Presidente considera que foi pelas mãos de ministros nomeados pelo PT que ele foi para a cadeia, e não mantém relação com quase nenhum ministro indicado em governos petistas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, em Brasília, na segunda-feira (29).
Ueslei Marcelino/Reuters
Desde que foi eleito, o presidente Lula (PT) repete com frequência que “não pode errar” nas indicações ao Supremo Tribunal Federal (STF). Considera que foi pelas mãos de ministros nomeados pelo PT que foi para a cadeia (embora não ressalte que foi também por ação do STF que a Lava Jato foi apontada como irregular em pontos que o abonaram de prestar contas à Justiça) e não tem relação com quase nenhum ministro indicado pelas gestões petistas.
Tanto que chamou atenção no churrasco, à exceção de Ricardo Lewandowski, apenas Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes entre os convidados: o primeiro indicado por Fernando Henrique Cardoso, o segundo, por Michel Temer.
Na primeira vaga, deixada por Lewandowski, Lula diz que não vai errar – e definiu há muito tempo que a vaga seria uma escolha pessoal sua. O presidente avalia que não foram tiros no pé as nomeações de Bolsonaro para o STF – Kassio Nunes Marques e André Mendonça – e tampouco a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República. Não pelos currículos, mas pelo que considera lealdade e alinhamento.
Desde que foi eleito, Lula faz críticas a suas próprias escolhas – como a de Toffoli – e, principalmente, a de Dilma também, como Edson Fachin. Esses erros foram mencionados no churrasco de sexta-feira.
Lula tem mágoa grande com a indicação de Dias Toffoli, pois considera que o ministro foi “cria do PT”, tendo trabalhado na liderança do partido, e foi um dos mais cruéis na hora de vetar a saída de Lula da cadeia para participar do enterro do neto.
E também se queixa de conselheiros como Marcio Thomas Bastos e Sigmaringa Seixas, ambos falecidos, mas que ajudaram a ele e a Dilma nas indicações.
Agora, Lula vai fazer ao melhor estilo Frank Sinatra: “My way”, ao ouvir a si próprio para indicar Cristiano Zanin, a quem é grato e considera leal.
Política
No trato político, Lula minimiza as crises com o Congresso e, na visão dos próprios aliados, se dedica demais a crises e polêmicas externas. Como ironiza um petista raiz: “o governo Lula está com saudade de Lula”, chamando à responsabilidade o titular do time para fazer política.
Lula tem dito que as reações são normais, mas que vai ajustar a relação, e que não há solução fora da política.
No Congresso, no entanto, as queixas crescem e a pressão para trocar parte do Palácio do Planalto também. Assim como Lula, o centrão acredita que não há solução fora da política – mas mandou recado de que não aceita mais esses políticos que estão ali na cozinha presidencial.
Em escolha de novo nome para o STF, Lula não quer repetir ‘erros’ de gestões passadas
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