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Drusos, uma minoria fascinante em Israel

Cidade drusa de Majdal Shams Majdal Shams

O Brasil deve ter ouvido falar bastante a respeito dos drusos que vivem em Israel no mês de julho de 2024, quando um míssil do Hezbollah errou o alvo e, em lugar de atingir alguma comunidade judaica, caiu em um campo de futebol em que crianças disputavam um torneio, na cidade drusa de Majdal Shams. O ataque resultou em 12 crianças mortas e mais de 40 feridas

“Nada é mais terrível do que crianças atingidas pela guerra. Ficamos completamente arrasados e chocados. O evento provocou um enorme trauma e ansiedade na população, e precisamos de muita ajuda do governo para superá-los”, afirmou o prefeito de Majdal Shams, Dolan Abu Saleh. Ali, seus 12 mil habitantes são drusos de ascendência síria e o município está localizado em uma linda (e instável) área na tríplice fronteira entre Israel, Líbano e Síria. 

Os habitantes drusos, ao contrário dos judeus do norte de Israel, decidiram não deixar suas casas após o início da guerra em outubro de 2023. “Os drusos dificilmente deixam os locais em que vivem por qualquer razão que seja”, explica Abu Saleh – uma convicção que, no caso, se tornou perigosa, ainda mais porque em Majdal Shams, por exemplo, apenas 60% das casas contam com quartos protegidos contra ataques aéreos.

Um povo único no sentido étnico e religioso

Assim como outras minorias que habitam o Oriente Médio, a exemplo dos curdos, os drusos estão espalhados por diferentes países. Isso se explica pelo fato de, depois da Primeira Guerra Mundial, o vastíssimo território antes dominado pelo Império Otomano – derrotado no conflito – foi dividido pelos vencedores europeus. Com lápis e régua, foram criados o Iraque, o Líbano, a Síria e a região então denominada Palestina, a qual permaneceu sob controle britânico até que fosse realizada sua partilha entre judeus e árabes, em 1947.

Atualmente há cerca de um milhão de drusos pelo mundo, a maioria concentrada no Oriente Médio. A maior parte deles vive na Síria (cerca de 700 mil), no Líbano (aproximadamente 300 mil), outros 25 mil habitam na Jordânia e 150 mil em Israel. Após vencer a Guerra dos Seis Dias, em 1967 – na qual Egito, Síria e Jordânia se uniram para tentar mais uma vez apagar Israel do mapa –, o Estado judeu decidiu manter o controle, e mais tarde anexar, a área fronteiriça com a Síria, de forma a garantir a segurança de suas comunidades nessa fronteira. Embora ainda hoje exista reivindicação síria sobre o território, Israel não considera retirar-se de lá.

Os drusos são únicos no sentido étnico e religioso, especialmente porque têm uma tradição própria que data do século 11 e incorpora elementos do Islamismo, Hinduísmo, filosofia grega e também outras vertentes. Além disso, é um povo pacífico, de alto nível educacional e, de forma geral, não aspira à criação de uma nação própria – ao contrário, adaptam-se lealmente aos países em que habitam.

Preocupação unânime

Ao anexar oficialmente o território fronteiriço em 1981, Israel ofereceu a todos a cidadania israelense: alguns a aceitaram de imediato, outros o fizeram com o passar dos anos e uma parte ainda hoje mantém sua identidade síria. No entanto, a preocupação com a mudança de regime na Síria – no mês de dezembro, forças rebeldes derrubaram o ditador sírio Bashar al-Assad e espera-se que sejam convocadas eleições democráticas nos próximos meses – une a todos os drusos.

“Tudo o que acontece na Síria nos impacta aqui, pois a maioria de nós têm familiares do outro lado da fronteira. Lá, eles estão bastante inseguros, pois sabem que terão muitos desafios pela frente”, afirma o prefeito de Majdal Shams. Quanto à sua expectativa em relação ao futuro próximo, ele diz acreditar que o país irá se dividir em federações e torce para que seja estabelecido um governo que se disponha a ser democrático. “Se isso acontecer, toda essa nossa região viverá um desenvolvimento econômico fenomenal”.

Torcemos por isso.

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