Ao todo, 179 policiais penais estão formados e prontos para assumir cargo que atua diretamente no sistema prisional de Roraima. Muitos relatam dificuldade financeira por que tiveram de sair dos empregos para fazer o curso de formação. Formados da Polícia Penal se reunem e pedem nomeação ao Governador de Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Acampados há 45 dias em frente ao palácio do governo de Roraima, no Centro de Boa Vista, policiais penais que já passaram pelo curso de formação cobram do governador Antonio Denarium (PP) a tão esperada posse. Ao todo, são 179 policiais prontos para serem nomeados. Sem emprego definido, alguns relatam dificuldades financeiras: “se eu te contar minha história você chora comigo”.
O concurso foi realizado em 2020. Há oito eles concluíram o curso de formação. Para se dedicar, muitos tiveram de deixar o emprego e até se mudaram de outros estado para Roraima. Embaixo da chuva desta sexta-feira (26), o g1 conversou com alguns deles que têm se mobilizado no acampamento e cobram que governador os receba para resolver a situação.
Todos os 179 policiais penais fazem parte da segunda turma de aprovados passaram pela fases exigidas no concurso: prova objetiva, prova de aptidão física, avaliação psicológica, exame toxicológico, investigação social e finalizaram o curso de formação profissional em outubro, depois de dois meses estudando na academia.
Aprovados em concurso se organizam e pedem nomeação
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Um dos representantes do movimento que cobra a nomeação, Kemmuel Lucas, de 31 anos, pede por uma reunião com o governador para que ele dê uma previsão para o início das posses.
“Nós queremos fazer um acordo de nomeação e posse dos policiais que já estão formados tem muito tempo. Queremos um cronograma de posse para tudo acontecer com organização. Estamos às cegas. Hoje nós já fizemos todas as fases do concurso, fizemos o curso de formação e estamos aguardando apenas a posse”, disse.
Questionado, o governo informou que em novembro de 2020 nomeou e empossou 444 policiais penais da primeira turma que representa os primeiros aprovados do concurso público. E, em janeiro de 2023, mais 97 novos policiais penais foram nomeados, completando o efetivo conforme permite a lei que autoriza o número de 700 para 800 policiais.
O governo destaca ainda que qualquer nomeação será de acordo com a necessidade e levará em consideração o equilíbrio de receita e despesas do estado, e a capacidade de pagamento. A reportagem questionou se o governador irá se reunir com os manifestantes, mas não obteve resposta.
Concurso público ocorreu em 2020, e aprovados já estão formados
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‘Se virando como pode’
O jovem Lucas Henrique tem 29 anos. Ele é natural de Porto Velho, em Rondônia, e decidiu prestar o concurso de 2020 — à época, com 26 anos — em busca de uma instabilidade financeira. Com a aprovação e eminência de uma nomeação, decidiu se mudar de vez para Boa Vista junto com seus dois filhos, com 7 e 8 anos, e a esposa, no início de 2023.
“Não tinha como eu conseguir ficar em Porto Velho em função dessa convocação. Emprego nenhum seguraria alguém que estava tecnicamente prestes a ser empossado em um concurso, então, eu não conseguia mais. O mercado de trabalho para mim fechou na cidade”, disse o policial penal.
Lucas Henrique, tem 29 anos e se mudou com a família, natural de Rondônia, para Roraima no início do ano
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A ideia era, com a formação profissional, se adiantar para matricular as crianças na escola para que elas não perdessem o ano letivo. Agora, há oito meses, Lucas vive do que chamou de “bico”, dando aulas de música na capital roraimense.
“Tivemos que vender tudo. Deixamos tudo em Rondônia e viemos em busca dessa posse que o governador mesmo prometeu na cerimônia de formatura. Ele prometeu que no início empossaria todos nós. A gente tem se desprendido, se virado de todas as formas para poder sustentar a família enquanto o governador não cumpre sua palavra”.
“Nesse período todo a gente tá se virando como pode. Fazendo bicos, trabalhando no setor informa. Estou dando umas aulas de música informalmente para sobreviver e manter a família, pois o custo de Roraima nós sabemos que não é tão baixo”, relata.
Roberto Melchior deixou a família em Manaus, no Amazonas, para aguardar a nomeação em Roraima
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Já Roberto Melchior é natural de Manaus, no estado vizinho, Amazonas. Ele tem 44 anos e prestou o concurso também em busca de uma estabilidade financeira. Ele está sozinho há oito meses em Roraima, já que deixou a mulher e seus dois filhos — um de 16 e outro com 8 anos — em Manaus.
“Vim para cá com a esperança e a expectativa de começar a trabalhar. No entanto, mesmo após sermos formados, estamos aguardando pelo menos um cronograma. Buscamos respostas do governador sobre se seremos chamados e quando seremos nomeados”.
Ele relata que durante a formação, os aprovados no concurso receberam uma bolsa para se manterem. Agora, com os oito meses do fim da formação e sem a bolsa, tem vivido com a ajuda da família e dos amigos.
“Buscamos empregos temporários e bicos para nos sustentarmos enquanto aguardamos o cumprimento da promessa feita pelo governador”, disse Roberto.
Manifestantes estão acampados há 45 dias em frente ao Palácio do Governo
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