Excursão de capixabas saiu de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. O grupo estava fazendo passeios de remo e mergulho na Bahia, quando fizeram o registro. Capixabas remam sem saber que estão ao lado de baleias em Abrolhos, na Bahia
Duas baleias-jubarte se aproximaram de um grupo de capixabas que remava em Abrolhos, na Bahia, em setembro deste ano. As cinco pessoas que estavam na canoa não faziam ideia de que chegariam a ficar tão perto dos animais (veja no vídeo acima).
Eles remaram durante o período de observação das jubarte, que vai de junho até novembro, quando as baleias passam pelo litoral do Espírito Santo a caminho de Abrolhos para se reproduzir. O registro surpreendeu os integrantes da equipe que saíram de uma excursão em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, para realizar passeios de canoa e mergulhos no arquipélago.
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No vídeo é possível ver que as duas baleias contornam uma embarcação e passam entre ela e a canoa onde o grupo estava. Durante o trajeto, os ocupantes do barco estimaram que a baleia chegou a ficar apenas 10 metros de distância da canoa.
A bióloga Júlia Fonseca era uma das remadoras. Ela contou que a equipe conseguiu ver a movimentação dos animais, mas sem ter a noção exatamente da proximidade.
“Quando a gente avistou ela de longe, ela estava ainda dentro do arquipélago, mostrou a nadadeira e tudo mais, mas depois mergulhou. A gente viu que ela estava vindo em direção a canoa, via algo mexendo, mas não dava para visualizar direito”, disse a bióloga.
Grupo do Espírito Santo rema sem saber que estão ao lado de baleias em Abrolhos, na Bahia
Arnold Bertulani
Alguns minutos depois quando o grupo saiu da canoa e foi para a embarcação, veio a surpresa ao ver as imagens feitas pelo drone.
“Foi uma adrenalina de já estar perto e ter aquela possibilidade dela subir e ter esse contato visual mais próximo. E quando eu olhei para a imagem de drone, eu me arrepiei, me emocionei. Já tinha estado perto de uma baleia muitos anos atrás, mas em um barco. Na canoa a sensação é diferente, você está em contato muito mais próximo, é uma experiência muito diferente”, destacou.
Duas baleias apareceram ao lado de grupo do Espírito Santo que remava em Abrolhos, Bahia
Arnold Bertulani
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Para Julia, que viajava com o marido, a experiência foi ainda mais especial já que ela trabalha com cetáceos.
“Hoje em dia você vê mais projetos, e pra mim o coração enche de ter essa oportunidade e saber que aos poucos a importância da preservação vai ganhando espaço. Poder estar lá ao lado delas de uma forma tão amigável é incrível”, disse.
A emoção também veio para o fotógrafo Arnold Bertulani que pilotava o drone. Ele estava na embarcação e conseguiu ver de longe a chegada dos animais.
“Eu ia mergulhar, mas não deu certo e eu comecei a voltar para a embarcação. As baleias passaram entre a canoa e um catamarã. O pessoal que estava na canoa viu toda a movimentação, mas ela não chegou a sair da água do lado deles. Ela passou no meio deles. Quando viram pelo drone que ela passou muito perto, ficaram sem acreditar que ela passou exatamente do lado deles. Elas vieram até a gente, foi muito louco, meio que um susto, mas foi a oportunidade perfeita”, comentou.
Duas baleias apareceram ao lado de grupo do Espírito Santo que remava em Abrolhos, Bahia
Arnold Bertulani
O coordenador do projeto Amigos da Jubarte, Thiago Ferrari, explicou que o registro feito pelo grupo pode indicar a presença de um grupo competitivo.
“É comum a gente ver os grupos competitivos que é o caso de acasalamento das baleias, quando vários machos podem perseguir a mesma fêmea na tentativa de cópula. E esse registro pode configurar um ato de acasalamento das baleias que a gente costuma observar no litoral do Espírito Santo também”, pontuou o coordenador.
Final da temporada
A temporada reprodutiva das baleias-jubarte está chegando ao fim. Segundo um levantamento feito pelo Projeto Amigos da Jubarte, cerca de 30 mil indivíduos passaram pelo litoral capixaba.
Filhote de baleia salta ao lado da mãe em Guarapari, Espírito Santo
Ainda nos últimos dias da temporada, alguns registros curiosos são feitos pelos pesquisadores. Um deles feito na primeira semana de novembro mostra uma mãe ensinando seu filhote a saltar em Guarapari, Região Metropolitana de Vitória.
Thiago Ferrari afirmou que esse tipo de comportamento é essencial para que os filhotes estejam preparados para acompanhar a jornada no oceano com as mães.
“Ainda restam muitas fêmeas com filhotes no litoral, e elas são as últimas a irem embora, justamente porque estão amamentando esses filhotes para eles poderem desenvolver uma capa de gordura suficiente para eles poderem aguentar o frio das águas da Antártica. Assim como eles [os filhotes] precisam ganhar energia através do leite materno para aguentar a jornada dos quatro mil quilômetros de volta para a Antártica. E por aqui eles ficam aprendendo e repetindo os comportamentos da mãe. A mãe ensina os comportamentos que são fundamentais para a sobrevivência da própria espécie. É muito comum a gente ver a mãe dando uma aula e o filhote começa a repetir tudo, os saltos também. Esse filhote saltou mais de 40 vezes perto do barco e a mãe parecia estar bem orgulhosa ali perto dela, cheio de energia”, explicou.
Filhote de baleia jubarte salta ao lado de mãe em Guarapari, Espírito Santo
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