Bióloga desmistifica a ideia equivocada de que essas plantas são grandes focos da doença; substâncias naturais da planta entre outros fatores vão contra o desenvolvimento das larvas do mosquito. Entenda: Bromélias podem ser atrativos para mosquito da dengue?
Tainá Jardim Antunes
O Brasil já tem mais de um milhão de casos de dengue em 2023. O número de pessoas infectadas com a doença é 22% maior do que no mesmo período do ano passado, o mais letal, com 1.016 mortes por dengue.
Com tantos casos acontecendo, mesmo depois da principal temporada de chuvas no país já ter passado, vale pensarmos por que esses números cresceram tanto.
Entre os locais favoritos do mosquito transmissor da dengue, o conhecido Aedes aegypti, estão as caixas d’águas destampadas, piscinas desativadas ou não cuidadas e recipientes que acumulam água como pneus e garrafas.
Mosquito ‘Aedes aegypti’, vetor do vírus da dengue
Pexels
As bromélias, que muitos pensam ser ambientes favoráveis à reprodução do Aedes Aegypti, nem de longe são as principais culpadas pela proliferação da doença, muito pelo contrário.
“As bromélias-tanque, como são chamadas as bromélias em que as folhas dispostas em roseta formam um tubo central, não são ambientes favoráveis para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti. Alguns estudos confirmaram a ocorrência de mosquitos do gênero Aedes em tanques de bromélias, porém em pequenas quantidades ou com alta taxa de mortalidade durante o estágio larvar”, afirma a bióloga Alana Carmo de Oliveira.
Bromélia 02
Aguinaldo Matos
Segundo a pesquisadora, o próprio suco biológico, que fica no tanque formado pelas folhas, não favorece a reprodução do inseto.
“Pois o pH dessa água é ácido, além de todas as complexas relações tróficas que ocorrem nesse ambiente. As bromélias-tanque são um “micromundo”, e uma alta diversidade de organismos vive em seus fitotelmatas, fortalecendo relações de predação, que podem afetar a sobrevivências dos mosquitos Aedes aegypti”, explica a membro do Laboratório de Ecologia Animal e Genômica Ambiental (LEGAM), que desenvolve pesquisas relacionadas às bromélias-tanque.
Inclusive, alguns desses estudos mostraram que as larvas do Aedes aegypti não são as mais encontradas nas bromélias. Esses ambientes são dinâmicos e ocupados por muitos outros insetos e as complexas relações tróficas atuam no controle populacional dos diversos animais que vivem ali, incluindo o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika.
Bromélias no jardim
“Não é preciso retirar as lindas bromélias do seu jardim! A melhor forma de manter essas plantas é não interferindo na sua dinâmica natural, já que algumas pesquisas apontam que quando se adiciona água ao tanque (regando), o sucesso na fase larvar aumenta, então um cuidado necessário é o de evitar adicionar água a eles. Regue apenas a base da planta. Além disso, também é importante cuidar de todo o ambiente que está em volta, evitando a ocorrência de focos”, sugere a mestranda.
Bromélias
Tainá Jardim Antunes
Prevenção, sempre
Devemos nos preocupar com a água parada em vasos, pneus, piscinas, ou qualquer outro objeto, mesmo que pequenos, que possa acumulá-la. “É importante estar sempre atento para evitar a criação de novos focos. Além disso, também temos o dever de alertar os vizinhos, amigos e os órgãos
responsáveis por alguns espaços que possam estar atuando como um ambiente propício ao desenvolvimento dos mosquitos Aedes aegypti. Esse é um problema coletivo, que possui consequências coletivas, portanto temos o dever de combatê-lo juntos”, finaliza Alana.
É preciso reforçar cuidados
Tainá Jardim Antunes
Afinal, bromélias são ambientes favoráveis à dengue?
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