Instituto aponta que despejo de resíduos acontece em áreas inadequadas. RJ tem 6 lixões a céu aberto, aponta IBGE
Seis cidades do estado do Rio ainda têm lixões a céu aberto. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para encontrar a sujeira basta seguir o rastro dos urubus que ficam sobrevoando Magé, principalmente no entorno do lixão. A cidade da Baixada Fluminense é um dos seis municípios que ainda usam vazadouros a céu aberto, ou seja, lixões como destino dos seus resíduos.
“A gente não sabe o impacto disso no solo, na água que a gente consome, no ar, para a saúde da população daqui”, diz o coordenador do Instituto Mirindiba de Ação Climática Popular, Anderson Ribeiro.
Além de Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Teresópolis, Bom Jesus do Itabapoana e São Fidélis completam a lista de municípios fluminenses que, segundo o levantamento do IBGE, ainda usam lixões. Só que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010, em agosto de 2024, todos os lixões do Brasil deveriam estar extintos. Mas o problema continua.
“Inicialmente tinha um projeto para que fosse criado um centro de tratamento de resíduos aqui em Magé recebendo o lixo não só de Magé, mas de Duque de Caxias e Petrópolis. E desde então a gente tá com uma prorrogação do Inea para manutenção desse lixão de Bongaba”, fala Anderson.
“A gente chama de lixão, não chama de aterro sanitário, porque é o que é: um lixão. Um lugar onde se joga pilha, se joga material reciclável, se joga lixo orgânico, qualquer tipo de lixo fica jogado no mais local e fica ali apodrecendo e definhando conforme o tempo”, completa.
Lixão em Magé
Reprodução/TV Globo
Destino do lixo: mar, rios, córregos
A pesquisa do IBGE, feita entre setembro de 2023 e março deste ano, mostra que o destino do lixo não é igual em todas as cidades do estado.
Quarenta e duas cidades usam aterros sanitários, áreas onde o solo é impermeabilizado e o impacto ambiental é menor. E 14 cidades têm aterros controlados, onde o solo recebe uma cobertura especial para o despejo do lixo. É o caso da capital.
Mas cinco cidades ainda despejam lixo em áreas alagadas, como mar, rios e córregos.
O número de cidades que fazem compostagem e reaproveitamento é bastante pequeno e só 27 municípios usam áreas de transbordo, que é parte do processo de armazenamento e triagem do lixo. Essas etapas são fundamentais para o trabalho de reciclagem.
Urbanista especializado no assunto, André Pierre Martins diz que 40% daquilo que jogamos fora poderia ser reaproveitado para gerar mais recursos e menos degradação.
“Há de fato que se implementar uma política de reciclagem, principalmente com comunicação. As pessoas precisam aprender a reciclar, para saber que tipo de resíduo é, que tratamento dar, que destino dar e permitir que isso seja reaproveitado. Ainda precisa melhorar muito”.
O que dizem os citados
A Prefeitura de Magé disse que o lixão que aparece na reportagem será fechado em breve e que fez estudos para o transbordo do lixo. A prefeitura explicou, ainda, que Magé não recebe resíduos de outros municípios e que uma lei já sancionada busca a adequação do tratamento do lixo à Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A Prefeitura de São Fidélis disse que está construindo uma estação de transferência de resíduos para mandar o lixo para o aterro sanitário de Campos dos Goytacazes, também no Norte Fluminense.
A Prefeitura de Teresópolis disse que o lixão não é a céu aberto. que os resíduos sólidos são depositados numa área específica e imediatamente é feito o transbordo para um aterro sanitário da cidade de Leopoldina, em Minas Gerais.
A Prefeitura de Duque de Caxias também disse que não descarta lixo a céu aberto e que tem uma estação de tratamento no Jardim Gramacho. Informou, ainda, que os resíduos são levados para o aterro sanitário de Seropédica.