Nos EUA, estudo mostra que o valor a ser poupado pelos cofres públicos chegaria a 52 bilhões de dólares em dez anos. Psicóloga fala sobre preocupação com a saúde mental dos jovens
Inúmeras vezes escrevi que a longevidade é uma construção que deve acompanhar o curso da vida – desde um pré-natal de qualidade para o bebê. Portanto, não surpreende um novo estudo mostrando que investir na saúde mental dos adolescentes produz benefícios econômicos para o país. A diferença entre esse trabalho e outros semelhantes, publicados anteriormente, é que ele indica como suas conclusões podem ser incorporadas ao orçamento do governo.
Adolescentes em praça jogando: investir na saúde mental dos jovens traz retorno para a economia do país
Natureaddict para Pixabay
Os pesquisadores Nathaniel Counts, Noemi Kreif, Timothy Creedon e David Bloom analisaram dados de 3.343 participantes de um estudo longitudinal sobre a juventude iniciado em 1997 – a vantagem de um levantamento desse porte é que ele é regularmente alimentado com informações através de entrevistas.
Comparando as informações de 2000, quando os participantes tinham entre 15 e 17 anos, com as de 2010, os pesquisadores examinaram a relação entre a saúde mental dos jovens e seu impacto na vida adulta. Descobriram que problemas psicológicos relevantes na adolescência estavam associados a uma participação menor na força de trabalho dez anos depois, assim como a uma redução de US$ 5.658 (cerca de R$ 34 mil) no rendimento anual das pessoas.
Essa relação poderia ser aplicada ao orçamento do governo como um parâmetro para os modelos econômicos existentes, de forma a estimar o benefício de políticas voltadas para a saúde mental dos adolescentes. Para demonstrar como isso pode ser feito, os pesquisadores criaram um modelo para medir o impacto de uma hipotética política de expansão nos serviços de prevenção e cuidados, capaz de atingir 10% dos jovens que, sem ajuda, acabariam desenvolvendo um quadro de transtornos mentais.
Apenas no que se refere à produtividade da mão de obra, a iniciativa representaria uma economia de US$ 52 bilhões, o equivalente a R$ 312 bi, em uma década.
“Com o aprofundamento da crise de saúde mental dos adolescentes, o aumento de investimentos nessa área nunca foi tão urgente. São bilhões de dólares de economia, sem contar o compromisso que o Estado tem com a qualidade de vida de seus cidadãos”, afirmou Counts. O estudo foi publicado na revista científica PLOS Medicina no meio de janeiro.