O relógio histórico de Dom João VI, vandalizado há dois anos durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, retornou ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (7) após ser restaurado.
O objeto passou por um processo de restauro em parceria com o governo da Suíça. A peça rara foi transportada para o palácio, e será oficialmente reintegrada ao acervo da Presidência nesta quarta-feira (8) durante os atos que marcam os dois anos da invasão das sedes dos Três Poderes.
Peça do século XVII
O relógio de Balthazar Martinot, uma peça de pêndulo datada do século XVII, foi destruído por Antônio Cláudio Alves Ferreira, um dos manifestantes golpistas que invadiram o Planalto durante o ato. Ele foi condenado a 17 anos de prisão.
A peça foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI e veio com a família real portuguesa para o Brasil. Martinot era o relojoeiro do rei francês Luís XIV. Segundo o governo brasileiro, restaram apenas dois relógios do artista, um deles exposto no Palácio de Versailles, na França.
Feito de casco de tartaruga e com um bronze que não é fabricado há dezenas de anos, a peça foi enviada à Suíça para ser recuperada e será reintegrada ao acervo do governo brasileiro junto com outras danificadas por vândalos, a exemplo do quadro “As Mulatas”, do pintor Di Cavalcanti.
Retorno das peças de arte
As obras de arte restauradas começaram a ser levadas de volta ao Planalto na segunda-feira (6). Entre elas estão o quadro “As Mulatas”, a escultura em bronze “O Flautista”, de Bruno Giorgi, e a escultura de madeira “Galhos e Sombras”, de Frans Krajcberg.
O restauro dessas e outras peças foi realizado em um laboratório que o governo montou no Palácio da Alvorada em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que assumiu os custos do trabalho realizado por uma equipe de dez restauradores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
O retorno das obras marca os atos em alusão aos dois anos dos ataques de 8 de janeiro de 2023. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou representantes dos demais poderes para uma solenidade no Planalto, seguida de um abraço simbólico à Praça dos Três Poderes.