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Advogado, genro e sócio de Moro: quem é João Malucelli, que recebeu ligação do juiz da Lava Jato conforme investigação do TRF-4


João também é assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná, no gabinete de deputado que é irmão do suplente de Moro. Até abril deste ano, pai dele atuava em casos da Lava Jato. João Eduardo Barreto Malucelli é advogado, sócio de Sergio Moro e assessor parlamentar do irmão do suplente do senador
RPC
João Eduardo Barreto Malucelli, que, segundo investigação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) recebeu uma ligação do juiz da Lava Jato Eduardo Appio, é advogado e sócio do escritório do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), em Curitiba.
A informação de sociedade de advocacia com a família Moro consta em sistema do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
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Essa ligação telefônica foi apontada pelo TRF-4 como o motivo para o afastamento de Appio da 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, e, por consequência, dos processos da Lava Jato. Entenda mais abaixo.
O magistrado afirmou que o afastamento é uma barbaridade. O juiz está de férias e quem está no comando da vara é a juíza Gabriela Hardt.
João Malucelli é, também, filho do desembargador Marcelo Malucelli, que em abril deste ano, determinou o restabelecimento da ordem de prisão preventiva contra Rodrigo Tacla Duran, réu ouvido por Eduardo Appio e que acusou Moro de extorsão.
Poucos dias depois da decisão, o desembargador se declarou suspeito de julgar processos da operação Lava Jato.
Nas redes sociais, João Malucelli mantém a maioria das contas pessoais trancadas.
O g1 apurou que, nestes perfis, João Malucelli compartilhou nos últimos anos diversas publicações com a filha de Moro e Ronsagela, demonstrando que eles têm relação amorosa.
A reportagem teve acesso, também, a uma foto que mostra João, Sergio Moro, Rosangela Moro e a filha do casal juntos na posse do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019.
Em fevereiro deste ano, Malucelli foi nomeado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), de acordo com o Portal da Transparência da casa.
O advogado está lotado no gabinete do deputado estadual Fernando Guerra (União), irmão de Ricardo Guerra (União), que é suplente de Sergio Moro. O salário bruto dele é de R$ 10 mil por mês.
Entenda:
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A suposta ligação telefônica de Appio
Eduardo Fernando Appio
Reprodução/Justiça Federal
O juiz Eduardo Appio foi afastado cautelarmente na segunda-feira (22), depois que uma investigação apontou que o magistrado teria acessado um processo com o contato de João Malucelli e, pouco depois, ligado para ele.
A investigação começou a pedido do desembargador Marcelo Malucelli. Um relatório com detalhes da conversa foi obtido com exclusividade pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews.
Para o TRF-4, Appio usou tom ameaçador para conversar com João Malucelli, se passando por outra pessoa. A maioria dos desembargadores entendeu que o juiz faltou “quanto ao dever de integridade pessoal e profissional”.
O Appio tem 15 dias para se defender da acusação, que pode se tornar Processo Disciplinar Administrativo (PAD).
Na 13ª Vara Federal de Curitiba, Appio respondia pelos processos da Lava Jato desde fevereiro de 2023. Com a decisão, ficou proibido de entrar no prédio da Justiça Federal e precisou devolver equipamentos de trabalho.
Leia a transcrição de trecho da ligação:
João Malucelli: Me desculpe, o senhor tá ligando sem ID do chamador, eu ‘num’ ‘num’ não faço ideia quem quem seja.
Voz 1: ‘Ah’ mas o s… o senhor, tudo bem. Mas consta o senhor aqui como sendo um dos filhos e consta aqui o seu número. Então nós estamos ligando pra isso.
João Malucelli: ‘Hum’ mas assim, eu não eh… essa história tá bem estranha, viu? Me desculpe, com todo respeito, mas eh… se o Marcelo…
Voz 1: Como é que eu teria o seu telefone aqui eh… é uma questão só de imposto de renda. Ah se o senhor quiser eu ligo diretamente pro seu pai, não tem problema ligo (incompreensível)…
João Malucelli: Então, então acho melhor o senhor fazer isso, né?
Voz 1: Então eu faço isso, ligo diretamente pro seu pai e faço isso, eu só não queria incomodar, que aqui consta o seu número, seu nome, seu CPF e e a questão de resíduos do passado de despesas médicas, a ideia era não incomodar. Mas se o senhor prefere assim, liga… nós ‘tamo’ só utilizando aqui um sistema aqui […]
João Malucelli: O senhor ligou e falou, eu gostaria de falar com o Marcelo Malucelli, agora o senhor tá falando que aparece aí que eu sou filho. Então assim, fica fica meio ambíguo, né? Até ah…
Voz 1: É ah… o contato que eu tenho do do do doutor Marcelo Malucelli deve ser um contato antigo, aparece o seu telefone, então por isso que eu li… nós estamos ligando…
João Malucelli: Não, esse número nunca foi do Marcelo Malucelli, senhor, me perdoa.
Voz 1: Mas se o senhor prefere eu ligo pro seu pai diretamente, eu só não gostaria de incomodá-lo, só isso.
João Malucelli: Tá bom, claro. Pode ligar então. Faça o que o que for melhor.
Voz 1: Então eu ligarei, digo que eu falei com o senhor, digo que falei com o senhor e que o senhor me autorizou a ligar pra ele, incomodá-lo no próprio tribunal.
João Malucelli: Ah pode pode falar. Incomodá-lo! Qual é o nome do senhor mesmo? Fernando Pinheiro Gonçalves, né?
Voz 1: Isso […] Pode pode chamar aqui no setor de saúde que nós estamos aqui.
João Malucelli: Setor de saúde, Fernando Pinheiro Gonçalves. Tem certeza que esse é o nome do senhor?
Voz 1: Tenho certeza absoluta
Voz 1: E o senhor tem certeza que que não não tem aprontado nada?
O que foi dito na ligação para João Malucelli?
No telefonema, uma homem liga para João e pede o contato de seu pai, Marcelo. Para isso, se apresenta como servidor de saúde da Justiça Federal.
Na ligação, o filho do desembargador questiona se a pessoa é mesmo servidor da Justiça. Em resposta, recebe: “E o senhor tem certeza que que não não tem aprontado nada?”.
De acordo com o TRF-4, uma apuração da Polícia Federal (PF) diz que a voz de quem fez a ligação “se assemelha” a de Appio. Em uma escala de -4, para pouco provável, e + 4 para muito provável, a compatibilidade foi de + 3.
O resultado, de acordo com o relatório, não deu 100% de certeza de que a voz pertenceria à Appio, mas disse que “se corrobora fortemente a hipótese”.
Quatro desembargadores foram contrários ao afastamento do juiz da Lava Jato.
O que acontece com as decisões proferidas por Appio?
Nos últimos três meses, Appio expediu decisões como a prisão do delator da Lava Jato Alberto Youssef e a anulação da condenação do ex-governador do Rio Sérgio Cabral por suposta propina em obras do Comperj. Ambos os casos foram revistos e anulados pelo TRF-4. Veja lista de decisões abaixo.
Segundo o relatório do corregedor, a decisão do TRF-4 não afeta os despachos feitos por Appio nos últimos meses.
Antes de ser afastado, Appio foi alvo de Sergio Moro
No fim de março, Appio enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a acusação do advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Lava Jato, de que havia ocorrido extorsão por parte de Moro.
Após o envio, o senador protocolou um pedido de que Eduardo Appio se afastasse de qualquer decisão em processos da Lava Jato até uma apuração de suspeição, protocolada pelo Ministério Público Federal (MPF) em março deste ano. O pedido do MPF alegava que Appio assinava processos eletrônicos antigos como “LUL22”.
Ações de Appio também refletiram no deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos). Em audiência de Tacla Duran realizada por Appio, o então parlamentar foi acusado de perseguição.
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