Wlademir Mota Oliveira comentava sobre a onda de assassinatos na capital. De janeiro a maio, Palmas registrou pelo menos 77 homicídios. Em entrevista, Secretário da SSP afirma que existe lado positivo na criminalidade
Em meio à onda de assassinatos registrados em Palmas, especialmente na região sul da capital, o secretário de segurança pública do Tocantins, Wlademir Mota Oliveira, afirmou que “a segurança pública não está em crise”. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Você em Foco, da de rádio 105 FM de Paraíso do Tocantins, nesta quinta-feira (1º).
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O g1 pediu um posicionamento sobre as falas do secretário para a Secretaria de Segurança Pública (SSP), mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
A negação da crise foi uma resposta ao comentário de um dos apresentadores do programa, o tenente-coronel Rodrigo Lacerda, de que “não existe crise nenhuma” e que a população pode ficar tranquila porque as forças de segurança, segundo ele, “estão firmemente atuando e conseguindo controlar a violência e o crime dentro do estado”.
Wlademir Costa Oliveira é o secretário de Segurança Pública
Washington Luís/Governo do Tocantins
Segundo dados fornecidos pela Lei de Acesso à Informação, a pedido do g1 Tocantins, de janeiro a 15 maio deste ano, foram registrados pelo menos 65 homicídios. Depois disso aconteceram mais 12 mortes na cidade. A média é de uma morte a cada dois dias, além de 30 tentativas de assassinato no mês.
Apesar dos números, o secretário concordou com o apresentador, ressaltando que “a segurança pública não está em crise. Não existe crise na segurança pública”. Ele completa: “fatores sociais que ocorrem voltadas para a criminalidade e que energicamente as forças de segurança agem para controlar isso aí”.
Wlademir afirma que a discussão da segurança pública deve levar em consideração diversos aspectos que “são transversais” ao tema, e defende o que chama de “fator positivo” da criminalidade.
“O primeiro alerta que eu digo, até mais, é que a criminalidade também tem o fator positivo. Isso demonstra que a sociedade está enriquecendo ou está tendo um desenvolvimento, porque o criminoso não quer trabalhar, não quer ocupar um espaço que não tenha riquezas. Em regra, ele tem um valor financeiro atraído ali. Se está havendo um desenvolvimento, eu falo sempre que é o lado positivo da criminalidade, isso é um sinal que a sociedade está avançando, crescendo e gerando riquezas”.
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A maioria dos assassinatos registrados em 2023 foi na região sul da capital, liderado pelo Jardim Taquari, seguido dos Aureny’s II e III. Estes são alguns dos bairros mais carentes e populosos da cidade.
Os homicídios seguem um perfil. Homens pretos ou pardos que vivem na periferia e têm entre 20 e 30 anos formam a maioria das vítimas de assassinato em Palmas. A onda de violência fez aumentar em mais de 200% o índice de mortes na capital, comparado ao ano passado.
Em entrevistas anteriores ao g1 e à TV Anhanguera, Wlademir Costa alegava que os crimes tinham como alvo pessoas com passagem pela polícia. No entanto, os dados mostram que mais da metade não tinha ficha criminal.
Não há lado bom da criminalidade
O sociólogo Sérgio Roberto faz análise diferente e afirma que o conceito de riqueza não se relaciona com distribuição de renda.
“A concentração de renda no Brasil produz um abismo entre as classes mais abastadas que vivem em áreas menos impactadas com a violência. Por outro lado, as pessoas pobres convivem constantemente com a violência na periferia, fruto da ausência de políticas públicas eficientes”, destaca o sociólogo.
O sociólogo afirma que não há lado positivo na criminalidade.
A criminalidade é uma manifestação de uma sociedade que está em desequilíbrio, tanto do ponto de vista econômico, quanto social e comportamental. É necessário e urgente que o poder público compreenda que a criminalidade deve ser combatida com monitoramento de regiões dominadas por grupos e facções, bem como a implementação de políticas de segurança pública baseadas em uma articulação multi-institucional
Especialistas ouvidos pelo g1 também afirmam que é preciso de investimento em políticas públicas sociais inclusivas para combater o avanço da criminalidade na juventude.
“sem educação, esporte, cultura, renda e lazer, ou ainda, sem um efetivo combate ao racismo estrutural, à marginalização social e ao desequilíbrio econômico gerador de concentração de renda e desemprego, a segurança pública continuará “enxugando gelo”, tentando combater o efeito, não a causa [origem] da violência e da criminalidade”, explica o professor Igor de Andrade Barbosa, especialista em direto penal e segurança pública.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
Em entrevista à rádio, secretário diz que não há crise na segurança pública e afirma que há ‘lado bom da criminalidade’
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