ao longo dos dias, trouxe muita dificuldade”, afirma Cleber Graça Filho, diretor de Biodiversidade e Ecossistemas do INEA.
Ela foi levada para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de uma universidade em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio. O veterinário responsável pelo caso teve de rasgar o copo plástico para ver em que condições estava o animal.
“Diante dessa lesão, acho que foi até um trauma relativamente pequeno. Poderia ter se agravado se continuasse ali, com certeza ia abrir ferida, poderia lacerar esôfago, traqueia, e ai com certeza ela iria a óbito”, diz Jeferson Pires.
A garça foi sedada e submetida a um procedimento rápido, que durou aproximadamente 15 minutos. Ela recobrou os sentidos e foi levada para um recinto. O que se sabe sobre animais dessa espécie é que quando eles trazidos da natureza não respondem bem a longos períodos de cativeiro. Portanto, a estratégia é soltar a garça novamente na natureza em no máximo três dias.
Regressar para a natureza significa permanecer exposta a toneladas de lixo plástico que continuam ameaçando os animais silvestres da região.
“É muito triste que – não somente no Brasil, mas no mundo – a gente tenha um consumo de plástico tão exagerado e um descarte pior ainda. Então, imagina quantos milhares, milhões de animais acabam morrendo na natureza por causa de uma estrutura como essa e a gente nem fica sabendo. É fundamental que a gente repense na utilização”, afirma Jeferson Pires.