Vítima de 21 anos voltava para casa com colega quando suspeitos apareceram; dois adolescentes foram apreendidos. Rayan Martins Sartori de Oliveira era trabalhador e companheiro, relembrou mãe. Rayan Martins Sartori de Oliveira
Foto Autorizada/Arquivo Pessoal
Brincalhão, trabalhador, amigo para todas as horas. Características que marcavam o jovem Rayan Martins Sartori de Oliveira, morto baleado durante um assalto em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, e que deixam saudade misturada à dor do luto para a mãe do jovem.
Segundo Maricleia, desde a partida de um dos quatro filhos, é difícil falar sem ser tomada pela emoção.
“É muito injusto. Uma dor sem fim. Já não tô aguentando de saudade”, desabafou.
Rayan foi morto na última sexta-feira (21), aos 21 anos, quando voltava para casa com um colega de trabalho. Ele reagiu após os dois serem abordados e acabou baleado. Dois adolescentes foram apreendidos e confirmaram participação no assalto.
A Polícia Militar orienta que moradores nunca reajam a tentativas de assalto por conta do risco, e sim acionem as autoridades.
Ainda de acordo com a mãe, o jovem estava economizando dinheiro para realizar o sonho de tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O próximo plano, para daqui três anos, era o de se casar com a namorada.
Outra paixão era a culinária. Açougueiro em um supermercado da cidade, Rayan gostava de se aventurar na cozinha de casa inventando misturas e caprichando em temperos.
Aos 14 anos, fez o primeiro bolo (veja na foto abaixo).
Rayan fez o primeiro bolo aos 14 anos e gostava de se aventurar na cozinha, segundo a mãe
Foto Autorizada/Arquivo Pessoal
E com ele, o tempo era sinônimo de alegria, companheirismo e brincadeiras.
Segundo Maricleia, quando Rayan entrou na adolescência, a relação passou por uma fase de discussões. Tudo normal para a idade. Mas no último ano, morando juntos, ela relatou que o filho vivia uma fase de maturidade.
“Nesse último ano principalmente ele estava bem maduro, bem responsável. A gente tinha uma relação assim, muito de amizade, sabe? A gente brincava muito, tirava sarro um do outro. Fazia umas viagens de coisa nada a ver”, relembrou.
Sempre ao lado
A mãe também contou do lado protetor de Rayan. O jovem deixou uma irmã de 15 anos e outra de seis, além de um irmão de oito.
Durante a gestação dos mais novos, ele foi um ponto de apoio para Maricleia.
“Quando eu estava grávida da minha menina de seis anos, ele me acompanhava nas consultas pra ficar cuidando do meu de oito. Como ele ainda era bebê e não podia entrar comigo no consultório, ele ia comigo e ficava cuidando. Na reta final da gestação do meu filho de 8 anos, quando eu ia no postinho, ele ia comigo. Eu falava que não precisava e ele dizia ‘não mãe, eu vou com você. Olha teu estado, vai que acontece alguma coisa com você na rua, tenho que estar junto’. Ele cuidava de mim como podia”, afirmou.
Rayan foi enterrado no sábado (22). De acordo com a mãe, clientes do mercado onde ele trabalhava foram até o local e choraram ao dizer quão atencioso o jovem era.
“Pode perguntar pra quem quiser, ele era um menino de um respeito, uma educação com as pessoas”.
O caso
Rayan foi atingida por um disparo na região da cabeça na Rua Bento Ribeiro.
Conforme as investigações, ele e o amigo estavam em um bar antes de serem roubadas. No mesmo local estavam os suspeitos.
Jovem morre baleado durante assalto em Ponta Grossa, diz PM
Viviane Mallmann/RPC
De acordo com o delegado do caso, os homens chegaram a levar um celular, cartão de crédito e dinheiro em espécie de uma das vítimas.
À RPC, vizinhos relataram terem ouvidos uma espécie de discussão seguida pelo barulho de dois disparos. O caso é investigado pela Polícia Civil, à princípio, como latrocínio.
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