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Mulher que acompanhava estudante de medicina morto pela PM diz que eles discutiram antes da chegada dos agentes


Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto com um tiro à queima-roupa na escadaria de um hotel na Vila Mariana, Zona Sul da capital, na quarta (20). Policiais foram afastados de suas funções até o final das investigações. Estudante de medicina é morto pela PM na Vila Mariana
Reprodução
Uma mulher que acompanhava o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, morto com um tiro à queima-roupa na quarta-feira (20), disse que eles discutiram no quarto do hotel antes da chegada dos agentes.
A morte foi registrada por uma câmera de segurança do estabelecimento. Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, envolvidos na ocorrência, foram afastados de suas funções até o final das investigações.
Em depoimento à Polícia Civil, a jovem contou que trabalha como garota de programa e conhecia o estudante há dois anos. Apesar de terem desenvolvido uma “relação de afinidade”, ele supostamente devia aproximadamente R$ 20 mil pelos serviços prestados, segundo a mulher.
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Na quarta, Marco Aurélio alugou, por cerca de uma hora, um quarto no Hotel Flor da Vila Mariana, localizado na Rua Cubatão, na Zona Sul de São Paulo. Para cobrar a dívida, a jovem conta que aceitou ir ao local, onde recebeu R$ 250.
Conforme o depoimento, eles começaram a discutir e, em determinado momento, o estudante de medicina teria a agredido na cabeça. Em seguida, o recepcionista do hotel ligou para perguntar o que havia acontecido.
Segundo a mulher, Marco Aurélio atendeu e disse que estava tudo bem. Enquanto, ela respondeu: “não, não está nada bem, eu quero sair daqui”. O recepcionista, então, ligou para a Polícia Militar, e a jovem fugiu do quarto.
Ela se escondeu em outro cômodo do hotel e conseguiu ouvir parte da interação entre o estudante de medicina e os policiais militares — que questionaram o motivo pelo qual ele bateu na viatura. Posteriormente, ela ainda ouviu o barulho de um tiro.
Após ser baleado, a mulher acompanhou Marco Aurélio até o Hospital Ipiranga. Ele teve duas paradas cardiorrespiratórias e passou por uma cirurgia. Contudo, ele não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h40.
PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP
Câmera de segurança
Uma câmera de segurança do hotel registrou o momento que o estudante é assassinado às 2h49 (veja acima). Um dos agentes tentou puxar Marco Aurélio pelo braço, enquanto o outro o chutou. Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno.
O caso foi registrado no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) como morte decorrente de intervenção policial e resistência.
Durante a abordagem, os policiais estavam com as câmeras corporais acopladas ao uniforme, porém o equipamento não foi acionado, de acordo com o BO.
Claudio Silva, ouvidor das Polícias de São Paulo, afirmou que a ação é “mais um reflexo da lógica que está instalada no estado de São Paulo, de polícia que mata. Polícia que não respeita a vida”.
Segundo ele, é possível ver, pelas imagens da câmera de segurança, que “os policiais estão numericamente superiores à pessoa abordada, e o abordado, sem camisa, então, desarmado. E os policiais não fazem o uso progressivo da força, como está determinado por normas internas da própria Polícia Militar, então o uso excessivo da força foi feito. Isso culminou com a morte daquele jovem abordado”.
Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pela PM em SP
Reprodução/Instagram
Quem era o estudante?
O jovem Marco Aurélio Cardenas Acosta tinha 22 anos e estava no quinto ano do curso de medicina na Universidade Anhembi Morumbi.
Ele era o filho caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros que se mudou para cá há mais de duas décadas. Segundo a mãe, a intensivista Silvia Mônica, o rapaz nasceu prematuramente e, da mesma forma, concluiu o ensino médio com apenas 15 anos.
A família conta que ele chegou a ser aprovado no vestibular para cursar direito, mas escolheu seguir o mesmo caminho dos pais e do irmão Frank, na medicina.
“Ele era um bom irmão, um bom filho, uma pessoa muito querida”, descreveu Frank Cardenas. Às lágrimas, a mãe usou os termos “generoso” e “amoroso” para descrever o caçula. “Era meu filho mais amado, nasceu com 1,3 kg, quando eu já estava velha”, contou.
Marco era atleta do time de futebol do curso de medicina. Nas redes sociais, a faculdade publicou mensagem de condolências.
“Neste momento de imensa dor, nos solidarizamos com seus familiares, companheiros de time e colegas, que perderam não apenas um companheiro de jornada, mas também um amigo. Que sua memória seja sempre lembrada com carinho e que sua trajetória inspire todos nós.”
Estudante de Medicina Marco Aurélio e o pai
Reprodução/Arquivo pessoal
O que diz a SSP
“As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações.
Na ocasião, o jovem golpeou a viatura policial e tentou fugir. Ao ser abordado, ele investiu contra os policiais, sendo ferido. O rapaz foi prontamente socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento. A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia. As imagens registradas pelas câmeras corporais (COPs) serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).”
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