Edifício Leme foi invadido e teve apartamentos alugados para outros moradores. Desabamento na noite da quinta (27) deixou dois mortos, além de feridos e desaparecidos. Imagem de arquivo mostra o Edifício Leme, na Rua Acapulco, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda
Reprodução/Google Maps
O Edifício Leme, que desabou parcialmente na noite da quinta (27), estava interditado desde 2000, segundo a prefeitura de Olinda. O g1 teve acesso ao trecho de um laudo apontando “sérios problemas que comprometem a segurança do edifício”, como acúmulo de água dentro do imóvel.
Apesar dos riscos, o prédio foi invadido e teve apartamentos alugados para outros moradores, segundo testemunhas. No desabamento, ao menos duas pessoas morreram, cinco foram resgatadas com vida e outras quatro são procuradas pelos bombeiros nos escombros (veja mais abaixo).
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O laudo foi feito pela Defesa Civil, pelo governo de Pernambuco e pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que vistoriaram o Edifício Leme. O documento também aponta que:
🏢 o prédio, que tinha 16 apartamentos em quatro pavimentos, era do tipo caixão, sem aterramento;
🏢 havia bastante água dentro do edifício, porque o embasamento dele era feito de tijolo cerâmico e blocos de cimento;
🏢 também foram constatadas duas fissuras na época da vistoria.
A prefeitura de Olinda disse que, depois dessa vistoria realizada em 2000, foi exigida a demolição do imóvel junto à seguradora do imóvel, que não teve o nome divulgado. Além disso, afirmou que essa seguradora também é responsável pela vigilância do prédio, “que deveria proibir a ocupação”.
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De acordo com o coronel do Corpo de Bombeiros Waldyr Oliveira, atual secretário de Defesa Civil de Olinda, a prefeitura não sabia que o Edifício Leme havia sido reocupado.
“Existe um processo jurídico para retirar os moradores, mesmo irregulares. A gente tem uma celeridade, através da Procuradoria, para que essas pessoas sejam retiradas imediatamente. Só que nessa edificação, em particular, existia uma empresa de segurança tomando conta. Então, a gente não tinha esse conhecimento. Mesmo assim, vamos levantar o porquê disso”, disse.
Em 2020, a Defesa Civil de Olinda divulgou que havia 98 prédios do tipo caixão com risco de desabamento na cidade. O secretário afirmou, ainda, que o problema para a desocupação é a “morosidade” da Justiça (veja vídeo abaixo).
Prédio que desabou em Olinda estava interditado, diz prefeitura
“A gente interdita o local, faz um relatório técnico, que é encaminhado para a Justiça e é pedida a demolição. Isso envolve, também, a seguradora e a construtora em si. Então, existe essa morosidade, essa demora nesse processo de indenização até a demolição. Então, há invasões. E não é só esse exemplo, existem outras edificações”, declarou.
A prefeitura também falou que existem casos em que a Justiça já determinou a demolição do imóvel, mas as seguradoras se recusam a dar cumprimento à ordem judicial. Nesses casos, multas diárias são cobradas.
Mortos e feridos
Quatro mulheres continuam sendo procuradas pelo Corpo de Bombeiros no local do desabamento. Além disso, duas pessoas, de nomes não divulgados, morreram soterradas e tiveram os corpos retirados dos escombros do Edifício Leme:
➡️ Adolescente de 13 anos;
➡️ Homem de 32 anos;
Outras cinco pessoas foram encontradas com vida:
⏩ Ebenezer, de 53 anos, resgatado vivo dez horas após ser soterrado, e levado para o Hospital da Restauração: sofreu trauma nas pernas e passou por cirurgia;
⏩ Homem de 45 anos, internado no HR: teve fratura na mão e passou por cirurgia;
⏩ Duas mulheres de 25 anos encaminhadas para a UPA da PE-15, em Olinda: chegaram à meia-noite e tiveram alta às 2h;
⏩ Mulher de 30 anos levada para o Hospital Miguel Arraes, em Paulista: tem quadro de saúde estável, sem gravidade.
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