O papa Francisco alertou, nesta quinta-feira (9), sobre os perigos da desinformação disseminada nas redes sociais e os riscos representados pela inteligência artificial (IA) quando usada para “manipular consciências”.
O pontífice fez essas declarações durante seu tradicional discurso de Ano Novo aos diplomatas no Vaticano, depois que a Meta, empresa matriz do Facebook e do Instagram, anunciou o fim de suas operações de verificação de fatos nessas redes sociais nos Estados Unidos.
“Estamos perante sociedades cada vez mais polarizadas”, observou o sumo pontífice, algo que é “agravado pela contínua criação e difusão de notícias falsas, que não só distorcem a realidade dos fatos, mas acabam também distorcendo as consciências, dando origem a falsas percepções da realidade”.
Embora “os seres humanos sejam dotados de uma sede inata de verdade, […] no nosso tempo a negação das verdades óbvias parece tomar a dianteira”, acrescentou o papa argentino, que, resfriado, pediu que lessem seu discurso.
“Alguns desconfiam de argumentos racionais, que consideram instrumentos nas mãos de algum poder oculto, enquanto outros acreditam possuir inequivocamente a verdade que construíram para si mesmos”, disse Francisco, alvo frequente de rumores infundados e imagens produzidas por IA.
Essas tendências “podem ser amplificadas pela mídia moderna e pela inteligência artificial, que são usadas como meio de manipular a consciência para fins econômicos, políticos e ideológicos”, alertou.
Para resolver isso, o papa afirmou que é essencial educar e sensibilizar os jovens para o pensamento crítico.
Francisco pediu que se “ofereça [aos jovens] ferramentas essenciais para promover habilidades de pensamento crítico” para fornecer-lhes “os meios necessários para o crescimento pessoal e a participação ativa no futuro de suas sociedades”.
Ele concluiu seu discurso pedindo uma “diplomacia de esperança”, que é “uma diplomacia da verdade”.
Novidades da Meta
O grupo Meta de Mark Zuckerberg anunciou na terça-feira que estava encerrando seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos e o substituiria por um sistema de notas de contexto semelhante ao usado pelo X.
Os republicanos americanos e Elon Musk, dono da rede social X, têm chamado repetidamente os programas de verificação de fatos de “censura”.
A AFP trabalha em 26 idiomas com o programa de verificação de fatos do Facebook, que paga pelo uso de verificações de cerca de 80 organizações ao redor do mundo naquela plataforma, WhatsApp e Instagram.