Com um estilo que mistura MPB, Bossa Nova e samba, Tom Ribeira, de 23 anos, fez seu primeiro show durante viagem a Paris, na França. Principais composições têm a cidade natal, Botucatu (SP), como inspiração. Tom Ribeira durante show em São Paulo (SP)
Arquivo pessoal
Um cantor e compositor de Botucatu, no interior de São Paulo, transformou a paixão pela música em uma carreira que começou durante a pandemia, pela internet, cruzou fronteiras com shows internacionais e culminou em uma turnê de apresentações no Brasil.
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Nesta sexta-feira (22) é comemorado o Dia do Músico e o Dia de Santa Cecília, que, segundo a tradição católica, é a padroeira da classe artística. Para marcar a data, o g1 conversou com Tom Ribeira, nome artístico de Tomas Ribeira, botucatuense que leva a Música Popular Brasileira (MPB) aos quatro cantos do país pela internet e até para fora dele.
O músico, de 23 anos, conta que seu estilo musical, muito particular, foi moldado ainda na infância, no bairro de Lavapés, por influência do pai, tio e irmão.
“Eu tenho uma grande influência do meu tio, que me ensinou a tocar violão. A primeira música que ele me ensinou foi ‘Pra Não Dizer que Não Falei das Flores’. Meu vô sempre escutou muita música, desde Cartola até Fundo de Quintal, bastante samba, moda de viola também. Minha mãe e meu pai sempre escutaram muito MPB, meu irmão estava no rap, então eu sempre fui formado na música, desde pequenininho aqui, formado na ‘universidade da vida'”, relata Tom.
Tom Ribeira, ainda criança, no quintal da casa de seus avós, no bairro Lavapés, em Botucatu (SP)
Arquivo pessoal
Ainda na infância, o jovem sempre participou das iniciativas culturais da cidade e diz que essa veia cultural do município também foi muito importante para a sua formação.
“Tanto as batalhas de rap da Cecab, do Bosque, quanto os shows no Teatro Municipal, e os eventos como o Bossa Convida. Tem muitas coisas culturais aqui mesmo. Eu gosto muito daqui”, reforça.
Início da carreira na pandemia
Tom deixa bem claro que, apesar de a família ser muito ligada à cultura, não nasceu em um “berço de ouro” que o levaria até o sucesso. Foi durante a pandemia, próximo dos 18 anos, que ele se aproximou mais do violão e começou a compor suas primeiras músicas.
“Eu percebi que isso era algo muito importante na minha vida. Eu comecei a postar no TikTok, bem Geração Z, né? E começou a chegar uma galera, eu não sabia o que fazer com aquilo, eu não queria ser influencer, não combinava comigo. Eu gosto de mostrar a música, que é o que me move, então eu pensei: ‘vou usar essas pessoas que estão chegando para estarem comigo nessa ideia de fazer música'”, lembra o jovem músico.
“E foi assim que tudo começou, de forma bem natural. Durante a pandemia, os shows não aconteceram, já que era um período em que não era possível realizar eventos públicos”, continua.
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Experiência internacional
Com a flexibilização das regras de distanciamento social do período pandêmico e já com uma quantidade consolidada de seguidores no TikTok e no Instagram, para onde migrou seu público aos poucos, Tom decidiu se aventurar em um novo país: foi para a França aprender a língua do país e fazer networking com novos músicos.
Tom Ribeira fez mochilão pela França para aprender o idioma do país
Arquivo pessoal
“Eu fui morar na França, levando apenas meu violão e uma mochila. Lá, eu pegava carona e fiz amizade com um grupo que fazia rap, um gênero muito popular por lá. Para mim, hoje em dia, o rap é a música mais marcante na França, e eu sempre gostei e consumi esse estilo. Esses artistas começaram a se apresentar em grandes casas de show e me convidaram para tocar com eles”, lembra.
Tom relembra dois shows marcantes que fez com esse grupo, no Teatro La Cigale e no hall Élysée Montmartre, ambos na capital francesa. Apesar da estreia nos palcos internacionais, no entanto, Tom queria se apresentar no Brasil.
“Eu tinha planos de ficar lá, mas decidi voltar para o Brasil e tocar aqui. Então, começaram os shows pelo país, praticamente de norte a sul, desde o Rio Grande do Norte até o Paraná”, conta.
Tom Ribeira se apresentou no teatro La Cigale, em Paris
Arquivo pessoal
Shows pelo Brasil
Já de volta a Botucatu, Tom retomou seus contatos para planejar as primeiras apresentações no Brasil. Ele se juntou a Thomé, músico que conheceu pelas redes sociais, com um estilo musical semelhante ao seu e que também é da cidade.
“Eu me juntei com o Thomé, que é um parceiro meu aqui de Botucatu, e fizemos esse projeto, Tom e Thomé. E depois, aos poucos, fui fazendo os meus solos e me apresentando com outros parceiros. A gente foi rodando por aí, desde bares até teatros maiores”, relata.
Show com Tom e Thomé no Teatro Municipal de Botucatu (SP)
Arquivo pessoal
“Para mim, é muito especial essa coisa da troca ao vivo. Eu me sinto muito bem, eu me sinto confortável, é onde tudo acontece mesmo.”
Tom e Thomé, inclusive, se apresentaram no Teatro Municipal de Botucatu, em 2023, o mesmo local onde assistiram a tantas apresentações que os moldaram como músicos.
“Eu quero que Botucatu saiba quem eu sou, e que a música seja a forma de me expressar. Quando eu fiz o show no Teatro Municipal, foi muito emocionante. Ver aquele teatro cheio de gente para assistir a um show que eu estava fazendo… Foi incrível. É isso que me move. É por isso que eu faço o que eu faço”, diz.
Show no Teatro Municipal de Botucatu
Arquivo pessoal
Botucatu nas canções
Apesar da carreira nacional, Tom continua morando no mesmo bairro de Lavapés, onde nasceu e cresceu. É lá, inclusive, onde faz suas principais composições, que, segundo ele, levam muito de sua cidade natal.
“Cada vez mais tem aparecido Botucatu nas minhas composições. Tem uma música que eu escrevi recentemente, chamada ‘Sul-Americano’, que ainda não foi lançada, mas descreve aqui onde eu moro. Fala de um dia ensolarado, dessa calmaria do interior, das sensações que eu sinto quando estou aqui”, explica.
Tom Ribeira no quintal de sua casa, no bairro Lavapés, em Botucatu (SP)
Arquivo pessoal
Apesar das composições do jovem serem, em sua maioria, uma mistura de MPB, Bossa Nova e samba, ele conta que é aberto a todos os estilos musicais, que predominam nas redes sociais, espaço que consolidou seu sucesso.
“Eu gosto muito desse estilo de voz e violão, de músicas mais antigas. Mas eu tenho uma teoria de que todo mundo gosta de tudo, em algum momento da vida ou em um contexto diferente. Meu intuito nunca é disputar com outros estilos ou com outros músicos, porque eu acho que todos os estilos têm seu valor e um público que sente aquilo como verdade. Isso é o que importa”, finaliza Tom.
Dia do Músico
O Dia do Músico é comemorado em 22 de novembro em homenagem ao Dia de Santa Cecília, reconhecida na Igreja Católica como a padroeira dos músicos e artistas.
Segundo a tradição, Santa Cecília era muito religiosa, porém, prometida de casamento a um homem pagão. Na noite de núpcias, Cecília cantou para seu marido e o converteu ao Cristianismo.
Santa Cecília, padroeira dos músicos
Arquidiocese de Juiz de Fora/Divulgação
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