A linha 922 só voltou a circular após a pandemia, em 2022, mas passageiros reclamam da demora e sumiço do transporte coletivo. A Prefeitura listou as empresas dos ônibus que circulam menos do que o exigido. Consórcios são multados após linhas de ônibus circularem abaixo da quilometragem mínima
Desde 17 janeiro deste ano, as linhas de ônibus do Rio têm que cumprir uma quilometragem mínima de 80% do planejado para receberem o subsídio pago pela Prefeitura do Rio. Entretanto, a maioria delas tem sido multada por descumprir as regras. Entre as linhas que não respeitam a regra está a 922 (Terminal Aroldo Melodia-Tubiacanga), que é considerada uma lenda entre os passageiros.
Os usuários da linha reclamam do sumiço e demora do transporte coletivo, e dizem que os funcionários da empresa responsável não sabem informar o que tem acontecido.
“O 922 é uma lenda. Tem época que tem, tem época que não tem. E quando você vai perguntar para os motoristas, ninguém sabe te informar. Você liga pra garagem e ninguém sabe te informar”, diz a passageira Priscilla Kelly Lima de Castro.
“A gente fica meia hora no ponto, dia de semana, feriado, sábado, domingo, final de semana… O ônibus não aparece. Fica gente idosa esperando”, conta Thania de Oliveira, outra passageira.
No período de 17 de janeiro a 15 de março, a linha 922 só cumpriu 37% da quilometragem, segundo levantamento da prefeitura. Desde o dia 17 de janeiro deste ano, as linhas devem cumprir 80% de quilometragem mínima do planejado para estarem aptos a receber o subsídio pago pelo município. Porém, a maioria tem sido multada por descumprir as regras.
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Na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, passageiros esperam que as regras façam efeito, mas alegam que nenhuma mudança foi sentida até agora.
“Todo dia, todo plantão, eu passo por esse sufoco. Ele demora de meia hora no meio de semana. Fim de semana a gente fica uma hora esperando esse ônibus”, conta Sueli Andrade, outra passageira.
“O que a gente vê na realidade são horários não pontuais, onde as pessoas ficam muito tempo no ponto de ônibus, e acabam chegando atrasadas no serviço, isso a maioria das vezes. A gente espera realmente que a prefeitura faça alguma coisa”, diz mais uma passageira.
Segundo a prefeitura, as empresas que não cumprirem a meta não receberão o subsídio. Aquelas que circulam abaixo de 60% da quilometragem serão multadas, e a penalidade aumenta para as empresas que não cumprem pelo menos 40% da quilometragem exigida.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMT), mais de R$ 3,7 milhões já foram descontados no valor do subsídio repassado aos consórcios.
A linha 922 é operada pela empresa Transportes Paranapuã, do consórcio de ônibus Internorte. Ela é uma das linhas que, segundo usuários, desapareceram no auge da pandemia da Covid-19, e voltaram com a circulação só em 2022.
Outras linhas
A Prefeitura do Rio informa que mediu com dados do GPS dos ônibus quais as linhas e empresas que estão circulando menos que o determinado pela SMT. Ela constatou que ais da metade das linhas que retornaram em 2022 estão na lista.
A linha 669, que liga a Pavuna ao Méier, também entra na lista das empresas descumpridoras da quilometragem exigida: os ônibus do 669 não atingiu nem 1 km.
A 883 (Mangaratiba-Campo Grande) circulou apenas 10%.
Já as linhas 915 (Bonsucesso-Galeão) e 808 (Salim-Campo Grande), somente 30%.
A Rio Ônibus informa que desde a assinatura do acordo com a prefeitura e o Ministério Público, as empresas atuam em força-tarefa para atender determinações, apresentando média superior a 90% na frequência das linhas, e que o desequilíbrio da mobilidade urbana da cidade ainda impede que algumas linhas tenham a circulação ideal.
De acordo com a Rio Ônibus, nem mesmo esse recurso permite maior capacidade financeira operacional às linhas citadas, e que as soluções estão em discussão com a SMT.
Linha 922 de ônibus vira ‘lenda urbana’ entre passageiros; Rio diz que aplica multa às empresas que descumprem quilometragem exigida
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