Remédios de uso cotidiano, como paracetamol e predinisolona, ficaram entre 272% e 340% mais caros, respectivamente, em 2024. Uma das justificativas para a elevação está relacionada ao ajuste anual do preço de medicamentos, que foi aprovado ainda em março pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). A rivaroxabana, espécie de coagulante usado para tratar trombose, lidera o ranking, com aumento de 359%.
Os dados fazem parte de um levantamento da CliqueFarma | Afya, ferramenta que compara preço de medicamentos e outros itens do mercado farmacêutico. Para o estudo, foram considerados os menores preços de cada remédio entre janeiro e dezembro, em 80 redes de farmácias do país.
Além do reajuste anual do setor — que em 2024 foi de 4,5% — fatores econômicos, como inflação e câmbio, logísticos e comerciais ajudam a compreender essa elevação no preço de medicamentos. “Muitos desses medicamentos também são usados para condições críticas ou crônicas, o que os torna mais suscetíveis a grandes variações de preços”, explica o estudo.
Veja ranking da alta no preço de medicamentos em 2024
- Rivaroxabana: anticoagulante utilizado para prevenir e tratar tromboses (+359%). Os preços variaram entre
- Prednisolona: corticosteroide indicado para tratar inflamações e doenças autoimunes, aliviando inchaços e alergias (+340%);
- Tadalafila: usada no tratamento da disfunção erétil, hiperplasia prostática benigna e hipertensão arterial pulmonar (+328%);
- Ácido Fólico: essencial para formação do DNA e prevenção de anemias e defeitos do tubo neural (+311%);
- Paracetamol + Fosfato de Codeína: indicado para dores moderadas a intensas (+272%);
- Citrato de Tamoxifeno: usado no tratamento de câncer de mama sensível a hormônios (+271%);
- Hidroclorotiazida + Olmesartana Medoxomila: indicado para tratar hipertensão arterial, reduzindo a pressão e eliminando excesso de líquidos (+268%);
- Cloridrato de Clomipramina: antidepressivo para transtornos depressivos e obsessivo-compulsivos (+251%);
- Cloranfenicol + Fibrinolisina + Desoxirribonuclease: indicado para infecções cutâneas, auxiliando na cicatrização (+249%);
- Letrozol: usado no tratamento de câncer de mama em mulheres pós-menopausa (+248%).
Baixa concorrência pode justificar alta nos preços
Segundo a CliqueFarma | Afya, há condições específicas de cada fabricante que podem influenciar na variação do preço de medicamentos e que precisam ser considerados na avaliação.
“Rivaroxabana é um anticoagulante utilizado em condições graves, como trombose e prevenção de AVC em pacientes com fibrilação atrial. No caso dele, o aumento pode estar relacionado à baixa concorrência no mercado e ao aumento na demanda por anticoagulantes”, exemplifica.
O citrato de tamoxifeno, que ficou 271% mais caro em 2024, é usado no combate ao câncer de mama, doença que tem um custo mais elevado para tratamento. “Tratamentos oncológicos tendem a ter custos mais elevados devido à complexidade de produção, e esse custo pode variar de acordo com fatores associados à fabricação em si”, aponta a CliqueFarma | Afya.