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Israel acusa Hamas de descumprir pontos do frágil projeto de trégua em Gaza

Palestinos celebram anúncio de trégua em Balah, centro da Faixa de Gaza, em 15 de janeiro de 2025Eyad BABA

Eyad BABA

Israel acusou o Hamas, nesta quinta-feira(16), de descumprir alguns pontos do frágil acordo de trégua e libertação de reféns na guerra de Gaza, e realizou novos bombardeios, aguardando sinal verde do Executivo para o projeto anunciado.

A trégua, anunciada pelos mediadores Catar e Estados Unidos na quarta-feira, entraria em vigor no domingo e envolveria a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, o que, uma vez concluída, encerraria a guerra de mais de 15 meses que deixou milhares de mortos em Gaza.

Mas o Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o Hamas “descumpriu partes do acordo em uma tentativa de obter concessões de última hora”, em um comunicado.

Também advertiu que não se reunirá para aprovar o pacto “até que os mediadores tenham notificado Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo”, acrescentou o texto.

O principal líder do Hamas, Sami Abu Zuhri, negou as acusações, dizendo que “não têm fundamentos”.

A Defesa Civil em Gaza disse que Israel bombardeou várias áreas do território palestino desde o anúncio do acordo, matando pelo menos 73 pessoas e ferindo centenas.

Após mais de um ano de impasse, as negociações indiretas entre Israel e o Hamas aceleraram nos últimos dias antes que o presidente americano, Joe Biden, seja sucedido pelo republicano Donald Trump na segunda-feira.

Vários países e organizações acolheram o pacto, que foi comemorado na Faixa de Gaza devastada pela guerra que eclodiu em 7 de outubro de 2023, após um sangrento ataque do Hamas a Israel que deixou 1.210 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Comandos islamistas também levaram 251 pessoas para Gaza, algumas já mortas. O Exército israelense estima que 94 ainda estão detidas, embora 34 estejam mortas.

Os “detalhes finais” do acordo ainda estão sendo elaborados, disse o Executivo de Netanyahu, que deve se reunir nesta quinta-feira para revisar e aprovar o projeto de lei.

– Sentimentos mistos –

Houve celebração em Israel e Gaza, mas também angústia. O morador da Cidade de Gaza, Fadl Naeem, disse à AFP que se sentia “muito feliz, mas, ao mesmo tempo, [sentia] uma profunda tristeza”. “Perdemos netos, pais, irmãos, primos, vizinhos e nossas casas”, disse.

Em Tel Aviv, o aposentado Simon Patya disse que sentiu “grande alegria” por alguns reféns terem retornado vivos, mas também “grande tristeza por aqueles que retornaram em sacos, e isso será um golpe muito forte, moralmente”.

Dois líderes de partidos de extrema direita do governo de Netanyahu se opuseram publicamente ao acordo, incluindo o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, que o chamou de “perigoso”, e o da Segurança Nacional Itamar Ben Gvir, que o chamou de “desastroso”.

Os principais pontos do acordo foram revelados pelo primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al Thani, e Joe Biden, cujos países, junto com o Egito, mediaram as negociações.

O acordo prevê uma primeira fase de seis semanas, começando no domingo, na qual um cessar-fogo será implementado, 33 reféns serão libertados e as tropas israelenses se retirarão de áreas densamente povoadas.

– Futuro político incerto –

A segunda fase, ainda em negociação, envolve a libertação dos demais reféns e a retirada das tropas israelenses, disse Biden.

A terceira e última fase se concentrará na reconstrução do devastado território palestino e na devolução dos corpos dos reféns mortos.

O primeiro-ministro do Catar explicou que um mecanismo de monitoramento administrado por Egito, Catar e Estados Unidos será criado no Cairo para garantir o cumprimento do acordo.

Biden garantiu que o pacto implicará um cessar-fogo “completo e total” na primeira fase e o “fim definitivo da guerra” na segunda. Também antecipou um aumento da ajuda humanitária para a população de Gaza.

A UE anunciou nesta quinta-feira um pacote excepcional de 123 milhões de dólares (742 milhões de reais) para enfrentar a crise humanitária no território palestino.

Atingida pela pobreza, pelo desemprego e pelo bloqueio israelense imposto desde 2007, a maioria dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foi deslocada e vive em condições adversas.

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