Equipe da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOB-USP) em Bauru (SP) ofereceu diagnóstico e aparelhos auditivos a mais de 40 refugiados em Cracóvia, na Polônia. Ação também envolveu instituições dos Estados Unidos e Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pesquisadoras de Bauru (SP) realizam missão internacional para atender refugiados da guerra na Ucrânia com perdas auditivas
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Três pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) em Bauru (SP) realizaram uma missão na Polônia para atender refugiados da guerra na Ucrânia com perdas auditivas.
As cientistas estiveram em Cracóvia, ao sul do país polônes, entre 10 e 20 de março deste ano. Juntas, elas ofereceram diagnóstico e aparelhos auditivos gratuitos para 44 refugiados ucranianos, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos.
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A ação foi realizada a convite da professora King Chung, da Universidade do Norte de Illinois (NIU), dos Estados Unidos. “Chung é a responsável pela missão. Como ela é parceira de um projeto nosso na USP, resolveu nos convidar”, diz Magali Caldana, professora da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) e uma das expedicionárias.
O projeto a que Magali se refere é o da “FOB-USP em Rondônia”, que, há mais de 20 anos, leva estudantes da instituição a Monte Negro, no interior do estado, para realizar atividades assistenciais e de promoção de saúde junto da população local.
Pesquisadoras atendendo refugiada da guerra na Ucrânia, em Cracóvia, na Polônia
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Além da professora, participaram da ação as estudantes Leticia Leite, doutoranda em ciências odontológicas aplicadas, e Clara Iplinsk, mestranda em Fonoaudiologia. Houve ainda colaboração de cientistas da universidade norte-americana de Rush e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Os pesquisadores também ofereceram diagnóstico a 220 alunos poloneses de duas escolas, uma pública e outra particular. “Depois da ação, eles foram encaminhados ao sistema de saúde para adaptação de aparelhos”, diz Magali.
Em meio à guerra
Leticia Azevedo, da USP em Bauru (SP), atendendo refugiados da guerra na Ucrânia durante missão internacional na Polônia
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A guerra na Ucrânia é responsável pela maior crise de deslocamento forçado desde a Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945. Por causa do conflito, mais de 17 milhões de pessoas deixaram suas vidas para trás e fugiram para outras localidades, segundo a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Vizinha da Ucrânia, a Polônia tem sido o principal destino dos refugiados desde o início da guerra, em fevereiro do ano passado. De acordo com a ACNUR, o país já registrou mais de 10 milhões de travessias até este mês de abril.
Em Cracóvia, a cerca de 300 km da fronteira ucraniana, as pesquisadoras realizaram os atendimentos na sede de uma Organização Não Governamental (ONG). Segundo Magali, a maioria dos pacientes era idosa e havia perdido os aparelhos auditivos durante a fuga da Ucrânia.
“Nós chegamos a atender uma criança que estava na escola antes de fugir e não conseguiu pegar o aparelho. Não deu tempo”, conta.
Outra paciente, uma adolescente com doença motora, vivia na cidade há cerca de um ano sem ouvir. “Ela perdeu o aparelho na fuga. Quando demos um novo dispositivo, ela começou a chorar. Foi muito gratificante dar a possibilidade de a pessoa ouvir novamente”, diz a professora.
‘Grato pela ajuda’: carta escrita por refugiado da guerra na Ucrânia que vive há dois meses em Cracóvia, na Polônia
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Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 90% dos refugiados da guerra são mulheres e crianças. Em Cracóvia, boa parte deles está sediada em casas de amigos e parentes e em ONGs, de acordo com Magali.
Além da ameaça à vida na Ucrânia, a guerra tem prejudicado a infraestrutura de serviços essenciais à população, como os sistemas de abastecimento elétrico, alvos de ataques russos há meses.
“Nós ficamos bem perto do conflito. O que há é um povo muito sofrido. Quem conseguiu fugir está tentando recuperar a vida. Eles têm uma esperança muito grande de voltar ao país natal e reconstruir tudo”, diz.
Pesquisa e extensão
Segundo Magali, a participação das pesquisadoras na missão internacional vai além da ajuda humanitária. “Isso traz novas experiências de extensão e proporciona uma troca de experiência clínica de grande importância na formação de profissionais com uma visão humanizada”, explica.
“Foi uma experiência muito rica para podermos trazer inovações ao nosso projeto no Brasil. A partir da viagem, também já estamos produzindo um artigo”, diz.
Ainda de acordo com Magali, o grupo recebeu um convite para realizar uma missão similar no Quênia, ao leste do continente africano, em setembro. As pesquisadoras estão avaliando a possibilidade.
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