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Delator do PCC comentou que teria visto homem ‘parecido’ com um dos que o ameaçavam durante viagem a Maceió, afirma namorada


Maria Helena prestou depoimento na madrugada do sábado (9). Segundo ela, Antônio Vinicius Gritzbach teria falado sobre o homem na quarta (6), enquanto os dois jantavam. O casal, que se conheceu pelo Instagram, namorou cerca de um ano e meio. Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
Maria Helena Antunes, namorada de Antônio Vinicius Gritzbach – que foi executado no Aeroporto Internacional de São Paulo – em Guarulhos, na sexta-feira (8), disse em depoimento que quando o casal estava em São Miguel dos Milagres, em Alagoas, Gritzbach teria dito que viu um homem parecido com um indivíduo que o ameaçava.
Gritzbach era delator da facção criminosa PCC. Ele foi morto após desembarcar no Terminal 2.
Polícia suspeita que PCC monitorou voo de delator executado em SP e vai analisar lista de passageiros
Maria Helena, de 29 anos, prestou depoimento nesta terça-feira (12) e afirmou que o casal jantava na noite de quarta-feira (6), quando Gritzbach comentou sobre o homem, mas não deu certeza sobre o comentário, já que a pessoa no qual ele se referia não fumava, diferente da figura vista em São Miguel.
Ainda no depoimento, ela disse que os dois se conheceram pelo Instagram e em pouco tempo começaram a namorar. O relacionamento durou um ano e meio, até o dia em que Gritzbach foi executado.
Durante o relacionamento, ela afirmou que Gritzbach recebia ameaças de morte por “mensagem eletrônica”.
Investigação
Delator do PCC pode ter sido monitorado em voo que veio de Maceió
A investigação que apura os motivos da execução vai incluir uma análise minuciosa da lista de passageiros do voo que o trouxe de Maceió para São Paulo.
Em troca de informações entre Polícia Federal (PF), Polícia Civil e promotores criminais, foi levantada a possibilidade de investigar a existência de um “olheiro” do PCC no voo, segundo investigadores. Há uma suspeita consistente, com base em informações de inteligência, de que a facção criminosa vinha monitorando os passos de Gritzbach na capital alagoana e no trajeto de volta.
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Os investigadores não descartam a possibilidade de um integrante do PCC estar no avião no retorno do delator, executando a função de apoio e observando sua movimentação. Assim, ele conseguiria certificar que Gritzbach chegou em Guarulhos e conseguiria saber, especialmente, o momento exato em que ele saiu do Terminal 2, onde foi executado com 10 tiros.
A polícia acredita que a emboscada foi planejada e executada em detalhes para dar certo.
Por isso, os investigadores planejam verificar cada um dos passageiros que embarcaram no voo de Maceió para o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
A força-tarefa também pediu apoio para a polícia alagoana. Uma equipe do setor de inteligência está cooperando com as investigações e refazendo os trajetos, locais visitados e pessoas que Gritzbach encontrou no estado. Imagens de câmeras de segurança, de trânsito, da orla, de hotéis também serão analisadas. A lista de solicitações na cooperação é extensa.
Gritzbach delatou PCC e policiais
Vinicius Lopes Gritzbach foi executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no dia 8 de novembro de 2024
Polícia Civil/Divulgação
Gritzbach, de 38 anos, foi executado à luz do dia (por volta das 16h) na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos, por dois homens mascarados que desceram de um carro preto. Até a publicação desta reportagem, ninguém foi preso.
Na bagagem, ele levava mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor. Segundo fontes da polícia, ele tinha ido à capital alagoana cobrar uma dívida.
Nenhum dos quatro policiais militares contratados como seguranças particulares estava com ele no momento do assassinato. Segundo depoimento deles à polícia, um dos carros que iriam buscá-lo no aeroporto teve um problema na ignição e o outro teve de fazer meia volta para deixar um dos ocupantes em um posto de combustível.
Investigadores desconfiam dessa versão (leia mais). Uma das linhas de investigação é que os seguranças teriam falhado de forma proposital.
Gritzbach era investigado por envolvimento com o PCC e, em março, havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo com a promessa de entregar esquemas do crime organizado e de policiais.
Nos depoimentos, o delator acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato de um integrante da facção (Anselmo Santa, o Cara Preta).
Além disso, Gritzbach forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Nesta terça-feira (12), a força-tarefa criada pelo governo de São Paulo afastou oito policiais militares investigados por suspeita de envolvimento na execução do delator. Antes do crime, os PMs eram investigados pela Corregedoria da corporação por denúncias de que faziam a segurança particular de Gritzbach. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso.
Em entrevista à GloboNews, o promotor do Gaeco, Lincoln Gakiya, que participou das negociações da delação premiada confirmou que o delator se recusou a entrar no programa de proteção oferecido pelo MP.
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